sexta-feira, abril 30, 2010

A curiosa retórica neocon tupiniquim

Retirado do Blog do Nassif - www.luisnassif.com.br

É curiosa a maneira como se desenvolveu a retórica neocon na Internet. Não se trata de nenhuma construção sofisticada, de sofismas engenhosos. É muito mais um conjunto de recursos presentes em brigas de valentões de bar ou bate-bocas de vizinhos, uma espécie de versão para adultos da fábula do lobo e da ovelha.

O ponto central é embaralhar a gravidade dos fatos, montar uma argumentação que transforme em fatos graves qualquer atitude banal do adversário e em fato banal qualquer atitude grave da sua parte. Quando houver reação à ofensa grave cometida, chame a vítima de "chorão", de dodói ou coisas do gênero.

O Eduardo Graeff é um bom estudo de caso porque passou a assimilar essa retórica não tendo historicamente praticado o cinismo na sua vida intelectual. Então entra no jogo como o almofadinha intelectual que resolve dançar rumba.

Dia desses fui ao cinema com as menininhas, no Shopping Metrô Santa Cruz. Bati boca com um sujeito que furou a fila. Suas respostas despertaram minha atenção para esse jogo de sofismas de barraco. O bate-boca foi muito instrutivo, porque o sujeito assimilou essa retórica de boteco provavelmente de alguns blogs de esgoto.

Acompanhe:

Estávamos na fila da pipoca quando o marmanjo passou à frente, intimidou a mocinha que servia e exigiu que fosse servido primeiro. Chamei sua atenção, de que estava furando a fila. O nível de seus argumentos me trouxe à lembrança imediatamente esse tipo de sofisma que campeia nesse mundo neocon. É  tema muito interessante para linguistas ou estudiosos dessas retóricas vulgares. Confira:

- Você está furando a fila.
- Vou furar mesmo. Minha compra é muito menor do que a sua.
- Não importa. Você está furando a fila.
- Não me venha com essas lições de moral politicamente corretas. Só porque você acha que está certo se dá o direito de me criticar por uma ninharia.
- Prezado, não inverta a lógica: você está errado em furar a fila.
- E você acha certo bater boca com estranhos na frente das suas filhas por uma coisa de nada?
- O que não é certo é furar a fila. Ensinei a elas que não se deve furar fila e quem fura fila se sujeita a levar chamadas de estranhos.
- Você não tem vergonha de discutir comigo na frente de suas filhas?
- Você não tem vergonha de furar a fila e levar pito de terceiros?
- Não me diga que você nunca furou filas?
- Não, senhor, e ensino minhas filhas que é feio furar filas.

É exasperante esse tipo de retórica.

Outra versão é do sujeito que, por exemplo, chuta uma velhinha. Você chama sua atenção, que absurdo chutar a velhinha. E ele se vira e diz: o que é que tem chutar velhinha, para de fazer drama.

Obviamente o exemplo acima é uma caricatura, mas serve para ilustrar essa loucura que se tornou padrão na Internet.

Por exemplo, passei a sofrer ataques difamatórios no Twitter. Identifiquei os mais agressivos e dei visibilidade aqui. Um deles me acusou de estar perseguindo-os. Outro disse que tremia de medo de sofrer um atentado. Um terceiro me acusou de chorão.

Esse tipo de lógica de botequim foi aplicada pelo Mainardi no auge do jornalismo de esgoto. Quando Paulo Henrique o processou, alegou que jornalista não processava jornalista e que o Paulo era fraco, por não aguentar pancada.

Quando montei minha série sobre a Veja, foi correndo esconder-se atrás dos advogados da Abril para me processar – com a Abril bancando as custas. Seria interessante nossos especialistas discorrerem e sistematizarem esse tipo de jogo retórico.

quarta-feira, abril 28, 2010

Revista Luz

O Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) da Unicamp está produzindo a revista eletrônica Luz, numa parceria com a CPFL Piratininga, que tem participação da minha amiga Patricia Mariuzzo.
Pelo pouco que vi, já gostei.
Como diz o secretário de Ensino Superior, professor Carlos Vogt, na apresentação da revista:  "Com a revista Luz, o que se pretende é consolidar essas reflexões, expandindo o debate e aprofundando o papel da CPFL de fomentadora do diálogo dos temas cruciais do século XXI. Como o próprio nome da revista sugere, a ideia é contribuir para iluminar pontos de enredamento e dispersão das questões culturais, filosóficas, científicas e sociológicas de nossa época, identificando tendências e particularidades deste momento histórico, por meio da abordagem de temas próprios do conhecimento e da dinâmica de suas transformações socioculturais". Fica aqui minha sugestão pela qualidade do material - http://lab10.moraga.com.br/

