terça-feira, março 30, 2010

CPFL Cultura retoma programação do Café Filosófico em Sorocaba

A CPFL Cultura em Sorocaba retoma no dia 9 de abril, às 19h, a programação do Café Filosófico CPFL com a série Rockfilosofia, que tem curadoria da filósofa Marcia Tiburi e do músico Fernando Chuí. Trata-se de uma série de quatro encontros acerca da ponte conceitual – e estética - possível entre o rock e a filosofia, traçando afinidades entre obras de nomes importantes do rock e a poética encontrada em suas canções com as correntes filosóficas ao longo da história das principais filosofias do século XX.

A filosofia foi bem traduzida pelo rock no imaginário adolescente do século XX, à medida que as bandas e suas canções compõem um verdadeiro roteiro da tentativa jovem de fazer sentido, de contornar o vazio providenciado pela vida nas cidades grandes, na sociedade digital e globalizada, na sociedade do espetáculo. “É claro que o rock também é resultado direto da sociedade do espetáculo mas, ao mesmo tempo, é aquilo que vem denunciar os abusos dos preconceitos desta mesma sociedade. Busca-se a afinidade entre os músicos e os filósofos em uma comparação ao mesmo tempo séria e divertida”, adiantam os curadores. “O objetivo da série é provocar pensamentos sobre o que se ouve, percebendo o que há além de sons e letras, quais as conexões com o estado da cultura, com o espírito do tempo, com as questões que se tornaram decisivas enquanto apareciam apenas como mero entretenimento da juventude”.

Marcia Tiburi é professora da pós-graduação em Educação, Arte e História da Cultura da Universidade Mackenzie. É autora de vários livros de filosofia e literatura, entre eles, Filosofia em Comum, pela editora Record. É colunista da revista Cult e participante do Programa Saia Justa, do canal GNT.

Fernando Chuí é desenhista, músico e poeta. Artista plástico de formação, realizou os discos Feito a Mão e Nunca Vi Mandacaru, e lançará ainda neste ano seu terceiro álbum, Oâça Rock. Chuí busca mesclar seus trabalhos em obras híbridas de música, literatura e artes visuais. É mestre pela UNESP em artes visuais e divulga também seus desenhos e textos no blog www.fernandochui.blogspot.com.

O Café Filosófico CPFL em Sorocaba é realizado no Auditório da CPFL Piratininga (Avenida Armando Pannunzio, 1555 - Jd. Romilda). A entrada é gratuita e por ordem de chegada (capacidade: 90 lugares). Mais informações no site www.cpflcultura.com.br ou pelo telefone (19) 3756-8000.

A nova mídia

domingo, março 28, 2010

A história do Gentileza

Essa é uma história muito legal tanto do cara quanto da música. Se houvesse tantos outros como esse pelo mundo. Se ninguém se mexe, ele se mexeu por um mundo melhor.

quarta-feira, março 24, 2010

Tudo pela ciência

Retirado do Portal Terra
www.terra.com.br

O matemático Grigory Perelman fez o mais difícil: resolveu um problema proposto por Henri Poincaré mais de um século atrás. Pela resolução do teorema conhecido por conjectura de Poincaré, o russo foi homenageado com dois grandes prêmios. O primeiro é a medalha Fields, chamada de "Nobel" da matemática. O segundo, nada menos que US$ 1 milhão (R$ 1,78 milhões). Perelman recusou ambos, informou o The Guardian.

A primeira recusa aconteceu em 2006. Na época, Grigory Perelman decidiu ficar em casa, em São Petersburgo, enquanto os grandes gênios da matemática se reuniam em Madri para o congresso da União Matemática Internacional. No evento, ele deveria receber uma medalha Fields pelo problema publicado em 2002, mas não compareceu. Agora, o matemático recusou o dinheiro oferecido pelo Instituto Clay de Matemática, em Cambridge, no Estado americano de Massachusetts.

Atualmente desempregado, ele continua morando em São Petersburgo com sua mãe e sua irmã em um pequeno apartamento (segundo o Guardian, ele tem seu próprio flat, aparentemente cheio de baratas, mas raramente o utiliza). Perelman se recusa a conversar com jornalistas. Recentemente disse para um repórter que o telefonou: "Você está me perturbando. Estou colhendo cogumelos". A imagem de excentricidade é confirmada pelos vizinhos.

"Ele está sempre usando a mesma roupa. Ele nunca corta as unhas ou faz a barba. Quando caminha, simplesmente fica olhando para o chão, nunca olha para os lados", disse um vizinho a um jornal de Moscou. Sergei Kisliakov, diretor do Instituto de Matemática Steklov, em São Petersburgo, tenta entender o colega. "Ele possui estranhos princípios morais. Ele sente pequenos incoveninentes de maneira muito forte".

Segundo Kisliakov, o isolamento de Perelman começou há quatro anos, quando ele recusou a medalha Fields, que seria entregue pelo Rei Juan Carlos, da Espanha. Ele caiu em desgosto e recusou o prêmio porque percebeu que seus colegas matemáticos não teriam notabilidade para ganhá-lo. Segundo a BBC, o matemático também afirmou que a medalha era irrelevante para ele e que o fato de a solução estar correta já seria reconhecimento suficiente.

Conjectura de Poincaré 
A conjectura de Poincaré é tão difícil que o Instituto de Matemática Clay, dos Estados Unidos, classificou-a como um dos sete Problemas do Milênio em 2000, prometendo US$ 1 milhão em recompensa para quem solucionasse algum deles. Na época, a solução do problema foi reconhecida como "Avanço do Ano" pela revista especializada Science. Antes disso, Grigory Perelman também tinha recusado um prêmio do Congresso Europeu de Matemáticos, em 1996.

A conjectura de Poincaré foi o único dos sete Problemas no Milênio solucionado até agora. Ela foi formulada em 1904 pelo matemático francês Henri Poincaré e é fundamental para se compreender formas tridimensionais. A conjectura afirma que "qualquer variedade tridimensional fechada e com grupo fundamental trivial é homeomorfa a uma esfera tridimensional. Ou seja, num espaço com três dimensões fechado, sem 'buracos' deve ter a forma de uma esfera", segundo informações da BBC.

COMENTÁRIO - Podem me chamar de louco, mas adorei esse geek. O cara parece um boneco de cera. Não está nem aí para medalhas e, ao que parece, é focado em sua ciência. Mas o melhor mesmo, foi o argumento para não perder tempo com o repórter.

sexta-feira, março 12, 2010

Identificada múmia de Akenaton

Publicado pelo jornal O Globo - 12/03

Pai do faraó Tutankamon estava no Vale dos Reis, no Egito

A mesma análise de DNA que atribuiu, no mês passado, a possível causa da morte de Tutankamon à malária parece também ter posto fim a um outro grande mistério do antigo Egito: o destino da múmia do controverso rei Akenaton, pai de Tutankamon.
 
