sábado, outubro 30, 2010

Futuro do jornalismo: luz no fim do túnel ?

Postado por Carlos Castilho no Observatório da Imprensa

Ainda não é uma luz no fim do túnel, mas alguns estudiosos do jornalismo já começam a vislumbrar um novo horizonte para a atividade. E o que começa a surgir vai espantar muita gente porque tem pouca coisa a ver com o que entendemos hoje por jornalismo.

A tendência que certamente vai gerar mais polêmica é a que coloca o jornalismo não mais como uma habilidade, segundo alguns, ou uma ciência, para outros, mas como uma função social intimamente ligada ao papel que a internet terá na sociedade dos próximos anos.

O meio ambiente dos jornalistas deixará de ser as redações para situar-se nas comunidades, atuando dentro de redes sociais digitais. Suas ferramentas principais não serão mais o computador, mas os softwares de produção colaborativa e coletiva de narrativas textuais, visuais, sonoras e interativas.

Tudo isto parece exercício de ficção científica ou viagem de futurólogos amadores, mas é o que o norte-americano Vadim Lavrusik, professor da Universidade Columbia, em Nova York, está desenvolvendo a partir de sua disciplina cujo título, nada ortodoxo, é "Jornalistas como Gestores de Comunidades Sociais".

Lavrusik forma junto com o indiano Sree Sreenivasan e o anglo-saxão Adam Glenn o núcleo de professores que está deixando de cabelos em pé os seus colegas da Columbia, cuja escola de jornalismo é considerada uma das mais tradicionais do mundo acadêmico norte-americano.

Os três estão desenvolvendo ideias que já têm seguidores também na Europa e na América Latina, mas foram os que, até agora, formularam mais claramente o que eles chamam de Jornalismo em Mídias Sociais. Trata-se de um conceito ainda bastante contestado, mas cuja base é a transformação do jornalismo numa atividade desenvolvida fora de um contexto industrial.

Os defensores da ideia afirmam que os profissionais encontrarão dentro das comunidades — ou seja, junto às pessoas —, a matéria prima para alimentar o processo de produção de informações e conhecimentos que ativará a formação de capital social. A informação não virá mais basicamente de fontes governamentais e corporativas ou dos especialistas.

As chamadas mídias sociais, os softwares que viabilizam a circulação de informações dentro das redes sociais digitais, já são uma grande fonte de notícias e a tendência é que sua importância cresça ainda mais, à medida que a internet incluir cada vez mais pessoas. Não é necessário ser nenhum guru ou especialista para perceber que as redes tendem a ser o grande manancial do conhecimentohumano.

A produção colaborativa de notícias, na qual o público recolhe dados e fatos que são processados em conjunto com jornalistas, já é vista como a grande alternativa para situações extremas como, por exemplo, a surgida pela divulgação de um pacotaço de documentos secretos sobre a guerra no Iraque pelo site Wikileaks.

Os blogueiros independentes estão começando a criar suas próprias redes de informantes surgidas a partir de comentários postados por leitores, afirma Alfred Hermida, outro professor da Columbia, especializado em mídias sociais. E muitos profissionais do jornalismo poderiam acabar exercendo funções muito próximas às de um "curador de notícias", ou seja, selecionar e aglutinar informações, como fazem os curadores de museus ou exposições, responsáveis pela escolha das obras que serão expostas.

Até agora os jornalistas e os jornais se apoiavam na ideia de que eles sabiam o que era bom para os leitores. As novas idéias invertem totalmente este processo, pois é o público que dirá o que deseja ser investigado e noticiado. Não é uma mudança simples, pois afeta um conjunto de valores e rotinas associadas à atividade informativa.

Alguns críticos afirmam que o novo jornalismo poderá acabar adotando uma prática parecida à dos assistentes sociais ou psicólogos sociais. Até pode ser, mas a ironia embutida nesta comparação apenas comprova o quanto o jornalismo está distante de sua função social depois de ter se transformado numa atividade quase industrial. Se isto for verdade, jornalista como gestor de comunidades sociais estará corrigindo uma velha distorção em vez de criar algo revolucionário.

quinta-feira, outubro 28, 2010

O duelo da mídia nas eleições brasileiras

Por Maira Magro (Publicado no Knight Center for Journalism

Num ambiente de disputa acirrada no segundo turno das eleições presidenciais no Brasil, alguns meios de comunicação entraram na briga e tomaram partido, de forma às vezes óbvia e outras nem tanto, nas votações de 31 de outubro.

