segunda-feira, maio 31, 2010

A Web impulsiona o crescimento da narrativa jornalística visual



Postado por Carlos Castilho no Observatório da Imprensa


A expressão jornalismo visual é quase uma redundância porque a maior parte do que lemos e vemos é percebido pelo nosso cérebro por meio do sentido da visão. Mas a diferença se faz necessária por conta da idéia de que o texto não é uma imagem, o que é falso, mas acabou sendo validado pela prática das redações.

Tudo isto como um esclarecimento prévio à entrada no tema do post, que é o aumento acelerado do uso de imagens como canal para acesso a notícias e informação. O jornalismo que até agora era quase um sinônimo de texto começa a ser cada vez mais visual, graças principalmente à vertiginosa expansão de serviços online como o YouTube, Hulu e Vimeo.

Os primeiros a embarcar na nova onda do visual online foram os publicitários e marqueteiros que passaram a incorporar o vídeo como peça fundamental de qualquer publicidade na Web. Em 2009, nada menos que 187 bilhões de vídeos foram visualizados por usuários da rede em todo mundo e as previsões para 2010 já passam dos 200 bilhões.

Redações enxutas, equipes muito jovens

Por Débora Didonê em 25/5/2010 - retirado do Observatório da Imprensa

Enquanto seres humanos, pensamos com as palavras – por meio das quais damos sentido ao que somos e ao que nos acontece. Mas enquanto sociedade da informação só nos interessa saber sobre tudo para poder opinar sobre tudo – sem tempo para viver experiências. Esta é uma reflexão do espanhol Jorge Larrosa Bondía, especialista em Filosofia e Educação da Universidade de Barcelona, e foi trazida à tona pela jornalista e crítica de teatro Beth Néspoli durante o II Congresso de Jornalismo Cultural, realizado em maio, em São Paulo. Seu discurso inflamado conquistou olhares e ouvidos do público, atentíssimo à maneira como a palestrante interpretava a função social da comunicação. Apoiada em Bondía, Beth frisou: "Porque estamos sempre mobilizados, não podemos parar. Porque não podemos parar, nada nos acontece."

Músicas da juventude

quinta-feira, maio 27, 2010

O trabalho em rede e a dinâmica do conhecimento

Publiquei esse vídeo do Rafinha 2.0 no final do ano passado. Republico aqui. O vídeo é de 2007 mas mostra um panorama macro de como a rede evoluiu e como a geração Y (que era então chamada de geração C) tem avançado e atraído a atenção dos mercados produtores. Logo abaixo, outro vídeo de como o conhecimento está pulverizado e como a informação chega ao jovem nos dias de hoje. São novos modelos, novos métodos, longe do tradicional.. mais atraentes, mais dinâmicos e cada vez mais rápidos. A junção desses dois vídeos mostram um pouco do que vem se tornando todo esse trabalho em rede e a nova criação do conhecimento. Espero que curtam. Comentários são bem vindos.




Uma revolução possível

Dia desses, dava aula na universidade e perguntei aos alunos (perfil diverso, desde bem jovens a pessoas com 40 e poucos anos) quem tinha um blog. Para o meu espanto, ninguém levantou a mão. Ok, ninguém ali era jornalista ou trabalha com comunicação. Pensei que um blog poderia ser uma ferramenta difícil de abastecer diariamente para aquele público em específico.

"E twitter?", arrisquei. Neca de pitibiriba. Alguns tinham seu perfil registrado no Orkut e ponto final. Achei que, nos dias atuais, poucos não tivessem algum tipo de acesso à rede mundial, uma vez que a internet é ponto central de troca de informações e de negócios com o mundo. Percebi, então, que há muita gente ainda de fora dessa imensa onda digital que cresce a cada ano e, num futuro próximo, irá dominar alguns meios tradicionais. Por conta disso, resolvi publicar esse texto abaixo. Feito em 2008 para o curso de Jornalismo 2.0 que fiz no Knight Center for Journalism, acho que ele ajuda a compreender algumas mudanças que a internet tem passado. Atualmente, já estamos na Web 3.0, mas vamos por partes.

PS - Se alguém quiser fazer reparos no texto ou alguma colocação, sinta-se à vontade. Vamos construir juntos. Boa leitura.