domingo, abril 25, 2010

A solução para a crise na imprensa pode estar nas escolas de jornalismo

Postado por Carlos Castilho no Observatório da Imprensa

Dito assim, parece uma heresia, porque os cursos de graduação de jornalismo sempre foram caudatários da indústria dos jornais. Normalmente estavam, e em grande parte ainda continuam, prestigiando mais a parte teórica da comunicação, deixando para os empreendedores do jornalismo a solução dos problemas práticos da atividade.

Mas a internet está mudando radicalmente esta situação, como mostram algumas experiências acadêmicas como na Escola de Comunicação Pública da Universidade de Syracuse, e na Universidade Columbia, em Nova Iorque. Ambas tomaram a polêmica iniciativa de mudar completamente o currículo de graduação em jornalismo, ao introduzir uma série de disciplinas técnicas, quase todas na área das ciências da computação.

Como era de esperar, a mudança provocou uma forte reação entre alguns professores e entre os defensores dos currículos convencionais nas faculdades de jornalismo. Mas em compensação, foi aplaudida pela maioria dos chamados gurus da web e pesquisadores da comunicação online, preocupados com a falta de inovações na área do jornalismo na web.

O crítico da mídia norte-americana Ken Auletta publicou no fim do ano passado um livro no qual compara o fenômeno Google com a crise no jornalismo para afirmar que exploração de novos caminhos na área de comunicação passa obrigatoriamente pela computação e pela teoria geral dos sistemas. Para ele, os engenheiros que criaram o site de buscas Google fizeram mais pelo jornalismo da Web do que todas as faculdades dos Estados Unidos.

Auletta levou muita bordoada na academia por conta de uma afirmação tão audaz e tão vulnerável a críticas de merchandising em favor da empresa Google, mas acabou parcialmente redimido depois do anúncio da Columbia de que em 2011 começam a ser oferecidos cursos interdisciplinares de graduação, combinando eletrônica e jornalismo.

A interdisciplinaridade, por meio da qual várias disciplinas acadêmicas participam de um mesmo projeto, parece ser a chave para esta reforma radical no ensino do jornalismo, um fenômeno que começa a se esboçar com um atraso de no mínimo 10 anos. O mundo da comunicação online cresceu vertiginosamente, mais com base no empirismo e na criatividade individual do que na pesquisa e experimentação em universidades.

Aqui no Brasil, a Universidade Federal de Santa Catarina tem um programa na área de produção, gestão e disseminação do conhecimento que já se situa dentro da nova tendência em direção à interdisciplinaridade. O programa está dentro da área da engenharia e, paradoxalmente, é visto como um concorrente pela escola de jornalismo da mesma universidade, embora vários jornalistas façam pós-graduação com engenheiros e administradores do conhecimento.

A crise no modelo de negócios das empresas jornalísticas acabou com os financiamentos para pesquisas na área da comunicação. Sem apoio corporativo, a responsabilidade recai agora sobre as universidades, mas elas estão semi-paralisadas pelo corporativismo do corpo docente.

Pela primeira vez na história da imprensa, o segmento empresarial olha agora para a academia como a sua última grande esperança de escapar do beco sem saída em que se meteu depois que a web deu ao público a possibilidade de participar ativamente da produção e publicação de notícias.

O debate entre tecnicistas e teóricos no ensino do jornalismo não vai ser ameno, mas oferece uma possibilidade de evitar uma polarização que é ruim para os dois lados. O fato concreto é que os novos softwares e gadgets eletrônicos geram mudanças de comportamentos e de valores que precisam se vistas no contexto da social, pois é nele que elas adquirem valor.

A empresa Google, por exemplo, surgiu como um software gratuito para buscas na internet, mas é hoje a primeira megaempresa de mídia eletrônica da era digital. Em vez de ser vista como parceira, ela foi tratada como inimiga e concorrente da imprensa mundial, que está pagando um preço altíssimo por esta atitude.

sábado, abril 24, 2010

Cenas inesquecíveis

Essa é uma das cenas mais dementes do Monty Python.