Akenaton, que reinou há 3,3 mil anos, deu início à primeira experiência monoteísta da História.

Durante seu reinado de 17 anos, Akenaton tentou pôr fim a mais de mil anos de politeísmo e estabelecer a adoração de um único deus, cuja representação estaria centrada nele próprio. A experiência deu errado e, quando o jovem Tutankamon assumiu o trono, teve que reverter as disposições paternas.

Até hoje não se sabia o destino da múmia. Agora, depois de anos de realização de exames genéticos e tomografias de 16 múmias, obteve-se a mais contundente evidência de que a múmia conhecida pela sigla KV55, achada no Vale dos Reis, é mesmo de Akenaton.

Os testes determinaram que KV55 é pai de Tutankamon e filho de Amenofis III, uma estirpe que coincide com a de Akenaton. Casado com Nefertite, o rei teve Tutankamon com uma irmã que era também sua amante.

Universo deselegante

Entrevista publicada no jornal Folha de São Paulo
 
Livro do cientista Marcelo Gleiser diz que a física foi iludida pela estética da simetria e tomou o caminho errado

A tentativa da física de explicar toda a natureza com um único conjunto de regras é a encarnação científica do monoteísmo. Essa é a tese que o físico Marcelo Gleiser -professor do Dartmouth College, de New Hampshire (EUA), e colunista da Folha- defende agora.

Em seu novo livro, "A Criação Imperfeita" (Ed. Record), ele explica por que acredita que fenômenos físicos em desequilíbrio revelam mais coisas sobre a origem do Universo do que as leis simétricas que sábios constroem para descrever o mundo desde a Grécia Antiga. Invertendo a máxima do poeta Vinicius de Moraes, Gleiser diz que "beleza não é fundamental" e que a elegante matemática que vem sendo usada para unificar a física não consegue ser mais do que metafísica.

O principal ataque do brasileiro é contra as teorias que tentam unir a relatividade de Einstein com a física quântica. Essa empreitada, considerada hoje o Santo Graal da ciência, uniria todas as forças da natureza (gravidade, eletromagnetismo e as forças nucleares) numa única explicação. O esforço para tal reúne desde físicos de partículas até cosmólogos.

Contudo, a chamada teoria das supercordas -a principal candidata ao cálice sagrado- existe há décadas sem conseguir propor um experimento que possa testá-la. No livro, Gleiser explica por que acha que os físicos estão apostando fichas demais numa linha de pesquisa ao assumir de antemão que há uma essência única subjacente a toda a realidade.

A criatividade na ciência, é claro, depende de uma certa liberdade de especulação, mas Gleiser nega estar tolhendo isso. Seu argumento é mais uma espécie de reverência à criatividade da natureza. Com seu talento narrativo, ele conta como gregos, renascentistas e físicos quânticos foram driblados pela realidade, uma vez após outra, sempre que acreditavam estar perto da "teoria final" capaz de explicar a essência de tudo.

"Estou voltando às raízes da ciência"

O novo livro do físico Marcelo Gleiser, 50, pode ser visto como um contraponto a um clássico da divulgação científica, "O Universo Elegante", de Brian Greene, defensor da chamada teoria das supercordas. Segundo essa linha de pesquisa, partículas elementares não são os componentes mais básicos da matéria, e sim minúsculas cordas que vibram em um universo de 11 dimensões.

Em "A Criação Imperfeita", o físico brasileiro ataca ideias por trás desse tipo de especulação, que partem do princípio de que existem simetrias ocultas por trás de uma realidade complexa. Em entrevista à Folha, Gleiser explica por que ele próprio mudou de ideia.

Leia entrevista com Gleiser:

- Por que o sr. não acredita que toda a física possa ser unificada em uma única teoria? É uma questão de limitação técnica ou o sr. acredita que não exista uma natureza única subjacente a tudo?

Existe um lado pragmático nessa pergunta, porque as informações que nós temos do mundo dependem daquilo que podemos medir. E o que podemos medir é limitado, pois nossos instrumentos têm precisão e alcance limitados. Então, sempre haverá algo sobre o mundo natural que não saberemos. Estou voltando às raízes das ciências naturais concebidas como ciências empíricas, e não metafísica.

O que eu tento dizer é que não há razão concreta empírica para a gente acreditar em uma unidade por trás de todas as coisas. Nesse livro, eu confronto a corrente dominante de pensamento na física de altas energias, que prega a busca de uma teoria unificada. Existe uma outra maneira de pensar o mundo que não é por simetrias.

É justamente o oposto: mostrar que as assimetrias é que são importantes. Isso cria toda uma nova estética da natureza.

- A desistência da busca por uma teoria final não pode soar como "derrotismo'? Que tipo de reação o sr. espera de outros físicos?

Já existe um grupo que nunca gostou dessas ideias de unificação e acha isso metafísica. Mas o pessoal da área de supercordas -como Brian Greene e Leonard Susskind, que se acham os caras mais importantes do mundo- defende isso. A Instituição Smithsonian queria fazer um debate comigo e com Greene, mas ele não topou. Também não sou dono da verdade a ponto de dizer "parem de trabalhar nas supercordas". O que digo é que, mesmo que eles cheguem a uma descrição razoável desse assunto, ela não será "a" teoria final.

- A busca de simetria em teorias tem a ver com busca de simplicidade. Porque isso é ruim?

Não tenho dúvida de que a busca por simetrias na natureza vai continuar a ser importante. Meu livro não é contra a simetria. Isso seria errado. A ideia de busca pela unificação pode continuar a funcionar e a inspirar muitas pessoas, mas é um erro transformar essa noção em dogma.

- O sr. critica o fato de as supercordas serem muito especulativas. Teorias não precisam ser especuladas antes de serem provadas?

Não estou dizendo que especulação é besteira. Pelo contrário: é preciso continuar a fazê-la. Agora, existe o perigo de você perder a noção de o que deve ou não ser feito. A ideia de supersimetria [a simetria entre partículas embutida na teoria das supercordas], por exemplo, foi proposta em 1974. Ela fez uma porção de previsões sobre alguns efeitos que poderiam ser observados em aceleradores de partículas a energias alcançáveis. Vários desses efeitos poderiam ter sido descobertos, mas não foram.