Uma revolução possível

Há uma mudança clara entre a web 1.0 e sua sucessora, a web 2.0. A Web 2.0 chegou para democratizar ainda mais a informação e convidar o 'cidadão comum' a participar da criação do processo de geração do conhecimento junto a especialistas. Foi uma mudança de paradigma na internet em todo o mundo, que envolveu mudanças estruturais, sociológicas e mudanças tecnológicas.

Ciao Luigia

Tem dias que eu gostaria de apagar da vida. Esta quarta-feira bem que poderia ser um desses na minha. Sabe aqueles dias em que você abre o email e é surpreendido pela mensagem da morte de uma pessoa querida?

E então, como num piscar de olhos, você associa a um pedido feito um mês antes em que você não deu retorno por conta da correria da vida... Soma a isso uma pequena informação passada há dois anos e que passou despercebida... Só então percebe que este presente é resultado de um enorme jogo de xadrez que é a vida. Peça a peça, passo a passo, jogada a jogada... Sem surpresas, sem milagres, sem mágica. Tudo resultado de um plantio passado.

Pois, deste passado, guardarei os 15 dias que convivi em um alojamento a 3800 metros de altura, com dificuldades mil e muito calor humano. Ombros amigos que amparavam amigos; verdadeiros amigos. Luiggia foi uma delas. Guardo o sabor daquele macarão a carbonara servido em ambiente inóspito, daquelas palavras amigas em dias inteiros acamado, do sorriso acolhedor forte e único de uma verdadeira mamma italiana a cada reencontro.

A vida nos prega peças, essa é mais outra delas. Mas como queria ter ficado fora dessa.

Ciao, Luiggia. Grazie.

sexta-feira, maio 21, 2010

Homem sem fome, jornalismo inapetente

Por Eugênio Bucci em 21/5/2010
Reproduzido do Estado de S.Paulo


O mestre iogue Prahlad Jani, da Índia, tem 83 anos. Afirma que há mais de 70 não come nada. E passa bem. Há poucos dias, ele se deixou internar num hospital na cidade de Ahmedabad, onde uma equipe de 30 médicos, escolhida pelo Ministério da Defesa indiano, dedicou-se a monitorá-lo minuto a minuto. Os resultados divulgados são simplesmente inacreditáveis: ao menos durante o período em que esteve sob vigilância, o religioso efetivamente não ingeriu nem expeliu coisa alguma.

Como? É verdade? Bem, quem quiser saber mais sobre a história talvez apanhe um pouco. As notícias são escassas e vagas. Há referências a Prahlad Jani em sites variados, mas a internet é generosa e abundante em relatos que não merecem crédito. De calúnias contra os candidatos à Presidência da República (fantasias de mau gosto) a depoimentos minuciosos sobre excursões em discos voadores (mirações "do bem"), o inacreditável é o que não falta.

O caso do iogue, porém, foi registrado no Brasil em publicações sérias. Dou apenas dois exemplos. O Estado de S.Paulo, em sua edição de 11 de maio, deu poucas linhas a respeito, na página A20: "Iogue hindu não come nem bebe". No sábado, a revistaÉpoca trouxe algo mais alentado: duas páginas com mais dados e algumas ironias – como chamar o iogue de "autossustentável" e afirmar que, ao não comer nada, o mestre hindu realizou "o sonho de boa parte das mulheres".

Saúde perfeita

Piadas à parte, das duas, uma: ou estamos diante de um embuste desprezível (e ainda não desmascarado) ou diante de um fenômeno que põe em xeque o que imaginamos saber sobre biologia. Difícil pensar num acontecimento mais interessante e de maior relevância. Mesmo assim, a maior parte da imprensa dá de ombros. A revistaÉpoca, que procurou apurar um pouco mais, foi ouvir o médico cardiologista Nabil Ghorayeb, do Hospital do Coração, em São Paulo, que descartou a hipótese sem a menor hesitação: "Isso não existe, você não pode ficar sem nutrientes. De algum lugar ele tem de tirar." É como se ele decretasse: se esse tal de Prahlad Jani existe de verdade, ele precisa ser "desinventado" o quanto antes, pois não anda muito de acordo com os nossos cânones.

É claro que Ghorayeb tem sua razão: não há registro de uma célula que viva e se reproduza sem captar do exterior os tais "nutrientes", devolvendo ao exterior, depois, os, digamos assim, dejetos. Mas, se o cardiologista está certo, esse iogue é um impostor? A incerteza do leitor aumenta.