Exército de Brancaleone

Esta é a minha homenagem ao heróico, porém, estúpido Exército de Brancaleone. Aqui, ele se dirigindo à sua imensa armada.

sexta-feira, abril 23, 2010

Mega-Sena acumulada paga R$ 7 milhões

A Mega-Sena está acumulada há dois concursos e pode pagar R$ 7 milhões ao apostador que acertar as seis dezenas do concurso 1173. Os sorteios das Loterias Caixa acontecem na cidade de Jaciara (MT), onde está
estacionado o Caminhão da Sorte, neste sábado (24), a partir das 20h.
Se o valor fosse aplicado na poupança o rendimento mensal seria de R$ 36 mil. Investido no ramo imobiliário, seria possível a compra de 35 apartamentos de classe média, avaliados em R$ 200 mil cada. A bolada
ainda seria suficiente para a aquisição de uma frota de 333 automóveis populares ou 1.400 motocicletas de 250cc. E você, o que você faria com esse dinheiro?

quinta-feira, abril 22, 2010

"Viva Brasília" e nada de outro lado

Ontem, Brasília completou 50 anos. Por onde passei, vi só matérias rasgando seda por Brasília. Mas, jornalisticamente, não vi a matéria fazendo o contraponto. Se por um lado, fez 50 anos que uma cidade foi planejada e se desenvolveu, por outro, ontem fez 50 anos que uma outra cidade foi deixada sem planejamento e resultou no que vemos hoje. Essa cidade é o Rio de Janeiro que dormiu Capital e acordou balneário.

Mais de 1 milhão de pessoas ficaram sem emprego e sem opção, pois o Estado não planejou essa transição. E o resultado disso é o que se vê hoje em dia no RJ no quesito criminalidade/formações de “Estados” paralelos.
O objetivo dessa matéria (que não foi feita) não é provocativa, mas só para mostrarmos às futuras gerações o que leva a falta de planejamento. Só para ter um paralelo, a reunificação das Alemanhas foi algo planejado e o prazo definido para acompanhamento e "gestão" dessa reunificação foi de 30 anos.

(Crédito da Foto: Marcelo Casal Jr/ABr)

quinta-feira, abril 15, 2010

Para fechar os olhos e ouvir

Muitos associam a música a desenhos como Pica Pau e Pernalonga. Esse clássico me traz lembranças boas, da infância. Boa parte dessas execuções eu pedia à minha mãe - com seus 17 anos de piano - que tocasse. Nem sempre ela tinha tempo ou disposição, mas, por vezes, atendia à solicitação.
De vez em quando, ainda que o mesmo piano esteja um pouco desafinado, ela ainda atende pedidos. E clássicos como este estão sempre no repertório. Um regalo crescer e dispor disso.

domingo, abril 11, 2010

O underground sorocabano

Sorocaba sempre teve um cenário underground forte, mais forte até que o cenário Real, que aparece mas não sai da mesmice. Na década de 90, as bandas punks existiam por todos os lados, estavam em vários bairros descentralizados. Jovens caminhavam com seus baixos e guitarras atravessando de um bairro a outro, com o objetivo de beber umas doses em grupo e, principalmente, colocar para fora o grito musical tão necessário a todo jovem que quer ver esse mundo melhor.

Assim aconteceu também com os grupos de metal. Relegados, esses Cidadãos (no sentido social e não pejorativo) não menos ilustres que qualquer outro cidadão de tribos ou não, sempre se viraram e caminharam no mundo underground tentando seu lugar ao sol.
Infelizmente, esse cenário tão rico sempre ficou perdido, solto. Nunca teve reconhecimento por conta da insensibilidade e miopia, talvez cegueira, daqueles que já estão cavalgando com o sistema. Como num disparo alucinado da cavalaria, o máximo que se permitem ver são fagulhas de uma imensa fogueira juvenil que arde aquecida cada vez mais por oxigênio novo e álcool. Pobres, não sabem o vigor que estão perdendo. Quando souberem, será tarde demais. Porque, enquanto isso, o underground continua lá, ativo, vivo e pulsante.

sábado, abril 10, 2010

Cidadãos se destacam na cobertura das chuvas no Rio

Retirado do boletim do Knight Center for Journalism in the Americas

Na cobertura das chuvas que pararam o Rio de Janeiro esta semana, causando a morte de mais de 190 pessoas, a participação dos cidadãos como jornalistas chamou a atenção. Além dos registros em blogs e no Twitter, eles enviaram uma enorme quantidade de fotos, textos e vídeos para os meios de comunicação tradicionais, possibilitando uma cobertura imediata e abrangente que nunca teria sido possível se os repórteres estivessem trabalhando sozinhos.