As manifestações mais recentes vieram do exterior: o jornal britânico Financial Times publicou um editorial nesta terça-feira, 26, defendendo a eleição de José Serra (PSDB). Uma semana antes, a revistaThe Economist havia afirmado que "Serra seria um melhor presidente que Dilma Rousseff (PT)".

No Brasil, a candidatura tucana foi defendida em editorial do Estado de S. Paulo, enquanto a revista Carta Capital declarou expressamente apoio a Dilma.

Outra batalha foi travada pelo conteúdo das próprias matérias jornalísticas, com maior engajamento das semanais. A Veja publicou capas abertamente contrárias a Dilma, uma apontando posições incongruentes em relação ao aborto. A IstoÉ saiu em defesa da candidata petista, e lançou na semana seguinte uma capa ironizando a revista concorrente – com um layout idêntico, mas com declarações contraditórias de Serra sobre denúncias envolvendo a campanha.

Na ausência de propostas abrangentes de ambas as candidaturas sobre os temas mais relevantes para o país, a cobertura jornalística na reta final das eleições se deteve em acusações cruzadas e discussões conservadoras de assuntos como religião e aborto. O esvaziamento das discussões de projetos políticos também ficou claro nas páginas inteiras de jornais dedicadas a episódios como uma bolinha de papel e um rolo de adesivo atingindo a cabeça de Serra e uma bexiga de água jogada em direção a Dilma.

quarta-feira, outubro 27, 2010

segunda-feira, outubro 25, 2010

O berço escuro do tempo

Por Sabine Righetti - na Folha de São Paulo

Novo modelo científico proposto pelo físico Nikodem Poplawski sugere que o Universo está dentro de um enorme buraco negro, que parou de se contrair e se expandiu violentamente

Das inúmeras expressões que a linguagem cotidiana toma emprestadas das ciências naturais, "buraco negro" talvez seja uma das mais felizes, pois reproduz com certa precisão seu significado físico: um objeto astronômico tão maciço e denso que a atração gravitacional por ele exercida engole tudo à sua volta, até mesmo a luz.

Uma teoria recentemente ressuscitada -com aprimoramentos- propõe que esses sorvedouros cósmicos podem parar de se contrair e, então, expandir-se violentamente, dando origem a outros universos -como o nosso. Se os modelos e equações do físico teórico polonês Nikodem Poplawski estiverem certos, a explicação poderia contribuir para desvendar um dos maiores mistérios da física: por que o tempo só corre numa direção linear, ou seja, para a frente?

Não é de hoje que buracos negros suscitam polêmica. A ideia de uma imensa mancha negra no Universo começou a ser discutida ainda no século 18, mas o termo foi aplicado pela primeira vez dois séculos depois. O criador da expressão é o astrofísico John Wheeler, que, no entanto, não assume sua autoria completamente. Wheeler dizia que o termo "buraco negro" teria surgido durante uma aula no final da década de 60 -algum estudante soltou essa expressão quando ele falava sobre estrelas em colapso.

O conceito tem sido debatido intensamente por teóricos célebres como Stephen Hawking, que descobriu, pouco depois de o termo ter sido criado, que os buracos negros podem emitir radiação (ou seja, não são totalmente negros). A relação entre buracos negros e a origem da vida (e do Universo) também começou a ser especulada pela ciência há algumas décadas.

O físico Raj Pathria, por exemplo, criou um modelo que tratava o Universo como um buraco negro. O conceito foi aprimorado por cientistas que vieram depois, como John Richard Gott, que, em 1998, publicou uma teoria que relacionava a origem dos buracos negros e dos Universos.

Recentemente, um novo cientista ("novo" também porque ele tem apenas 35 anos) sacudiu a comunidade internacional de cosmólogos. Em dois estudos publicados neste ano, o polonês Nikodem Poplawski afirma que um enorme buraco negro que parou de se contrair e começou a se expandir violentamente teria dado origem a este Universo -que, por sua vez, está dentro dele. E essa nova concepção de formação do espaço explicaria por que o tempo corre em apenas uma direção.