De seu lado, Prahlad Jani está aí, imperturbável. Ele não está lá longe, na cidade indiana de Ahmedabad: está bem próximo, na página do Estadão e também nas duas páginas da Época. Ele foi registrado como um fato jornalístico, ainda que meio discutível. Aparece no noticiário com algum índice de veracidade. Mais ainda: vem sendo estudado por um grupo de cientistas, dentro de parâmetros metodológicos aparentemente rigorosos. E se aí está, com o estatuto de fato jornalístico, por que não surgem reportagens mais conclusivas sobre ele? Por que a indiferença?

É bom anotar, estamos falando de uma indiferença reincidente. Há poucos anos, em 2003, uma pesquisa semelhante com o mesmo personagem apareceu na nossa imprensa e, também naquela ocasião, nada mais se falou. Agora, nesta semana, ele reaparece. Com a saúde perfeita, afirmam os médicos que o examinaram. Mentira? Verdade?

Desejo de viver

Às vezes bate na gente a sensação de que o mais fascinante da existência passa a milhares de quilômetros dos jornais que a gente lê. Às vezes o leitor experimenta o incômodo de se sentir mais curioso do que o jornalista que é pago para informá-lo. Esse iogue vem para nos fazer experimentar o mesmo incômodo. Ou os jornais demonstram a farsa, ou têm de ir mais fundo. Quando não optam nem por uma alternativa nem por outra, parece que não se incomodam com aquilo que nos aproxima da fronteira do desconhecido, o que deveria ser parte da inquietação jornalística.

Há mais de 20 anos eu li pela primeira vez a comparação que depois se tornaria um lugar-comum nos debates sobre a mídia: uma única edição do jornal The New York Times contém "mais informação do que o comum dos mortais poderia receber durante toda a sua vida na Inglaterra do século 17". A frase aparece no livro Ansiedade de Informação, de Richard Saul Wurman. Nunca acreditei muito nela, por um motivo elementar: o que os jornais chamam de informação é uma parte ínfima, exígua, das múltiplas manifestações com que fazemos contato diariamente. Quais eram as informações relevantes para um inglês do século 17? O dia em que as folhas começavam a cair das árvores? O sonho que ele teve na véspera? A gente não sabe – e esse tipo de coisa não sai no New York Times.

No mais, acreditamos que o desconhecido seja matéria para a ciência, não para o jornalismo. E quanto à ciência, ela mesma não passa de uma chama de vela tentando iluminar a escuridão, como Carl Sagan gostava de dizer. Em matéria de ciência, nós não sabemos quase nada. E em matéria de jornalismo, nós nos perguntamos menos ainda. Inclusive sobre ciência.

E então? Quem é esse homem que diz não precisar do "pão nosso de cada dia"? Por acaso ele sabe rezar o Pai-Nosso? Ou também não precisa? Num mundo sufocado pelas necessidades artificiais, em que vamos aos tropeções, em massas compactas de seres que se sentem solitários, famintos de afeto, de prazeres intoxicantes, de deuses que nos acudam, de um copo d´água, de uma esmola, de aparecer na coluna social fazendo caridade, de azeite "trufado", qual o significado de um iogue que não sente fome? Será que ele sente desejo? Talvez até exista vida depois da morte, mas pode existir vida além do desejo de viver? Que pergunta nos espreita nos olhos plácidos de Prahlad Jani?

E que jornalismo é o nosso, que não encara essa pergunta?

O jornalismo fantástico

Por Luciano Martins Costa
(no site do Observatório da Imprensa) 


Os principais jornais brasileiros entram na onda de espetacularizar a notícia e anunciam que o ser humano acaba de criar a vida.O Globo é o mais enfático: "Criada vida artificial", diz a manchete do jornal carioca. A Folha de S.Paulo vai na mesma linha e apregoa: "Ciência cria primeira célula sintética". O Estado de S.Paulo, mais comedido, informa que "Cientistas anunciam ter criado forma `sintética´ de vida".

No interior dos jornais, logo após os textos explicativos fornecidos por agências internacionais a partir de artigo publicado na revista Science, alguns especialistas reduzem o impacto das manchetes.

A rigor, segundo especialistas citados pelos jornais, os cientistas financiados pela empresa americana Synthetic Genomics não criaram vida a partir do nada. O que eles fizeram foi mapear rigorosamente o DNA de uma bactéria, guardar essas informações em um computador e depois introduzi-las em uma célula de uma bactéria de outra espécie "esvaziada" de material genético.