“No fim da manhã, enquanto muitos jornalistas ainda tentavam chegar às redações, ilhados como tantos cariocas, sites de notícias já veiculavam fotos, vídeos amadores e depoimentos de cidadãos registrando o caos instalado em toda a cidade”, aponta a jornalista Larissa Morais, professora do Departamento de Comunicação da Universidade Federal Fluminense, neste artigo publicado no Observatório da Imprensa.
Um dos aspectos mais positivos dessa cobertura, ela aponta, é que o noticiário chegou a locais tradicionalmente esquecidos pela grande mídia, como bairros e municípios do subúrbio.

Guardas Municipais filmam atuação da imprensa no Guarujá

Retirado do site Comunique-se
(www.comuniquese.com.br)

Repórteres da baixada santista, litoral de São Paulo, reclamam que a Guarda Civil Municipal (GCM) de Guarujá, há cerca de um mês, filma o trabalho da imprensa local em eventos e manifestações relacionados ao órgão municipal. De acordo com a prefeitura do município, a ação não tem o propósito de intimidar os jornalistas.
Segundo Manoel Antonio Vergara, que mantém o blog “Inconfidências do Guarujá”, as filmagens teriam começado depois que um repórter do jornal A Tribuna, de Santos, foi agredido por um guarda municipal enquanto cobria uma manifestação. “Eles alegam que foi isso, mas é um jeito de intimidar a imprensa”. Vergara também diz que a prefeitura tenta proibir a distribuição do Inconfidentes, versão impressa do blog, que estaria bloqueado para acesso na repartição municipal.
Apesar disso, para ele, o problema maior está no ato de filmar os trabalhos dos jornalistas. “Constranger a imprensa assim é um problema grave”, critica.
O repórter fotográfico do jornal A Tribuna, Edison Baraçal, que trabalha há 24 anos no veículo, concorda com Vergara. “Os jornalistas não trabalham mais tranquilos, a gente está trabalhando e eles filmando. Estamos conversando com presidente do sindicato para ver como resolver isso”, afirmou.

Prefeitura diz que filmagem é praxe
A Prefeitura de Guarujá, por meio de nota, negou que tenha orientado os guardas a filmar os jornalistas. De acordo com o órgão, a iniciativa é apenas uma forma de resguardar a Guarda Civil e garantir a fidedignidade do serviço prestado pela corporação.
“O município ressalta ainda que as imagens produzidas pela corporação nestes eventos servem como ferramenta de avaliação da conduta dos profissionais que trabalham cotidianamente para proteger os interesses de Guarujá e lembra que o trabalho dos GCMs não tem qualquer interesse de constranger ou tolher o direito a livre expressão e manifestação do pensamento”, diz a nota. A prefeitura também informou que não houve nenhuma restrição ou bloqueio ao blog “Inconfidentes do Guarujá”.
O diretor regional do Sindicato dos Jornalistas Profissionais em Santos, Carlos Alberto Ratton, se diz surpreso com a resposta da prefeitura e alega que a ação tem mesmo o propósito de intimar a imprensa. “É uma afronta o que eles fazem. Até onde eu sei, não existe isso em lugar nenhum do Brasil, só lá. É um constrangimento para os jornalistas”, contesta Ratton, que disse que desde a agressão ao repórter de A Tribuna, tenta conversar com a prefeitura, mas até agora sem sucesso.


Comentário - É assim que age a imprensa. Ela vive em seu mundinho particular, seu feudo, em seu Estado paralelo onde ela pode tudo e ninguém pode nada. A imprensa pode filmar, mas não pode ser filmada. Pode criticar, mas não deve ser criticada. (Veja um exemplo aqui ) Pode julgar e não pode ser julgada. Quando isso acontece, a mídia corre alegar estar sendo cerceada em SUA "liberdade da imprensa". Aqueles que eram destemidos repórteres viram frágeis quando são alvos dos mesmos métodos que usam para observar o outro. Risível, no mínimo.

Isso acontece pois a mídia não se deu conta ainda que não pode viver em um Estado paralelo, onde regras e leis só valem para os outros e não para eles. E que precisa viver em uma sociedade que tem regras que valem para todos, inclusive para ela, a mídia. Qual o medo de ser filmada? Quem age na legalidade não teme ser filmada, não tem o que esconder. Aliás, esse é o mesmo argumento que a própria mídia usa quando alguém tenta se desvencilhar de suas objetivas. 

Até tempos atrás, a mídia ficava no meio quando entidades precisavam dos meios de comunicação para se comunicar com seu público. E, por deter o poder da comunicação, sempre fizeram aquilo que achavam melhor. 