Filho de artistas, nascido em Torun -mesma cidade natal do astrofísico e matemático do século 15 Nicolau Copérnico (o autor da teoria heliocentrista, ou seja, a que afirmou pela primeira vez que a Terra girava em volta do Sol e não o contrário)- Nikodem Poplawski começou a se interessar pelas "ciências duras", como a química e a física, quando ainda era criança. Hoje faz pós-doutorado na Universidade de Indiana, nos Estados Unidos. "Quero entender a origem do Universo, a origem das partículas, a seta do tempo", explica.

Os trabalhos de Poplawski foram publicados na "Physics Letters B", uma das mais importantes revistas internacionais sobre física nuclear e de partículas, e no Arxiv da biblioteca eletrônica da Universidade Cornell (EUA). Arxiv é uma espécie de espaço virtual de debates científicos, que podem acontecer entre estudantes de graduação até os mais altos escalões do meio acadêmico.

Especialmente em áreas experimentais, como a física, a publicação no Arxiv funciona bem e é mais ágil do que as publicações em revistas científicas convencionais, cujo processo de aprovação de um artigo pode levar de um a dois anos, desde o seu recebimento.

No Arxiv, por exemplo, o artigo do polonês já rendia cerca de 200 extensos comentários, textos e indicações de leitura de cientistas que interagiam entre si e criavam novas perguntas -todas com cunho científico (quando um debate vira uma conversa "informal" e pouco científica, a repressão dos usuários do Arxiv é grande).

A ideia proposta por Poplawski nessas duas publicações confronta, de certa maneira, a teoria do Big Bang, que define que o Universo teria surgido a partir da expansão de uma grande concentração de massa e energia há 13,7 bilhões de anos. É a teoria que tenta explicar a origem do Universo mais aceita na atualidade.

Para os críticos da ideia do Big Bang como origem de tudo, a simples identificação de um momento como o "começo" do Universo é uma proposta irracional. No Brasil, um desses críticos é o físico Mário Novello, pesquisador e professor titular no Instituto Brasileiro de Cosmologia, Relatividade e Astrofísica, do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), do Rio de Janeiro, e autor de "Do Big Bang ao Universo Eterno" (Zahar).

Para Novello, caso existisse um "começo singular", o Universo não admitiria uma explicação racional para toda a sua história. Afinal, trata-se de um contexto em que, por exemplo, há uma temperatura infinita e uma densidade infinita. Se não é possível quantificar o infinito, a teoria não daria conta da explicação do fenômeno.

"Consequentemente, a ciência moderna, que teve início lá atrás, com Tycho Brahe, Galileu Galilei e outros astrônomos, teria chegado ao seu limite", diz Novello.

A cosmologia está longe de chegar ao seu limite e, aliás, é uma ciência recentemente institucionalizada. No Brasil, o Instituto Brasileiro de Cosmologia foi criado em 2003, sob o nariz torto da Sociedade Brasileira de Física. Vários países que ainda não tinham seus institutos seguiram a trajetória tupiniquim, como Índia, Canadá, França e Rússia. E, com laboratórios próprios, cosmólogos do mundo inteiro tentam projetar modelos matemáticos para explicar, por exemplo, de onde veio este Universo.

Se o polonês estiver certo e se este Universo tiver surgido de um buraco negro, como teria se originado o buraco negro primordial? A física diz que um buraco negro é gerado por uma estrela que se contraiu. Todas as estrelas (astros que emitem luz própria) precisam de combustível para "se manter" -no caso do Sol, hidrogênio, que se transforma em hélio por fusão nuclear. Quando o combustível de uma estrela acaba, ela começa a se contrair pela ação da própria gravidade.

Se a massa da estrela for muito grande (com campo gravitacional muito intenso), não há nenhum mecanismo conhecido que possa deter sua contração. Nesse caso, o colapso culmina num buraco negro.

A partir daqui, desenrola-se a teoria de Poplawski. Segundo ele, o buraco negro, no seu limite de contração (o que é chamado de "horizonte de eventos"), teria uma expansão rápida e daria origem a um Universo. Assim, esse Universo estaria dentro de um imenso buraco negro que se expandiu violentamente depois de sua contração parar.