Reativada com as informações armazenadas no computador, a bactéria que estava inativa voltou à vida e suas células se reproduziram, replicando as características impressas pelos pesquisadores.

Vida inteligente

Trata-se, segundo alguns especialistas citados pelos jornais, de uma espetacular façanha técnica, mas não de uma revolução científica, como fazem crer as manchetes.

O líder da equipe de pesquisadores é o geneticista americano James Craig Venter, um dos autores do projeto Genoma e também dono da empresa que irá se beneficiar da patente gerada pelo projeto, o que pode contaminar sua avaliação científica.

Mesmo com sua enorme importância para o conhecimento humano, a proeza dos cientistas da Synthetic Genomics ainda não significa, como dão a entender os jornais, a criação sintética de vida – o que remete a certo vício da imprensa.

Seja em relação à ciência, à economia ou à política, os jornais seguem mapeando a história a partir de fatos espetaculosos, como se coubesse à imprensa determinar onde devam se situar os grandes eventos da humanidade.

Talvez seja mesmo mais fácil criar vida sintética nas páginas do jornal do que encontrar vida inteligente no mundo real.

quarta-feira, maio 19, 2010

O príncipe desconhecido


A história dessa música Nessun Dorma é muito interessante. Ainda mais bonita é esta execução por Luciano Pavarotti. A potência final que ele aplica à música é algo de arrepiar. Na internet, há várias apresentações de Pavarotti,  mas acho que nenhuma é tão emocionante como esta.


Il principe ignoto
Nessun dorma! Nessun dorma! Tu pure, o Principessa,
nella tua fredda stanza
guardi le stelle
che tremano d'amore e di speranza...
Ma il mio mistero è chiuso in me,
il nome mio nessun saprà!
No, no, sulla tua bocca lo dirò,
quando la luce splenderà!
Ed il mio bacio scioglierà il silenzio
che ti fa mia.
Voci di donne
Il nome suo nessun saprà...
E noi dovrem, ahimè, morir, morir!
Il principe ignoto
Dilegua, o notte! Tramontate, stelle!
Tramontate, stelle! All'alba vincerò!
Vincerò! Vincerò!

Give It Away

quarta-feira, maio 12, 2010

Evento discute sobre o Parque Tecnológico de Sorocaba

Retirado do site da Prefeitura de Sorocaba

A Agência de Inovação (Inova) de Sorocaba, realiza no próximo dia 19, no auditório da Flextronics Institute Tecnology (FIT), o workshop "Parque Tecnológico de Sorocaba, Desafios e Oportunidades". O objetivo é o de sensibilizar academias, empresas e poder público sobre a importância, estratégia e emergência de um ambiente inovativo em Sorocaba, especificamente o Parque Tecnológico de Sorocaba.

O workshop que será aberto pelo prefeito Vitor Lippi, às 9h, terá cinco palestrantes com larga experiência no assunto: Guilherme Ary Plonski, fará um "Panorama dos Parques Tecnológicos"; Pedro Primo Bombonatto, coordenador de Ciência, Tecnologia e Inovação da Secretaria de Desenvolvimento do Estado de São Paulo, falará sobre o Sistema Paulista de Parques Tecnológicos e Marco Antonio Raupp, falará sobre o Parque Tecnológico de São José dos Campos, o qual dirige.

Ana Lúcia Torkomian, secretária adjunta de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério da Ciência e Tecnologia, abordará sobre "As Políticas de Inovação"; e a professora Désirée M. Zouain, gerente de projetos do Núcleo de Políticas e Gestão Tecnológica da USP e Especialista no tema, falará sobre "Conceitos sobre o Projeto de Sorocaba".

Guilherme Ary Plonski é presidente da Associação Nacional das Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec), diretor da Associação Nacional de Pesquisa, Desenvolvimento e Engenharia das Empresas Inovadoras (Anpei). É mestre e doutor em Engenharia de Produção pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP). Integra o Conselho Deliberativo do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e o Conselho Estadual de Ciência e Tecnologia de São Paulo (Concite).

De acordo com o secretário de Desenvolvimento Econômico, o evento foi programado em função da perspectiva de instalação do Parque Tecnológico de Sorocaba. "É necessário um esforço articulado para planejamento e organização da sua instalação", explicou ele, ressaltando que os efeitos que esse tipo de empreendimento provoca podem ser considerados em duas vertentes: hardware e software.