O que foi feito então? Voltaram à teoria, ajustaram alguns parâmetros, mas aí ela não poderia mais ser testada com a energia disponível nos aceleradores de partículas de então. Seria preciso esperar mais uns 15 anos. Assim, a coisa vira um ciclo.

- A tese da "navalha de Occam" diz que é preciso achar a teoria mais simples possível para descrever um fenômeno. O sr. concorda?

A navalha de Occam é válida, mas é levada a sério demais. Como você define simplicidade? Simplicidade é beleza? Aí a discussão se complica. A simplicidade às vezes tem mais a ver com facilidade de implementação, manipulação e um uso pragmático da teoria.

- O sr. argumenta que a religião monoteísta inspirou a busca pela teoria final, mas critica autores como Richard Dawkins e Daniel Dennett por ofenderem a religião. Seu livro não faz algo parecido?

Meu livro é antimonoteísta e critica a noção de que tudo vem de uma coisa só. Não escondo isso. E eu argumento que o "sobrenaturalismo" não é o caminho do conhecimento. Mas eu tenho a humildade, que Dawkins não tem, de aceitar que a ciência tem seu limite. Há questões além desse limite sobre as quais a ciência tem pouco a dizer. Se você me perguntar se eu sou ateu ou agnóstico, vou dizer que sou agnóstico.

(Rafael Garcia)

(Folha de SP, 12/3)

quinta-feira, março 11, 2010

A escandalização da Folha

Comentário Meu - Não colocaria tamanho texto aqui no blog se não confiasse no trabalho desenvolvido pelo Nassif. Acompanho sua  carreira jornalística desde 2001 (ainda na Folha de São Paulo) e sua guerra pelo jornalismo de qualidade, custe o que custar. E é por essa luta insana de mostrar que a imprensa não é isenta de cometer erros e deslizes éticos que Nassif por vezes é metralhado pela grande imprensa. Este é mais um desses casos.

Retirado do blog do Luis Nassif (www.luisnassif.com.br

Na "denúncia" da Folha, sobre meu contrato com a EBC, uma demonstração do tipo de jornalismo menor a que Otavio Frias Filho levou o jornal. É um suicídio lento, sistemático, sem retorno. O programa Projeto Brasil seria renovado com a TV Cultura. Não o foi devido a críticas que fiz a José Serra – conforme consta de respostas que dei ao jornal, sobre as razões de minha ida para a EBC e que foram suprimidas da matéria. Se a intenção fosse ser chapa branca, não faria as críticas merecidas à Sabesp e ao Serra. Não há um elemento que caracterize irregularidade ou proteção no contrato. Os valores estão claros, dentro da lógica de qualquer programa de TV aberto ou fechado.
 
Foram fixados com base no contrato inicial que mantive com a Fundação Padre Anchieta. E o programa tem importância estratégica para a TV Brasil, conforme se confere no comentário do diretor de programação Rogério Brandão, em email à Helena Chagas, diretora de jornalismo: O Brasilianas tem a cara da TV Pública! É um programa que estaria na PBS americana facilmente. Penso que com o tempo ele crescerá, e terá um papel relevante na grade. Nossa 2ª feira agora tem um concorrente à altura do Roda Viva. No próprio texto da matéria fica explícito o motivo da escandalização do factóide: o desmonte do falso escândalo que a Folha criou sobre a Eletronet. Fala em defesa de José Dirceu. Falso! Através de um expediente malicioso, foi a Folha quem fez o jogo do empresário que contratou Dirceu. Era interesse de Nelson implodir o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL) porque, saindo, matava qualquer possibilidade de ressuscitar a falecida Eletronet e, com isso, de ele ganhar os tais R$ 200 milhões. Se contratou Dirceu para atuar no caso, seria justamente para implodir o PNBL. 

Maliciosamente a Folha pegou o contrato dele com Dirceu – passado a ela pelo próprio Nelson dos Santos -  para afirmar que visava justamente aprovar o PNBL. A intenção era clara: como Dirceu é estigmatizado, o simples fato de se afirmar que seu lobby seria a favor do PNBL ajudaria a  explodir o programa – e, consequentemente, a beneficiar Nelson dos Santos. Esse tema foi exposto no post "Eletronet: o lobby foi da Folha". Em "O jogo em torno da Eletronet" avancei hipóteses sobre outros possíveis interesses do grupo em relação ao tema. Em "A falta de rumo do caso Folha-Eletronet" mostrei a tergiversação do jornal, tentando salvar a manobra mudando de direção, mas com os mesmos objetivos, de implodir o PNBL. Para despertar o espírito corporativo interno, a matéria diz que minhas notas no caso Eletronet tentaram desqualificar jornalistas. Ora, é fato inédito o jornal se levantando em defesa de seus jornalistas.

Nesta mesma semana, Otavinho conferiu a terceiro o direito de fuzilar dois jornalistas seus em plenas páginas do jornal, tratando-os como "delinquentes". Todo jornalista da Folha sabe que, a qualquer momento, poderá ser o alvo da deslealdade de seu chefe, que age assim mesmo. Quando percebeu que nem os jornalistas suportavam mais o amordaçamento total a que foram submetidos e começavam a pipocar aqui e ali matérias fora desse padrão suicida de manipulação, convocou Demétrio Magnolli para executar exemplarmente dois deles em praça pública: através da página 3 do jornal, em um artigo que os tratava como "delinquentes". A intenção foi, liquidando covardemente com dois deles (em um tema, cotas raciais, que não tem nenhuma relação com a guerra política empreendida pelo jornal), enquadrar os demais. Quanto às minhas críticas ao Márcio Aith, jamais atacaria um colega por um erro de interpretação de matéria, ainda que grave. 

Há outras razões bem mais substantivas, sobre as quais Aith  poderá fornecer detalhes. Apenas adianto que ele foi testemunha de acusação contra mim em um caso – a série sobre a Veja – em que tinha sido minha fonte. Já a Folha, em algum momento do futuro terá que se haver e prestar contas de seus próprios escândalos – inclusive com entes públicos -, que não são meros factóides, com os quais tentou me atingir. Abaixo, o teor do email que recebi do repórter da Folha, seguido das minhas respostas. É um elemento bastante didático para as escolas de jornalismo, sobre como definir, primeiro, o alvo, e depois sair caçando qualquer coisa que possa ser utilizada contra ele. Depois das respostas, a matéria da Folha. Peço aos colegas que espalhem essa resposta, especialmente em blogs que estão reproduzindo a matéria da Folha. 