"Antes disso, nosso Universo era uma estrela que vivia no interior de outro grande Universo", explica o físico. Em outras palavras, cada Universo viveria dentro de buracos negros que, por sua vez, poderiam possuir estrelas que, se altamente contraídas, dariam origem a novos buracos negros, com novos Universos dentro.

As explicações físicas para os buracos negros -que têm campos gravitacionais muito intensos- são complexas. A lei da gravitação de Isaac Newton, do século 17, por exemplo, não é suficiente para esclarecer esses corpos. Entram, então, em cena as famosas equações de Albert Einstein, propostas em 1915, sem as quais não é possível descrever o que acontece com um buraco negro. Poplawski apropriou-se amplamente dessas equações nos seus estudos.

Mas há uma limitação da teoria de Einstein, que pressupõe um campo gravitacional infinito. "Afinal, não pode haver quantidades infinitas na natureza", explica o físico e divulgador científico Roberto Belisário, doutor pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Como a descrição de Einstein, portanto, não é completa, é preciso também levar em conta a mecânica quântica, que desde o início do século 20 fornece descrições mais precisas sobre sistemas microscópicos na tentativa de explicar fenômenos macroscópicos.

A teoria de Poplawski de que o Universo estaria dentro de um buraco negro vai além de uma inspiração sobre a origem do Universo. Ela quer também explicar uma das maiores inquietações da humanidade que serve, incansavelmente, de pano de fundo para a ficção científica: por que o tempo só anda para a frente?

A ideia da seta temporal em apenas uma direção, de maneira que não podemos voltar no tempo, mas apenas viajar pelo espaço, tem a ver, de acordo com o polonês, com uma espécie de herança que o Universo "filho" herdaria do buraco negro "mãe". Universos filhos receberiam as propriedades, como o sentido do tempo, de suas mães, e se manteriam em assimetria com elas, assim como pedacinhos de papel jogados por uma janela seguem a direção do vento. E como o buraco negro se expande sempre numa única direção (por bilhões de anos), no Universo filho também só será possível viajar rumo a um único lugar: o futuro.

Se fosse possível detectar essas propriedades transmitidas de "mãe para filho", haveria uma prova experimental da ideia do cientista polonês. Mas, ao que parece, a proposta do autor não foi construir uma teoria "testável", mas mostrar que é possível dar conta da assimetria do tempo e da expansão do Universo com uma teoria. Para testá-la, os trabalhos de Poplawski precisariam ser aperfeiçoados de modo a incluir fenômenos novos e observáveis.

Mas essa tarefa fica para a frente -para o futuro.

sábado, outubro 23, 2010

Seminário sobre Educação a Distância do campus Sorocaba recebe inscrições

Publicado no site da Ufscar 

Até o dia 7 de novembro, estão abertas as inscrições no I Seminário sobre Educação a Distância – Primeira Aproximação, coordenado pela docente do campus Sorocaba da UFSCar Teresa Melo. O evento é gratuito e direcionado a educadores que interessados na temática sobre a Educação a Distância e as Tecnologias Sociais. O formato do Seminário é semipresencial com momentos de encontro presencial para debates e palestras e a interação com o usuário por meio do blog.

Para Teresa Melo, "a Internet possibilita interatividade, aproximação do espaço, hipertextualidade, múltiplas linguagens, flexibilização dos tempos, comunicação em tempo real, amplitude de fontes de pesquisa, comunicação em rede e publicação de produção". De acordo com a docente, as Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NICs) têm sido impulsionadoras da expansão da Educação a Distância.

O Seminário acontece em quatro etapas: inscrição; debate com o internauta através do blog; seminário presencial; e o encerramento com a publicação e relatório do evento no blog. Entre os dias 8 e 28 de novembro será apresentado material básico sobre Educação a Distância e Tecnologias Sociais com espaço aberto no blog para comentários e opiniões sobre o tema. Nos dias 30 de novembro e 2 de dezembro serão realizadas as palestras presenciais "Educação a Distância - conhecer para decidir" e "Tecnologia Social", que terão como base os comentários dos internautas do blog. As palestras acontecem no Núcleo de Extensão em Educação Tecnologia e Cultura (ETC) da UFSCar, localizado na rua Maria Cinto de Biaggi, 130, no bairro Santa Rosália.