Com a internet, essas mesmas entidades encontraram seu próprio veículo de comunicação para se manifestar e protestar contra os abusos e absurdos publicados por determinados veículos. O Blog da Petrobrás é um exemplo. Diante de tantos absurdos, começou a publicar o que os jornalões perguntavam, em qual contexto e as diferenças daquilo que era publicado. Com isso, desmascararam as tramóias feitas pela imprensa. É só procurar como o Blog da Petrobrás foi alvo de reclamações dos coleguinhas logo que começou.

Agora, as entidades passam a filmar e documentar o trabalho da mídia. E a mídia - que faz o mesmo - acusa de constrangimento? Neste processo big brother da mídia, só restarão os que trabalharem de maneira correta e ética. Seja bem vinda a tecnologia.

O brasileiro Mystery Guitar Man

O cara é brasileiro. Músico, ele faz de tudo usando a edição de imagens. Encontrei-o na internet por acaso e por vezes acompanho seus novos trabalhos.Hoje vi que até camisetas personalizadas ele está vendendo no Brasil. Ele é a prova de que basta um tanto de imaginação e vontade para conseguir se destacar na internet e buscar o seu lugar ao sol. O Mystery man pelo jeito está conseguindo.

quarta-feira, abril 07, 2010

Pedofilia e abuso sexual

Por Mariana Nassif
(Retirado do Blog do Luis Nassif) - www.luisnassif.com.br

As grandes mídias têm comentado aos quatro ventos casos e mais casos de pedofilia envolvendo a Igreja Católica, especialmente. Padres, que por dever e determinação "nata" seriam pessoas especiais, espécie de ponte entre o céu e a terra, pairam, agora, no inferno.

As multidões julgam, condenam, criticam a construção de um celibato que impõe severas penas às sociedades que não seguirem os mandamentos divinos e que acabam, elas mesmas, por infringir a conduta primordial humana: o livre arbítrio. Sim, porque se trata de livre arbítrio quando duas pessoas querem trocar carícias, tornar-se íntimo um do outro, quem sabe até realizando fantasias impublicáveis. Mas é a escolha de duas pessoas. E não a sobreposição do desejo – doentio – de uma imposta sobre a fragilidade infantil de outra.

Uma das características mais terríveis da pedofilia, ou do abuso contra o menor é que, estatisticamente, de 8 entre 10 casos o abusador conhece a vítima. E quando a vítima é uma criança, é quase óbvio que seus pais e responsáveis também conheçam este agressor. Por que, então, o tema ainda é tabu nas famílias?

Crianças são abertas, curiosas, aprendem com facilidade o que é certo e errado, especialmente quando colocadas na temática de maneira afetuosa e eficaz. Múltiplas pesquisas constam que a culpa é um dos principais sentimentos que permeiam tanto pais quanto as crianças agredidas – os pais por não perceberem que algo estava mudando em sua cria, a criança por sentir prazer em algo que se tem como o maior dos segredos – se não pode contar pros pais, boa coisa não é. Viu só como aprendem rápido?

Os pais não deveriam sentir-se culpados – meninos e meninas de 5, 6, 7, X anos mudam na velocidade de um piscar de olhos, é assim mesmo. Tudo pode estar acontecendo. Se analisarmos patologicamente cada função e reação infantil e/ou adulta, seremos todos vítimas de doenças e rótulos. Outro tipo de agressão, mas não vem ao caso. À crianças resta a culpa de sentir prazer no que é errado – tocar seu corpo naturalmente gera sensações, e em época de descobertas mil, como pode aquela não fazer parte do mundo novo que surge quando crescemos? A saída, acredito, a única saída, é o diálogo.

Por que trancar no baú um segredo que tão somente acaba por proteger o agressor, ao invés de orientar com firmeza nossas crianças sobre o tema? Por que ser conivente com um comportamento que machuca tanto que provoca a ira somente ao pensar "…se fosse com uma de minhas crianças…"? Existem delicadas nuances que cabem somente a quem, infelizmente, passou e (sobre)viveu a este tipo de situação. Mas ainda há a vergonha de escancarar o escândalo, de detonar a dinamite da verdade familiar e… bem, como mãe de uma linda mocinha de 10 anos, irmã de duas com quase a mesma idade, não me cabe encontrar justificativa que seja para não ter uma conversa aberta e franca e explicar que sim, o abuso existe, é um perigo real, assustador e que sim, grite bem alto se qualquer coisa parecida com isso ou aquilo acontecer com você – seja em casa, com conhecidos ou desconhecidos, grite bem alto que é pra todo mundo ouvir – ou então este grito pode ficar entalado quase que pra todo o sempre em você e somente em você, sem que ninguém, nem mesmo eu, tivesse a oportunidade de proteger-te.

domingo, abril 04, 2010

100 melhores em 4 minutos

Os 100 maiores hits do YouTube em 4 minutos. Alguns clássicos e divertido vídeos estão aí.