Perguntas e respostas à Folha

-De quem partiu a iniciativa para a contratação da sua empresa Dinheiro Vivo Agência de Informações pela EBC (Empresa Brasil de Comunicação)? O projeto lhe foi requerido pela EBC ou o sr. procurou a EBC?;

O projeto já existia na TV Cultura. Foi descontinuado na gestão Mendonça. Seria retomado no final de 2008. Já havia reunião marcada por Paulo Markun para discutirmos o novo contrato. Dias antes fui informado que não haveria mais a renovação. Entre a marcação do dia e a desistência da FPA, escrevi matérias sobre a piora nos balanços da Sabesp, criticando as campanhas publicitárias que ela bancava em nível nacional.

Se a Cultura não tivesse desistido do projeto, na Cultura ele teria permanecido. Com a desistência, procurei a EBC e ofereci o programa.

-Que critérios objetivos o sr. adotou para estipular a sua remuneração de R$ 660.000,00 como apresentador e responsável pelo programa?

O valor que considerei justo. E que guarda correspondência com o primeiro contrato que firmei com a Fundação Padre Anchieta (FPA) como comentarista do Jornal da Cultura e apresentador do Projeto Brasil.

No contrato com a FPA havia um envolvimento menor da minha equipe com o programa, cuja gravação ficava a cargo da TV Cultura.

Com a EBC, além de comentarista do Repórter Brasil, há um envolvimento amplo com o programa Brasilianas.org que é entregue pronto. Há uma equipe contratada especialmente para o programa (Nota: já que a EBC, em processo de formação, não tinha ainda estrutura interna para as gravações) – cujos custos são cobertos pela EBC. Mas há todo um trabalho da equipe da Dinheiro Vivo com conteúdo, supervisão das gravações de TV, agendamento de entrevistas, convite aos debatedores. Além da minha participação pessoal.

Com a FPA o contrato previa participação nos patrocínios, garantido um mínimo mensal. A EBC não tem essa modalidade.

Um dos elementos de fixação de proventos ou salários de jornalistas – adotado por todos os veículos, inclusive a Folha – é o grau de reconhecimento e projeção perante a opinião pública.

Como o colega deve se recordar, no último Prêmio Comunique-se fui um dos três finalistas da Categoria Melhor Jornalista de Economia da Televisão, junto com a Mirian Leitão e o Joelmir Betting (que venceu). E não concorri ao de Melhor Jornalista de Economia da Imprensa Escrita porque havia vencido a edição anterior e o Prêmio proíbe a reeleição.

Em suma, os mesmos fatores que são levados em conta em qualquer contratação de jornalistas ou projeto por emissoras de TV.

-Por que a sua contratação não se submeteu a uma licitação pública, preferindo ser fechada por "inexegibilidade"?

A EBC pode explicar melhor. Mas presumo que por dois motivos.

Ponto 1: notória especialização.

Os prêmios que acumulei ao longo de minha carreira e nos últimos anos atestam essa minha especialização.

Ponto 2: sou o criador do Projeto Brasil de discussão de políticas públicas casando TV e Internet apresentado à EBC, que entendeu que se adequava perfeitamente ao espírito de uma TV que pretende abrir espaço para as grandes discussões públicas. É um projeto inovador e sem similar. Preenchem-se, assim, as duas condições para inexigibilidade de licitação.

Chamo a atenção para uma questão similar.

No dia 3 de abril de 2009, através do Diário Oficial do Estado fica-se sabendo que a Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE), ligado à Secretaria da Educação de São Paulo, adquiriu 5.499 assinaturas do jornal Folha de São Paulo, com inexigibilidade de licitação.

Creio que o argumento jurídico é o mesmo que fundamenta minha contratação pela EBC com inexigibilidade de licitação.

-O primeiro pagamento da EBC para a sua empresa data de 24 de julho de 2009. Contudo, até a presente data, cerca de 7 meses depois, nenhum programa foi ao ar (a estreia está prevista para segunda-feira). O que aconteceu?

Um período inicial para a montagem da equipe e a formatação do programa (construção de cenários, discussão da linguagem televisiva). Depois, a definição da grade de programação da EBC, que pode ser melhor explicada por ela própria. Os programas estão sendo produzidos e já existem vários gravados. E trabalho no projeto desde a data de assinatura do contrato, conforme você pode conferir nos relatórios apresentados.

-No cronograma da produção do programa, observei que estão previstas ou foram realizadas gravações de evento denominado "Sarau do Luís Nassif". Contudo, verificando o Projeto Básico, não encontrei nenhuma previsão relativa à gravação do "Sarau". Qual a exata ligação entre o "Sarau" e o programa televisivo e por que isso não constou do Projeto Básico?

É impossível definir, em um Projeto Básico, todas as ações a serem tomadas no decorrer de um ano.

A montagem de um programa pressupõe vinhetas de abertura e fechamento. O Projeto Brasil, da TV Cultura, iniciava e terminava com cenas de arquivo com música brasileira. Pensou-se em repetir o modelo, mas comigo tocando bandolim. Depois de ver o resultado final, achei que poderia passar a ideia de cabotinismo e desisti.

Apenas isso, já que todas as cenas foram gravadas, constam de nossos arquivos e não implicaram nenhum custo adicional para a EBC.

-Segundo me informou a EBC, o primeiro programa, cuja estreia deverá ocorrer na segunda-feira que vem, tratará do tema da Defesa. O sr. ou suas empresas trabalham com empresas ligadas ao setor? Quais eventos do chamado "Projeto Brasil" receberam patrocínio de empresa (s) ligada (s) ao setor? De acordo com meus levantamentos, a empresa francesa Dassault Aviation, que tem interesse direto na venda de equipamentos militares para o governo brasileiro, patrocinou um seminário promovido pelo sr. no dia 17 de dezembro de 2008, no Novotel Hotels, em São José dos Campos. Caso o sr. ou suas empresas prestem consultoria ou tenham outros tipos de vínculos negociais com essas empresas da área militar, o sr. informou à EBC possível conflito de interesses? Ou o sr. entende que tal eventual conflito é inexistente e, por isso, nada informou?

É importante qualificar melhor esse "meus levantamentos". Todos os seminários do Projeto Brasil têm patrocínios que são públicos, saem em anúncios, grande parte dos quais foram publicados no caderno Dinheiro da própria Folha durante muitos e muitos anos – anúncios que eram descontados do meu salário de colunista, conforme o Otavinho poderá lhe informar. Portanto, não há informações secretas que exijam grandes pesquisas.

No seminário em questão, o patrocínio foi de R$ 15 mil, brutos, ou R$ 13 mil líquidos. Os custos diretos com o evento foram de R$ 9.448,65 – salão, recepção, projetores, gravação etc.