As inscrições devem ser feitas no blog do evento. Outras informações sobre o Seminário podem ser obtidas também pelo telefone (15) 3229-5958 ou pelo e-mail teresamelo@ufscar.br.

quinta-feira, outubro 21, 2010

As eleições e a expansão da universidade

Por Herman Jacobus Cornelis Voorwald *

A poucos dias de o Brasil eleger o futuro presidente da República, os candidatos que concorrem no segundo turno abordaram o tema da educação superior, limitando-o, porém, à inclusão social e à formação de recursos humanos qualificados para o mercado de trabalho.

Em face dos desafios do atual cenário global e da importância estratégica que projeta para a pesquisa científica, as duas candidaturas deveriam explicitar as propostas para a expansão da universidade, pois o desafio de ampliar o acesso ao ensino superior não deve ofuscar a necessidade de gerar conhecimento.

Ainda que a autonomia prevista na Constituição vigorasse de fato para todas as universidades públicas, competem ao governo políticas diretamente relacionadas a essas instituições, não só por meio de fomento, mas também para a expansão delas, muitas vezes sob a pressão quase que exclusiva para o aumento de vagas na graduação.

Não faltam dados para comprovar a estreita correlação entre o desenvolvimento econômico de um país e sua geração de conhecimentos. Muito antes do desempenho das nações que mais investiram em pesquisa nas últimas décadas, vários pensadores já haviam apontado a ciência como uma importante força produtiva.

No Brasil, grande parte da produção de estudos nas ciências, nas artes e na tecnologia é desenvolvida nas universidades, principalmente nas públicas, nas quais deve vigorar a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.

Essas considerações remetem às conclusões extraídas de pesquisa que fiz em 31 de maio deste ano com cerca de 1.100 reitores de diversos países presentes à minha conferência "Desafios da universidade ibero-americana diante de um mundo em mudança", em Guadalajara, no México, no 2º Encontro Internacional de Reitores Universia.

Entre os 30 objetivos submetidos à escolha dos reitores, o de maior priorização (57,7%) foi o de "adequar os métodos de ensino e aprendizagem ao objetivo de aquisição de competências dos estudantes".

Esse ponto está diretamente associado à necessidade de bibliotecas bem servidas de livros e periódicos, laboratórios bem equipados e constante adequação dos currículos.

O objetivo com segundo maior índice de priorização (46,9%) foi o de "determinar que tipo de universidades se pretende desenvolver nos próximos anos (objetivos, captação de estudantes, relações com a sociedade, áreas de investigação, estrutura de governo)".

Como já dissemos em outro artigo neste espaço ("O desafio da universidade pública brasileira", 16/ 1/2009), investir em ciência e tecnologia não é luxo de países ricos, pois investimentos expressivos nessa área têm sido a opção estratégica dos que estão colhendo vitórias incontestáveis na competitividade e no comércio exterior.

Mas a geração de conhecimento é essencial também para que o desenvolvimento não se restrinja ao mero crescimento da economia.

Ela deve atuar também em vista da melhor qualidade de vida, da conservação ambiental e da erradicação da miséria.

Desse modo, por mais legítima e prioritária que seja a demanda social pelo maior acesso ao ensino superior, é necessário termos clareza da distinção entre esse tema e o da ampliação da universidade pública. Sem isso, correremos o risco de promover no Brasil uma expansão universitária completamente alheia aos presentes desafios para a produção do conhecimento.


COMENTÁRIO - Há um ou dois anos, o professor Herman ganhou o meu respeito. Na ocasião, participei da abertura de um curso no Memorial da América Latina, com a presença dos reitores da Unesp, Unicamp e USP (representado pelo pró-reitor de graduação). Na ocasião, quando abriram aos questionamentos, perguntei sobre a rápida utilização da Educação a Distância pelas faculdades particulares e a desimportância que as públicas davam para o tema. Meu argumento era de que a EaD seria uma forma de levar o ensino de qualidade para os mais longínquos lugares do país.