O secretário cita que nesse sentido a prefeitura mantém esforços significativos com recursos e parcerias para desenvolver estruturas físicas coerentes com o projeto. Na vertente software, destaca-se o papel da articulação, sendo necessário dotar os entes representativos da sociedade civil de informações circunstanciadas e balizadas sobre as principias experiências e referências no tema. "Sendo assim a Inova, na qual a Prefeitura tem um representante, está promovendo um evento de grande porte, com o objetivo de dotar a sociedade de informações qualificadas", concluiu.

terça-feira, maio 11, 2010

SBPC repudia matéria da Veja

A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) repudiou por meio de nota a matéria "Farra da Antropologia Oportunista" publicada pela revista Veja. Leia abaixo a íntegra da nota da SBPC: "A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) vem a público hipotecar inteira solidariedade a sua filiada, a Associação Brasileira de Antropologia (ABA), que em notas de sua diretoria e da Comissão de Assuntos Indígenas repudiou cabalmente matéria publicada pela revista 'Veja' em sua edição de 5 de maio do corrente, intitulada "Farra da Antropologia Oportunista".

Registra, também, que a referida matéria vem sendo objeto de repulsa por parte de cientistas e pesquisadores de diversas áreas do conhecimento, os quais inclusive registram precedentes de jornalismo irresponsável por parte da referida revista, caracterizando assim um movimento de indignação que alcança o conjunto da comunidade científica nacional.

Por outro lado, a maneira pela qual foram inventadas declarações, o tratamento irônico e preconceituoso no que diz respeito às populações indígenas e quilombolas e a utilização de dados inverídicos evidenciam o exercício de um jornalismo irresponsável, incitam atitudes preconceituosas, revelam uma falta total de consideração pelos profissionais antropólogos - cuja atuação muito honra o conjunto da comunidade científica brasileira - e mostram profundo e inconcebível desrespeito pelas coletividades subalternizadas e o direito de buscarem os seus próprios caminhos.

Tudo isso indo em direção contrária ao fortalecimento da democracia e da justiça social entre nós e à constituição de uma sociedade que verdadeiramente se nutra e se orgulhe da sua diversidade cultural. Adicionalmente, a SBPC declara-se pronta a acompanhar a ABA nas medidas que julgar apropriadas no campo jurídico e a levar o seu repúdio ao âmbito da 4ª. Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e
Inovação, que se realizará no final deste mês de maio em Brasília."

COMENTÁRIO - Não sei o que os jornalistas da Veja acham, mas ser acusado de cometer jornalismo irresponsável pela Associação Brasileira de Antropologia e depois pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência é, no mínimo, vergonhoso. Representativamente, é a ciência brasileira falando que a revista Veja está errada. O pior é a Veja continuar orgulhosa em seu salto alto. Sentimento puro de quarto poder que sempre esteve por cima e não tinha que prestar contas. Mas a internet chegou justamente para pôr fim a isso. A sociedade agradece.

sexta-feira, maio 07, 2010

Com Newsweek à venda, uma era se desfaz

do Blog Jornalismo nas Américas

Durante várias décadas, as revistas Time e Newsweek lutaram para definir a agenda americana de notícias. Mas com o anúncio, esta semana, de que aWashington Post Co. pretende vender a Newsweek, a era das revistas semanais parece estar chegando ao fim, analisa o New York Times. (Leia a matéria em português)

Publicada há 77 anos, a semanal vem enfrentando graves problemas financeiros: teve prejuízos de US$ 28,1 milhões em 2009, com a diminuição da publicidade e da receita com assinantes, diz o NYT. A circulação, de 3,14 milhões no começo do ano 2000, caiu para 1,97 milhão no fim de 2009. Em 2009, a Newsweekcortou funcionários e tentou se salvar publicando mais artigos de opinião e análise.

A imprensa americana apontou que as revistas semanais estão perdendo lugar num ambiente em que os assuntos são fragmentados e a internet torna as notícias ultrapassadas. "Estamos todos numa crise existencial", disse o editor da Newsweek, Jon Meacham. Mas ele disse acreditar que as semanais ainda têm um papel importante a cumprir: "Numa era em que existem tão poucos denominadores comuns em nossa cultura (...), não existem muitos outros lugares onde você tenha a oportunidade de ter uma conversa comum." A Newsweek colocou em seu site a entrevista em que Meacham comenta a situação da revista.