Se se computar custos de translado para São José dos Campos, de uma equipe de quatro pessoas, mais o tempo que elas e eu dedicamos ao evento, sairíamos no prejuízo. Mas mantivemos o Seminário por considerá-lo relevante para a discussão de políticas públicas.

Mas mesmo que os patrocínios tivessem permitido um bom lucro, não há razão para não considerá-los legítimos, da mesma maneira que são legítimos os anúncios publicados em cadernos temáticos especiais pela Folha.

Outro ponto importante é que os patrocinadores jamais participaram da elaboração dos temas do Seminário e dos palestrantes convidados.

Conforme você poderá conferir nos anais do Seminário (http://blogln.ning.com/page/industria-da-defesa) um dos principais palestrantes foi o saudoso João Verdi, da Avibras, que buscava parceria com os russos da Sukhoi e, portanto, era concorrente direto da Dassault na licitação FX. Em outros seminários de Defesa recebemos patrocínio da Dassault, Embraer, da sueca Grippen, como consta dos anúncios publicados.

Vamos, agora, às práticas comerciais de outros jornais, tomando o exemplo o jornal Valor Econômico – que tem como um dos sócios e responsável por sua gestão a Empresa Folha da Manhã.

No dia 7 de abril de 2009, o Valor Econômico realizou seminário sobre Defesa em Brasília, tendo como um dos patrocinadores a Thales, ligada ao grupo Dassault. A comprovação pode ser encontrada no linkhttp://www.valoronline.com.br/seminarios/HTML/Seminarios/EstrategiaDeDefesa/realizacao.html.

No dia 1o de março de 2010, outro Seminário sobre o Complexo Industrial da Saúde, onde consta apoio do Ministério da Saúde (http://www.valoronline.com.br/seminarios/Seminario/index.aspx?codSeminario=143).

Além do apoio, o Ministério participou também da elaboração dos temas e da escolha dos convidados.

Pela programação do seminário, identificam-se os seguintes expositores da área federal: o Ministro da Saúde, o chefe do Departamento de Produtos Intermediários Químicos e Farmacêuticos da Área Industrial do BNDES, o vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz (estatal), o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, o Secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério da Ciência e Tecnologia, o presidente da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), o presidente do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi), e diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

No site do Valor pode-se conferir também o seminário "Investimentos estratégicos para o desenvolvimento do Nordeste", com apoio do Ministério da Integração Nacional (http://www.valoronline.com.br/seminarios/Seminario/index.aspx?codSeminario=136), tendo como palestrantes dirigentes da Sudene, do Banco do Nordeste do Brasil e Chefs – empresas públicas.

Ou então – voltando para os patrocínios privados – o seminário "Relicitação ou Prorrogação das Concessões do Setor Elétrico", tendo como patrocinador uma empresa interessada no setor, a CPFL.

Pergunto: esses seminários, importantes para enriquecer o debate nacional, podem ser considerados uma forma de consultoria ou de lobby do jornal Valor? Acredito que não.

-De acordo com os levantamentos feitos no Siafi, o sr. recebeu R$ 14.480,00 (já descontados os impostos) para proferir, no ano passado, uma palestra para a FINEP, empresa pública vinculada ao Ministério da Ciencia e Tecnologia. Em quais critérios objetivos o sr. se baseou para cobrar o valor?

A palestra foi proferida em Palmas, Tocantins, em um evento para o setor privado denominado de "Inovação em Tempo de Crise". Minha palestra teve como tema "O Novo Padrão de Desenvolvimento pós-crise". O critério adotado foi de um desconto no valor que cobro para palestras fora de São Paulo.

Devido aos nossos prazos jornalísticos de fechamento, solicito, se possível, uma resposta até o início da tarde de amanhã, quinta-feira.

Bom, o objetivo da Folha foi o de devassar os negócios da Dinheiro Vivo, valer-se de um tom inquisitorial para questionar negócios comerciais legítimos e com benefícios comprovados para a sociedade – basta conferir a relação de vídeos e trabalhos sobre mais de 50 temas relevantes, que disponibilizamos para a opinião pública. Não me furtei a apresentar os esclarecimentos solicitados.

Julgando-se a Folha no direito de questionar-me sobre os negócios da DV, me dá o direito de questioná-la sobre seus negócios. Oportunamente enviarei email com perguntas importantes para entender o relacionamento da Folha com entes públicos.

Peço apenas que me confirme se as respostas foram satisfatórias, se todas as dúvidas foram apresentadas e esclarecidas e se, mesmo assim, ainda valerá uma reportagem. Caso se mantenha a reportagem, solicito informar o dia para que minhas perguntas e respostas possam sair simultaneamente, sem furar seu trabalho.

Segundo email enviado

-Na sua resposta à minha dúvida sobre a sua remuneração, o sr. citou custos com a produção do programa. Contudo, o valor total do contrato é de R$ 1,2 milhão. Portanto, metade dos recursos vai para a produção e metade para a sua remuneração pessoal.

Aqui vão os dados do último relatório que está sendo fechado agora.

O contrato inicial previa R$ 60.000 mensais brutos para a DV e R$ 30 mil líquidos para a produção. Bruto, sai R$ 100.000,00 mensais.

Com as demandas adicionais da EBC (não previstas no plano inicial de trabalho), estão sendo gastos R$ 51.608.00 líquidos na produção (nota: específica de TV: aluguel de equipamentos, contratação de equipe, compra de material, locomoção etc), conforme prestação de contas.

Sobram R$ 49.000,00 brutos para a Dinheiro Vivo (e sua equipe) e para meus comentários. Ou cerca de R$ 39 mil líquidos.

-A minha pergunta sobre os patrocínios ao Projeto Brasil não diziam respeito à legalidade ou ilegalidade de tais patrocínios, mas simplesmente se o sr. comunicou à EBC, uma empresa pública, suposto conflito de interesse, ou se, de outra parte, entendeu que não havia conflito algum. Esse assunto me leva a outras perguntas:

Não há conflito de interesse.

-Quais são, exatamente, os atuais clientes da empresa Dinheiro Vivo? A pergunta tem pertinência porque o sr. agora apresenta um programa em emissora pública, percebendo para isso recursos públicos, do Orçamento da União. Assim, nada mais natural, sob o ponto de vista do interesse público, conhecer melhor seus vínculos negociais. Nada mais natural, sob o ponto de vista do interesse público, que se saibam todos os detalhes do contrato firmado com o ente público.

Dinheiro público é aquele do contrato. Você tem o direito de fazer todas as perguntas pertinentes ao contrato. E eu de responder. Não consta que uma empresa fornecedora de produtos ou serviços para o setor público seja obrigada a abrir sua estratégia comercial.