Somente o professor Herman teve a coragem de dizer que as universidades públicas não estão debatendo o assunto e que precisariam fazê-lo o quanto antes, sob pena da sociedade não receber das Universidades o retorno que merece por financiar a ciência brasileira por meio de impostos. Um dos reitores chegou ao cúmulo de dizer que a questão não tinha a ver com o assunto do debate. Detalhe: o debate tinha o propósito de discutir a ampliação dos programas de intercâmbio internacional interuniversidades como forma de ampliar a qualidade da ciência praticada.


* Herman Jacobus Cornelis Voorwald é reitor da Unesp (Universidade Estadual Paulista) e professor titular da Faculdade de Engenharia do campus de Guaratinguetá. Artigo publicado na "Folha de SP"

O Partido Sorocabano dos Trilhos

Em 2006, logo depois de Sorocaba ter sido deixada de lado pelo Governo do Estado na escolha dos Polos Tecnológicos (apesar de, à época, o município ter vários deputados na comissão de Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa) escrevi um artigo no Cruzeiro do Sul falando sobre essa falta de consciência sobre a política de Ciência, Tecnologia e Inovação (C&T,I) e as consequências disso.
Minha sugestão era juntar a bagagem histórica sorocabana com estruturas já prontas na cidade e, com isso, desenvolver um trabalho político, empresarial e educacional que tivesse um foco comum. O objetivo é que Sorocaba não perdesse novamente o bonde da história. Felizmente, de lá pra cá, as coisas mudaram nesse cenário. Sorocaba foi aceita como Polo Tecnológico em 2009 e começa a respirar os ares da "Big Science". Após este artigo, recebi vários emails elogiosos, principalmente daqueles saudosistas da antiga Estrada de Ferro Sorocabana.
Uma situação que ficou marcada em minha memória dessa época, foi quando - na posse de um novo secretário de Desenvolvimento Econômico - ter questionado sobre as razões de Sorocaba não ter sido escolhida como uma das cidades Polo e ele, não querendo falar mal de ninguém, argumentou que a cidade de certa forma se beneficiava com a escolha de Campinas, uma vez que fazíamos parte da grande área administrativa campineira.

Partido Sorocabano Dos Trilhos

quarta-feira, outubro 20, 2010

SP promoverá encontro internacional de tecnologia e inovação para pessoas com deficiência

A Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência promoverá entre os dias 21 e 24 de outubro o II Encontro Internacional de Tecnologia e Inovação para Pessoas com Deficiência. Com o apoio da Fundação Faculdade de Medicina da USP e da Rede de Reabilitação Lucy Montoro, o evento será realizado na capital e contará com exposição de inovação em tecnologias assistivas e seminário internacional de tecnologia e inovação.

Em sua segunda edição, o encontro visa incentivar a inovação tecnológica no desenvolvimento de pesquisas, fabricação e comercialização de produtos e serviços voltados ao aumento da autonomia que possam proporcionar maior qualidade de vida às pessoas com deficiência.

A abertura do evento será realizada pela secretária de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Linamara Rizzo Battistella. “Nosso objetivo é fornecer subsídios à elaboração de políticas públicas que possam garantir a igualdade de oportunidade, o combate à discriminação e o empoderamento das pessoas com deficiência”, afirmou a secretária.

As informações para inscrição estão disponíveis no site http://www.sedpcd.sp.gov.br/2-encontro/inscricao.php

Serviço:
II Encontro Internacional de Tecnologia e Inovação para Pessoas com Deficiência
WTC Business Tower
Av. das Nações Unidas, 12.551 – Brooklin Novo
São Paulo - SP

terça-feira, outubro 19, 2010

Nove anos depois...