O poder da argumentação

O Filme Obrigado por fumar é um daqueles que passa rápido. Interessante do ponto de vista do poder da argumentação. Conta a história o lobbista da indústria do cigarro. Ou seja: é o cara contra o mundo. Bem interessante. O começo - que está neste vídeo já dá uma mostra do que ele é capaz.

sexta-feira, abril 02, 2010

O colapso das escolas de jornalismo e a fantasia da objetividade

Texto publicado pelo Knight Center for Journalism

Para o ex-jornalista e blogueiro Chris Lynch, as escolas de jornalismo serão reduzidas drasticamente nos próximos anos. As que restarem serão radicalmente diferentes: abandonarão o foco na criação de conteúdos e deixarão de lado, finalmente, a "estúpida fantasia do jornalismo objetivo".

Esta é a lógica de Lynch: uma "elite de leitores" irá se consolidar, pequena em número, com dinheiro, e a única disposta a pagar por criadores profissionais de conteúdo. Com uma audiência tão pequena (e portanto com poucas vagas para jornalistas profissionais), faz algum sentido que as faculdade de jornalismo continuem existindo? Segundo Lynch, os melhores criadores de conteúdo não frequentarão escolas de jornalismo e virão de outras áreas especializadas (por acaso isso já não era assim?)

A situação resultará no colapso da falácia do "jornalismo objetivo", diz o blogueiro. Hoje, os estudantes de jornalismo ainda aprendem simplesmente a ligar para as pessoas, coletar informações e escrever um texto com a fórmula "ele/ela disse". Seja em texto, áudio ou vídeo, essa fórmula denota a falácia de que se um jornalista tem citações dos dois lados e as coloca em uma matéria, está sendo um bom profissional. E se é muito bom, pode até ser chamado à TV como um "especialista". Mas a realidade é que a maioria dos jornalistas não é especialista em nada: eles apenas trazem relatos de especialistas. Leia o texto completo em The Lynch Blog.

O texto de Lynch foi contestado pela acadêmica Jean Folkers, decana da universidade de Carolina do Norte. Para ela, o ensino do jornalismo está longe de ser perfeito, mas as mudanças estão ocorrendo rapidamente e as escolas de jornalismo são o futuro. Leia aqui a resposta.

quinta-feira, abril 01, 2010

A capa do livro 'Marcel'

Dia desses, logo que cheguei na sala de aula na Uniso, após o intervalo, dois de meus alunos estavam tocando violão na sala. Perguntei o que eles arranhavam ali e a resposta foi: "sertanejo". Diante da cara que eu devo ter feito, um deles me indagou: "ô professor, o que você gosta de ouvir?" Apesar de curtir de tudo um pouco, gosto muito de um som mais pesado. E assim respondi. O aluno me olhou de cima a baixo e soltou: "não parece". E eu ali, de sapato e camisa social enfiada por dentro da calça fiquei sem poder gostar das bandas que ouço desde adolescente.

Sabe aquela historinha da capa do livro e seu conteúdo? Pois é, foi assim que me senti. O mesmo aconteceu poucos dias depois, quando tive uma conversa parecida com outro professor e ele me disse algo parecido. Quem me conheceu mais recentemente, pouco sabe de minha história e meus gostos. Sei que não poderiam ter diferentes pensamentos. São pessoas que não me viram com minhas dezenas de pulseirinhas no braço, meus poucos mas desleixados cabelos quase-compridos, minha jaqueta preta e minha inseparável camiseta do Corrozion.


Mas o que me impressiona é como a imagem e a forma que nos apresentamos causa efeito no outro. Sinceramente, acho que eu não deveria mais ficar impressionado, pois esta questão da imagem e seu julgamento é muito clara para mim, mas ainda me impressiono. Mas o que me afeta mesmo é esse julgamento pela capa do livro. Até quando? É o medo do sempre, que desde sempre me acompanhou.

Como nós chegamos aqui

A louquinha comportada ou a comportada louquinha? Só sei que gostei muito da voz dela.