Se a Folha se propuser a abrir seus dados comerciais, não veria problemas em abrir os da Dinheiro Vivo,

-O sr. ou a empresa Dinheiro Vivo fazem consultoria para empresas do setor de Defesa? Em caso positivo, quais são?

Não.

Sobre a resposta na íntegra, não é decisão que cabe a um repórter. Consultarei a editora a respeito. O sr. há de saber que o jornal é um produto finito, no qual não cabem todas as respostas de todos os entrevistados por toda a equipe de jornalistas ao longo do dia. Permita-me apenas observar que a publicação de uma resposta na íntegra nada tem a ver com "bons princípios jornalísticos".

Não expor todos os argumentos da parte pode ferir.


Matéria publicada na Folha

EBC paga R$ 1,2 mi a jornalista pró-governo

Luís Nassif diz que "notória especialização" justifica contratação sem licitação pela estatal que mantém TV Brasil

RUBENS VALENTE

ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

O jornalista e empresário Luís Nassif mantém um contrato anual, fechado sem licitação, de R$ 1,28 milhão com a estatal EBC (Empresa Brasil de Comunicação), vinculada ao Palácio do Planalto e responsável pela TV Brasil.

A empresa de Nassif, Dinheiro Vivo Agência de Informações, produz um debate semanal, de uma hora, e cinco filmetes semanais de três minutos.

Do R$ 1,28 milhão do contrato, o jornalista fica com R$ 660 mil anuais a título de remuneração, o que equivale a salário de R$ 55 mil. Os pagamentos começaram em agosto. O programa estreou segunda-feira.

À Folha, por e-mail, Nassif afirmou que os insumos de produção cresceram de forma "não prevista no contrato original", por conta de "demandas adicionais da EBC", e que a parte destinada à Dinheiro Vivo corresponde a R$ 49 mil brutos mensais (ou R$ 39 mil líquidos), e não R$ 55 mil.

Os outros R$ 558 mil do contrato são destinados ao pagamento de uma equipe de nove pessoas e à compra de equipamentos. A gravação do debate é feita no estúdio da EBC, que também custeia deslocamento e hospedagem de convidados.

Em seu blog, Nassif tem se posicionado a favor do governo em várias polêmicas, discussões e escândalos. A página também se caracteriza por críticas a jornais e jornalistas.

Após a Folha ter revelado, no mês passado, que a Eletronet, empresa interessada em atos do governo, pagou R$ 620 mil ao ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, Nassif tentou desqualificar os jornalistas e fez a defesa de Dirceu.

A Dinheiro Vivo foi contratada por inexigibilidade de licitação, prevista na lei que regula as licitações. Indagado sobre isso, Nassif respondeu que a FDE (Fundação para o Desenvolvimento da Educação), vinculada à Secretaria de Estado de Educação de São Paulo, adquiriu em 2009, também por inexigibilidade de licitação, 5.499 assinaturas da Folha.

Segundo a assessoria da Secretaria de Educação, idêntico procedimento foi adotado para a aquisição de assinaturas do jornal "O Estado de S. Paulo" e das revistas "Veja", "Época" e "IstoÉ". O objetivo das compras, segundo a secretaria, é abastecer as bibliotecas de de escolas públicas no Estado.

Para dispensar a licitação e contratar Nassif, a EBC argumentou que há uma singularidade no programa. Trata-se de um debate de uma hora semanal com três convidados, mediado por Nassif, que também recebe perguntas da plateia e de internautas.

Nassif disse à Folha que seu projeto já existia na TV Cultura, mas foi "descontinuado" logo depois de ele ter escrito artigos sobre "a piora dos balanços da Sabesp". Sobre a dispensa da licitação, o jornalista afirmou: "Presumo que por dois motivos. Ponto um: notória especialização. Os prêmios que acumulei ao longo de minha carreira e nos últimos anos atestam essa minha especialização. Ponto dois: sou o criador do Projeto Brasil de discussão de políticas públicas casando TV e internet apresentado à EBC".

Outros contratos

A EBC informou que mantém outros quatro contratos fechados por inexigibilidade de licitação. São relativos aos programas "Samba na Gamboa" (R$ 1,2 milhão anuais), da produtora Giros, "Papo de Mãe" (R$ 1,99 milhão), da produtora Rentalcam, apresentado pelas jornalistas Mariana Kotscho e Roberta Manrezi, "TV Piá" (R$ 1,34 milhão), dirigido pela jornalista Diléa Frate, e "Expedições" (R$ 1,66 milhão), da jornalista Paula Saldanha.

O diretor jurídico da EBC, Luís Henrique Martins dos Anjos, diz que a contratação de programas artísticos ou jornalísticos, cujos direitos autorais pertencem a outras pessoas, sem licitação e por notória especialização está amparada em um entendimento firmado pelo plenário do TCU, no acórdão nº 201/2001, relatado pelo ministro Benjamin Zymler.

Sérgio Sbragia, sócio de Diléa Frate na produtora Serpente Filmes, afirmou que a escolha de sua empresa "foi um processo muito criterioso", que durou cerca de um ano.

A produtora Giros defendeu a dispensa da licitação. "O projeto "Samba na Gamboa" é apresentado pelo artista Diogo Nogueira. Em função do saber notório atribuído ao artista no mundo do samba (…), este contrato foi assinado de forma excepcional, dispensando licitação", afirmou Maria Carneiro Cunha, da Giros.

A jornalista Paula Saldanha disse que o programa "Expedições" "está há 15 anos no ar, conquistando os melhores índices de audiência em todas as emissoras em que foi exibido (Manchete, TVE e TV Cultura)". Procurada pela Folha na última terça-feira, a Rentalcam não ligou de volta até o fechamento desta edição.

Leia mais sobre nos blogs:

http://olicruz.wordpress.com/2010/03/11/nassif-apanha-da-folha-e-que-ele-faz-jornalismo/

http://gmpconsult.com.br/blogdolen/?p=1683

quarta-feira, março 10, 2010

Cientistas captam rara imagem de coroa solar

do portal Terra (www.terra.com.br)

Cientistas divulgaram nesta quarta-feira uma rara imagem capturada durante um eclipse total do Sol ocorrido em julho de 2009 nas Ilhas Marshall, na Micronésia, no Oceano Pacífico. Na imagem, a radiação da superfície solar aparece como uma densa fumaça formando uma coroa em volta da sombra da Lua, no momento em que esta encobre completamente o Sol. As informações são do Telegraph.