Com a chegada do Parque Tecnológico em Sorocaba, a cidade passa a ter um outro nível de discussão sobre política de Ciência e Tecnologia. Com outro modelo de desenvolvimento, o Poder Público, as Universidades e as empresas começam a discutir uma nova agenda.
Dia desses, achei esse artigo que escrevi em 2001 no jornal Cruzeiro do Sul e sequer me lembrava de tê-lo feito. Fazendo, então, minha especialização na Unicamp, tinha aulas com os professores do Departamento de Política de Ciência e Tecnologia (DPCT) e tive o privilégio de ter acesso a todo esse conhecimento. Hoje, passados nove anos, fico feliz de ver políticos da cidade incorporando discursos do desenvolvimento via inovação. Nunca é tarde.
(PS - o artigo é velho, mas a charge nunca foi tão atual heheheheh)

Artigo Marcel

sábado, outubro 09, 2010

As duas grandes tendências no mundo dos negócios jornalísticos

Postado por Carlos Castilho no Observatório da Imprensa
 
O jornal impresso que as pessoas recebem de manhã na porta de casa já quase uma relíquia para a grande maioria das indústrias jornalísticas que se transformaram em impérios da comunicação graças às edições em papel.

Contrariando as previsões pessimistas sobre a sobrevivência de grupos como The New York Times, Guardian, O Globo, The Washington Post e The Dallas Morning News , eles hoje passaram a se definir mais como produtores de serviços informativos. O papel e as rotativas já não constam mais do discurso dos principais executivos da indústria dos jornais.

Trata-se de uma mudança importante porque ela trouxe, como consequência, umaextaordinaria diversificação dos canais de informação oferecidos ao público. Ao comemorar 125 anos de existência de seu jornal, há duas semanas, o diretor do diário americano The Dallas Morning News Jim Maroney foi curto e grosso: "Nós não somos mais uma empresa de jornais. A edição impressa é apenas um dos nossos produtos".

Outras indústrias jornalísticas — como o poderoso grupo News Corp., do multimilionário australiano Rupert Murdoch, e Grupo Folha, no Brasil — têm se mostrado mais lentas na transição da cultura do papel para a da segmentação de produtos informativos em plataformas multiplas.

Começam a se esboçar duas tendências: a dos que apostam tudo na multiplicidade de produtos e a dos que colocam suas fichas no nicho da informação impressa de alta qualidade. No primeiro caso estão empresas como o New York Times e o Dallas News , cuja "cara" está hoje muito mais associada aos seus respectivos portais na web do que às primeiras páginas das edições impressas.

Por seu lado, os jornais de Murdoch e a própria Folha de S.Paulo parecem convencidos de que o papel terá vida longa como marca das respectivas empresas, e investem na construção da imagem de provedores de informação qualificada. O grupo News Corp. é hoje o principal defensor do acesso pago à internet, uma estratégia que parece mais preocupada com a valorização dos seus produtos offline do que na rentabilidade dos serviços online.

A reinvenção das empresas jornalisticas mais atentas às transformações provocadas pela emergência da web como canal de comunicação está sendo feita por meio de uma gigantesca operação de mudança de valores entre os encarregados da produção de conteúdos informativos.

O New York Times, por exemplo, criou um sistema de consultas aos seus usuários que os transformou quase em consultores editoriais. Duas vezes ao mês, o jornal envia questionários aos seus usuários na web com perguntas que vão desde consultas sobre a melhor forma de redigir uma notícia, o posicionamentos de editoriais, como cobrir ou não um determinado tema.

O Times está criando também a sua rede social para captura de informações, chamada extra-oficialmente de News.Me (Minhas Notícias). O projeto, que deve ser lançado até o fim do ano, é na verdade uma espécie de Orkut formado por jornalistas amadores, em que os participantes são fornecedores informais de notícias.

A personalização no fornecimento de notícias pela web é uma tendência que vem se consolidando no mercado de informações desde 2008, quando o sistema de buscas Google deu aos leitores do serviço Google News a possibilidade de armarem o seu próprio cardápio informativo.

A oferta de produtos informativos diversificados obriga também as empresas jornalísticas a valorizar muito mais os seus usuários porque eles serão a fonte primordial de notícias, agora não mais produzidas apenas com o material de repórteres, correspondentes ou fornecido por fontes governamentais, corporativas e ONGs.

Jim Maroney, do Dallas Morning News, um veterano jornalista cuja trajetória foi toda ela com base na informação impressa, admitiu numa carta dirigida à Redação: "Nós tinhamos um produto só e queriamos que ele servisse a todos os nossos leitores. Nós eramos como Henry Ford, criador da máxima `você pode escolher o carro que quiser, contanto que seja preto´. Agora nós queremos entregar o jornal que você quiser, no formato que você desejar e na hora em que você precisar".

