terça-feira, maio 02, 2006

Meu eterno amigo



Hoje (1º de maio), às 2h30 da manhã meu cachorro Endor morreu aos 13 anos. Morreu em meu braço, ofegante. Se curvou para trás, parou de respirar, e se foi. Peludo como um urso, doce e meigo como um coelho, amigo como o mais legal e leal dos irmãos. Endor foi o meu "plêto" em contraste com o "amalelo' que é o Bacos, meu outro cachorro. Era assim que eu o chamava devido ao preto de seu pêlo. Foi um "gentleman" ou "gentledog" até o fim. Com problemas pulmonares, coloquei-o dentro de casa diante de tanto frio. Ele tomou muita água por 3 vezes sempre observado por mim e ficou angustiado por volta das 2h da manhã. Abri a porta. Ele tentou se levantar e não tinha mais forças. Tentei carregá-lo e ele não deixou. Ficou bem em frente à porta de casa. Tentei pôr focinheira pra carregá-lo e ele não deixou. Eu estava ansioso em ajudá-lo. Queria livrá-lo daquela angústia e triste respiração forçada. Imaginava que ele queria simplesmente ir até a grama fazer xixi. E ele ali me olhando angustiado. Eu podia ver isso nele, com aquela respiração ofegante, abrindo a boca para respirar. Queria acabar com aquela angústia dele e não sabia como. Parei em sua frente e pedi para que falasse comigo. Pedi. Pedi. Então, olhando nos olhos dele, agradeci todos os dias em que ele esteve conosco e nos protegeu e então pedi desculpas por estar ali impotente sem saber como ajudá-lo. Fui até a frente de casa, angustiado eu agora sem poder ajudá-lo.
Chamei o Bacos, que veio e lambeu muito a boca dele (ato que jamais o Endor deixaria). Endor esboçou um leve "ranger" de dente. Coloquei-o deitado e então comecei a puxá-lo pelas duas patas dianteiras, arrastando-o para fora aproveitando da maciez de seu pêlo. Endor saiu da porta, saiu de dentro de casa e começou a fazer xixi. Muito.
Incentivei. Achei que aquele era o problema dele. Ele se curvou para trás. Eu vi sua língua cair da boca. Puxei a cabeça dele pra frente e ele voltou a se arquear para trás e parou de respirar. Descansou. Choro até agora só de me lembrar. Mas ele foi rápido e em paz. Ele queria sair da sala de casa (onde sempre teve ordem de não entrar) para poder morrer e fazer o xixi dele. Ele foi e eu fiquei com minha ira de acreditar que não pode existir um deus que permita a morte de um amigo tão querido. Te vejo em breve meu plêto!