A imagem é resultado de um estudo organizado pela Universidade de Tecnologia de Brno, na República Checa, que monitorou a sombra em volta da Lua para observar as mudanças ocorridas no plasma formado pela radiação. Dez vezes mais denso que o centro do Sol, o material que forma a coroa só produz cerca de um milionésimo da Luz do astro rei, o que significa que só pode ser visto quando é "iluminado" durante um eclipse.

A coroa misteriosa, que tem intrigado os cientistas há anos, se estende por mais de um milhão de quilômetros do Sol e é 200 vezes mais quente que a superfície visível da estrela. A fonte de calor da coroa ainda é objeto de debates, mas é provável que seja derivada do campo magnético e de ondas de pressão sonora abaixo do Sol.

Em entrevista concedida ao Telegraph, o professor Miloslav Druckmuller, autor das fotos, afirma que ficou encantado com os resultados. "Mesmo que o motivo para tirar as fotografias tenha sido a ciência, o resultado mostra a enorme beleza da natureza", disse.

No próximo eclipse solar, em julho, a equipe focará novamente as suas lentes e olhos para a coroa.

Foto: Universidade de Tecnologia de Brno /Divulgação

O jornalismo de 1891, segundo Wilde

Retirado do blog do Nassif
(www.luisnassif.com.br)

Por Fernando Grassi

Nassif,

Olha que interessante esta crítica do Oscar Wilde à imprensa.

Deve-se levar em conta o ano apublicação: 1891.

"(…) Foi um dia fatal aquele em que o público descobriu que a pena é mais poderosa que as pedras da rua, e que seu uso pode tornar-se tão agressivo quanto o apadrejamento. Procurou imediatamente pelo jornalista, o encontrou e aperfeiçoou, e fez dele seu servo diligente e bem pago. É de lamentar por ambos. Atrás das barricadas, muito pode haver de nobre e heróico. Mas o que há por trás de um artigo de fundo senão preconceito, estupidez, hipocrisia e disparates? E esses quatro elementos, quando reunidos, adquirem uma força assustadora e constituem a nova autoridade.

Antigamente, os homens tinham a roda de torturas. Hoje tem a imprensa. Isso certamente é um progresso. Mas ainda é má, injusta e desmoralizante. Alguém – teria sido Burke? – chamou o Jornalismo de o quarto poder. Isso na época sem dúvida era verdade. Mas hoje ele é realmente o único poder. Devorou os outros três. Os Lordes temporais nada dizem, os Lordes espirituais nada tem a dizer, e a Câmara dos Comuns nada tem a dizer e o diz. Estamos dominados pelo Jornalismo. Nos Estados Unidos o Presidente reina por quatro anos e o Jornalismo governa para todo o sempre. Felizmente, nesse país, o Jornalismo levou sua autoridade ao extremo mais flagrante e brutal e, como decorrência lógica, começou a gerar um espírito de revolta: ou diverte ou aborrece as pessoas, conforme seu temperamento.

Mas deixou de ser a força real que era. Não é levado a sério. Na Inglaterra, o Jornalismo, com exceção de alguns poucos exemplos bem conhecidos, não tendo atingido estes excessos de brutalidade, permanece ainda um fator de grande significado, um poder realmente notável. Parece-me descomunal a tirania que ele se propõe exercer sobre nossas vidas privadas. O fato é que o público tem uma curiosidade insaciável de conhecer tudo, exceto o que é digno de se conhecer. O Jornalismo, ciente disso, e com vezos de comerciante, satisfaz suas exigências. Em séculos passados, o público expunha as orelhas dos jornalistas no pelourinho. O que era horrível. Neste século, os jornalistas ficam de orelha em pé atrás das portas. O que é ainda pior. O mal é que os jornalistas mais culpados não estão entre aqueles que escrevem para o que se chama de coluna social. O dano é causado pelos jornalista sisudos, graves e circunspectos que trarão, solenemente, como hoje trazem, para diante dos olhos do público, algum incidente na vida privada de um grande estadista, de um homem que é assim um lider do pensamento político como criador de força política. Convidarão o público a discutir o incidente, a exercer autoridade no assunto, a externar seus pontos de vista, e não somente a externá-los, mas a colocá-los em ação, a impô-los àquele homem sobre todos os outros argumentos, a impor ao partido e à nação dele; convidarão, enfim, o público a se tornar ridículo, agressivo e perigoso. A vida particular dos homens ou das mulheres não deveria ser revelada ao público. Este não tem nada absolutamente nada a ver com ela.

Na França há um controle maior nesses assuntos. Lá não se permite que pormenores dos julgamentos que se realizam nos tribunais de divórcio sejam divulgados para entreterimento ou crítica do público.

Tudo que se lhe permite saber é que houve o divórcio e que foi concedido a pedido de uma ou outra parte envolvida, ou de ambas. Na França, com efeito, limitam o jornalista, e concedem ao artista quase que completa liberdade. Aqui, concedemos liberdade absoluta ao jornalista e limitamos inteiramente o artista. A opinião pública inglesa, por assim dizer, procura tolher, cercear e submeter o homem que cria o Belo efetivamente, e compele o jornalista a recontar o factualmente feio, desagradável ou repulsivo; de modo que temos os mais sisudos jornalistas do mundo e os jornais mais indecentes. Não há exagero em se falar em compulsão. Há positivamente jornalistas que têm verdadeiro prazer em publicar coisas horríveis, ou que, por serem pobres, vêem nos escândalos uma fonte permanente de renda.

Mas não tenho dúvidas de que há outros jornalistas, homens de boa formação e cultura, a quem realmente desagrada publicar esse tipo de assunto, homens que sabem ser errado agir assim e, se assim agem, é apenas porque as condições doentias em que exercem sua profissão os obriga a atender o público no que o público quer, e a concorrer com outros jornalistas para que esse atendimento satisfaça o mais plenamente possível o grosseiro apetite popular. É uma posição muito degradante para ser ocupada por qualquer desses homens, e não há dúvida de que a maioria deles percebe isso sensivelmente." (OSCAR WILDE, A Alma do Homem Sob o Socialismo, págs. 57/59, LP&M, 2003).

A arte de chamar atenção

publicado no blog do Felipe Solari 
(http://blogs.legendarios.r7.com/felipe-solari/)

Todos aqueles que se envolvem um pouco com Meio Ambiente e Sustentabilidade, sabem das dificuldades em "emplacar" o TEMA. Muitos acham "conversa mole", acham intermináveis aqueles discursos ecológicos e sempre zoam os ECO-CHATOS…que quando querem ser chatos, conseguem.