O projeto News.Me, do NYT, vai ainda mais longe porque incorpora o leitor como produtor de informações. Uma atitude como esta era considerada herética até bem pouco tempo atrás por todos os executivos de indústrias jornalísticas.

Mas toda essa reengenharia corporativa no mundo da imprensa ainda esbarra numa grande dúvida. Como os novos projetos se tornarão sustentáveis no médio e longo prazos, num ambiente informativo onde a grande incógnita é o comportamento do público?

sexta-feira, outubro 08, 2010

A United, a guitarra e o real prejuízo

No ano passado, publiquei essa história (contada no Blog do Nassif) e republico hoje, porque a história e a música são muito boas. (As cenas dos caras arremessando as malas e a guitarra são impagáveis. hehehe)

O cara (músico profissional) viajava de avião num trecho nos EUA. A United Airlines embarcou e devolveu a sua guitarra "Taylor" quebrada. Ele tentou de todo jeito ser indenizado. Ficava em + ou - US$ 2.000,00.
Depois de várias tentativas e muita canseira, ficou injuriado, fez um clip baratinho e postou no YouTube.
Mais de 4,5 milhões de acessos e 30 mil avaliações 5 estrelas. Virou hit!
A United Airlines já apresentou várias propostas para tirar o clip do ar.
Mas agora, segundo ele, o tempo dos “espertos” da United passou. O clip continua no ar.

Em tempo: Hoje, o clipe tem mais de 9 milhões de acessos.

quarta-feira, outubro 06, 2010

Ao Maia, minha saudação Namastê

Hoje, esse blog fica em luto por um cara que veio trazer felicidade ao mundo. O dançarino Maia Júnior, frequentador antigo do Arara Aurora e que recebia a todos com o seu peculiar "Namastê", morreu no início desta noite de quarta-feira. Com lenço na cabeça e sorriso no rosto, ele era um cara de papo fácil, alegre, divertido. Daqueles que só pessoas de bem com a vida conseguem estampar diariamente. Maia era um dos poucos seguidores deste blog. Perdemos alguém de bem entre nós. Perdemos muito. Mas Maia ficará eternamente em minha lembrança assim: sorrindo e dançando.

Em seu blog, Maia tinha estampada a frase de Nietzsche: "E que seja considerado perdido o dia, em que não se dançou ao menos uma vez". Pois é, Maia, neste dia de hoje, nós é que "dançamos" e ficamos perdidos, justamente porque não te veremos mais dançar, sorrir, bailar. Namastê, Maia.

terça-feira, outubro 05, 2010

DeLorean vai ser leiloada

Por Portal Terra
A casa de leilões Profiles in History anunciou nesta segunda-feira um leilão benéfico previsto para 6 de novembro que terá como protagonista um exemplar do carro usado como máquina do tempo na clássica saga cinematográfica De Volta Para O Futuro.

Reprodução "mais exata" do DeLorean DMC-12 usado nos três filmes da trilogia, o veículo está avaliado entre US$ 80 mil e US$ 100 mil. Ele faz parte da coleção do roteirista e produtor do filme Bob Gale.

Junto ao DeLorean, Gale doou também a jaqueta futurista do ano 2015 que era usada pelo protagonista Marty McFly (Michael J. Fox) na segunda parte da saga, cotada em US$ 50 mil, bem como o almanaque de esportes 1950-2000, que pode rondar os US$ 5 mil.

A renda do leilão será destinada à organização caridosa Variety-The Children"s Charity of Southern California e à fundação Team Fox, dedicada ao estudo do mal de parkinson, criada pelo ator Michael J. Fox - que sofre da doença.

Junto aos objetos de De Volta Para O Futuro, serão leiloadas também cerca de 150 peças. Entre elas, destaca-se uma edição especial do primeiro número da história em quadrinhos do Super-Homem, cujo preço se estima em até US$ 200 mil, e o vestido de Megan Fox em "Transformers: A Vingança Dos Derrotados" (2009), cotado em US$ 2 mil.

O leilão será realizado em 6 de novembro, na sede do Universal Studios Hollywood, em Los Angeles