Mas como conscientizar, chamando atenção das pessoas em uma cidade grande, uma megalópole, como Nova York, por exemplo? Como fazer as pessoas entenderem que SACOS PLÁSTICOS são um dos MAIORES VILÕES das enchentes, e que o plástico vem do petróleo, portanto está diretamente ligado ao AQUECIMENTO GLOBAL????

Olha o Eco-Chato aqui, falando sobre os problemas dos sacos plásticos, dando uma de BONO VOX….

Por isso acho genial quando pessoas tem grandes ideias e, com muita criatividade, conseguem interferir na cidade, nos Urbanóides – usar a boca de saída de ar do metrô e transformar sacos plásticos em Ursos Polares, que são espécies que já sentem na pele (ou pêlo no caso) os efeitos do GLOBAL WARMING !!!

O mais legal é a vida e morte dos sacos plásticos, ou dos ursos…entenda como quiser. O  artista plástico Joshua Allen mora em NY e também está querendo salvar o mundo.

A GENTE PODE NÃO SALVAR O MUNDO… MAS TAMO TENTANDO!!!!

segunda-feira, março 08, 2010

Será?

Até que eu veja isso in loco fico na dúvida que algo assim possa ser feito.

domingo, março 07, 2010

Operando milagres

Este rápido vídeo mostra como a ferramenta Photoshop é capaz de fazer milagres. Sempre soube que a ferramenta de edição fosse capaz de dar aquela maquiada, mas digo que fiquei impressionado com o tamanho da maquiada. Cada vez mais temos que ter cuidado com aquilo que nos é vendido. O que parece ser uma coisa, pode ser outra totalmente inversa.

Justiça de Minas Gerais condena casal que educa filhos em casa

Retirado do site G1 


A sala de aula deu lugar a sala de jantar. No lugar dos professores, os pais. É assim que os irmãos Jônatas de Andrade Nunes e David de Andrade Nunes estudam.

Os adolescentes de 15 anos e 16 anos não vão à escola há pelo menos quatro anos. “É a insatisfação com o ensino regular e de como eles eram ensinados na escola que me fizeram tomar essa decisão”, afirma o pai dos meninos, Cleber de Andrade Nunes.


(Leia Mais no site do G1) (http://g1.globo.com/Noticias/Brasil/0,,MUL1518740-5598,00-JUSTICA+DE+MINAS+GERAIS+CONDENA+CASAL+QUE+EDUCA+FILHOS+EM+CASA.html )

COMENTÁRIO

Só pode ser um tremendo absurdo isso. A Justiça não deve levar a lei ao pé da letra, senão acontece coisas desse tipo. O que a Justiça deve fazer é pedir para que uma comissão avalie o aprendizado dessas pessoas, a eficiência do aprendizado deles nessa diferente metodologia. O que vale mais: estudar na escola oficial que, de uns tempos para cá, carece de infraestrutura e professores qualificados e bem-remunerados e sair com déficits de aprendizado ou estudar em casa com os pais e ter acesso ao melhor?

A questão que fica é: o Estado pode exigir do cidadão que ele obrigue seus filhos a estudarem um único método de aprendizado? Porque um método alternativo não é permitido? Para mim, isso é um tremendo absurdo.

sábado, março 06, 2010

Proibido envio de SMS promocional

Post publicado no blog Telefonia Etc (http://www.elismonteiro.com.br/)

Essa eu não podia deixar de comentar porque é uma das minhas batalhas pessoais de muitos anos. Sempre achei um abuso receber SMS de operadoras de telefonia, principalmente aquelas mensagens promocionais. Ok avisar que minha conta está em atraso, mandar um protocolo de atendimento, mas invadir minha privacidade tirando partido do canal direto com o meu celular, não senhor.
Pois a partir de maio as operadoras de telefonia móvel não poderão enviar publicidade não autorizada pelos usuários de celular. A decisão, tomada pela Anatel, já foi comunicada a todas as operadoras e atende a uma recomendação do Ministério Público Federal.
Os contratos de adesão ao serviço de telefonia móvel deverão conter cláusulas nas quais o cliente passa a ter o direito de optar por receber ou não mensagens publicitárias. As cláusulas devem ser redigidas de forma clara, acrescidas de um campo onde o usuário deverá assinalar se deseja ou não receber tais mensagens.
O tal campo para optar ou não pelas mensagens deverá estar localizado junto ao parágrafo que trata do assunto, antes da assinatura do usuário, aderindo aos termos do contratos.
Diz a Anatel que a determinação já existe no regulamento do Serviço Móvel Pessoal (SMP), mas estava sendo descumprida pelas operadoras. Nos contratos destas com o órgão regulador estava clara a anuência do consumidor em receber as mensagens. Com a nova decisão, a agência prevê resolver a questão.

quarta-feira, março 03, 2010

Caverna do Diabo ganha melhorias

Centro de visitantes, restaurante, estacionamento, projeto paisagístico e nova rede elétrica. Estas são algumas das melhorias que o Parque Estadual Caverna do Diabo, no município de Eldorado, recebe nesta sexta-feira, 05.03, em cerimônia marcada para as 10 horas com o secretário do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, Xico Graziano.

As melhorias, que totalizam gastos de R$ 4 milhões, incluem também o novo projeto de iluminação da Caverna do Diabo e capacitação de monitores, empresas e empreendedores para atender o potencial turístico da região. Os investimentos fazem parte do Projeto
Ecoturismo na Mata Atlântica, que conta com um contrato de empréstimo na ordem de US$ 15 milhões com o Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID e atua em seis parques estaduais: Petar, Intervales, Ilha do Cardoso, Carlos Botelho, Ilhabela e a Caverna do Diabo.

Na ocasião, também será entregue o Plano de Manejo Espeleológico da Caverna do Diabo. Este é o primeiro a ficar pronto entre os 32 que estão em execução para regularizar o turismo nas cavernas do Vale do Ribeira, que atraem quase 60 mil visitantes todos os anos para a região.

Em fevereiro de 2008, uma medida do IBAMA ameaçou a economia da região, fortemente baseada no turismo, ao interditar todas as cavernas abertas para visitação pública nos parques de Intervales, Caverna do Diabo e Petar, devido a falta de Planos de Manejo Espeleológico.

Preocupada com os impactos sociais que a medida causou, a Fundação Florestal – órgão responsável pela administração dos Parques – firmou um Termo de Ajustamento de Conduta – TAC com o Ministério Público
Federal se comprometendo a elaborar os Planos em até dois anos. Agora, entrega o primeiro, que irá orientar o uso do patrimônio natural da Caverna do Diabo, visando a sua conservação e manejo sustentável.