Ajuda

Preciso da ajuda dos mais entendidos em informática. Alguém sabe se consigo publicar só uma parte da notícia aqui no blogger? Ao invés de publicar todo o texto, gostaria de publicar só o início, deixando um link para que o internauta pudesse acessar todo o conteúdo. Qualquer ajuda é bem vinda. 

quinta-feira, maio 06, 2010

“Nota da ABA sobre matéria da revista ‘Veja

Publicado no Jornal da Ciência

Frente à publicação de matéria intitulada 'A farra da antropologia oportunista' (Veja ano 43 nº 18, de 05/05/2010), a diretoria da Associação Brasileira de Antropologia (ABA), em nome de seus associados, clama pelo exercício de jornalismo responsável, exigindo respeito à atuação profissional do quadro de antropólogos disponível no Brasil, formados pelos mais rigorosos cânones científicos e regidos por estritas diretrizes éticas, teóricas, epistemológicas e metodológicas, reconhecidas internacionalmente e avaliadas por pares da mais elevada estatura cientifica, bem como por autoridades de áreas afins.

A ABA reserva-se ao direito de exigir dos editores da revista semanal 'Veja' que publique matéria em desagravo pelo desrespeito generalizado aos profissionais e acadêmicos da área."

"Nota da Comissão de Assuntos Indígenas-CAI/ABA

A reportagem divulgada pelo último número da revista 'Veja', provocativamente intitulada "Farra da Antropologia oportunista", acarretou uma ampla e profunda indignação entre os antropólogos, especialmente aqueles que pesquisam e trabalham com temas relacionados aos povos indígenas. Dados quantitativos inteiramente equivocados e fantasiosos (como o de que menos de 10% das terras estariam livres para usos econômicos, pois 90% estariam em mãos de indígenas, quilombolas e unidades ambientais!!!) conjugam-se à sistemática deformação da atuação dos antropólogos em processos administrativos e jurídicos relativos a definição de terras indígenas.

Afirmações como a de que laudos e perícias seriam encomendados pela Funai [Fundação Nacional do Índio] a antropólogos das ONGs e pagos em função do número de indígenas e terras "identificadas" (!) são obviamente falsas e irresponsáveis. As perícias são contratações realizadas pelos juízes visando subsidiar técnica e cientificamente os casos em exame, como quaisquer outras perícias usuais em procedimentos legais. Para isto o juiz seleciona currículos e se apóia na experiência da PGR e em consultas a ABA para a indicação de profissionais habilitados. Quando a Funai seleciona antropólogos para trabalhos antropológicos o faz seguindo os procedimentos e cautelas da administração pública. Os profissionais que realizam tais tarefas foram todos formados e treinados nas universidades e programas de pós-graduação existentes no país, como parte integrante do sistema brasileiro de ciência e tecnologia. A imagem que a reportagem tenta criar da política indigenista como uma verdadeira terra de ninguém, ao sabor do arbítrio e das negociatas, é um absurdo completo e tem apenas por finalidade deslegitimar o direito de coletividades anteriormente subalternizadas e marginalizadas.

Não há qualquer esforço em ser analítico, em ouvir os argumentos dos que ali foram violentamente criticados e ridicularizados. A maneira insultuosa com que são referidas diversas lideranças indígenas e quilombolas, bem como truncadas as suas declarações, também surpreende e causa revolta. Subtítulos como "os novos canibais", "macumbeiros de cocar", "teatrinho na praia", "made in Paraguai", "os carambolas", explicitam o desprezo e o preconceito com que foram tratadas tais pessoas. Enquanto nas criticas aos antropólogos raramente são mencionados nomes (possivelmente para não gerar demandas por direito de resposta), para os indígenas o tratamento ultrajante é na maioria das vezes individualizado e a pessoa agredida abertamente identificada. Algumas vezes até isto vem acompanhado de foto.

A linguagem utilizada é unicamente acusatória, servindo-se extensamente da chacota, da difamação e do desrespeito. As diversas situações abordadas foram tratadas com extrema superficialidade, as descrições de fatos assim como a colocação de adjetivos ocorreram sempre de modo totalmente genérico e descontextualizado, sem qualquer indicação de fontes. Um dos antropólogos citado como supostamente endossando o ponto de vista dos autores da reportagem afirmou taxativamente que não concorda e jamais disse o que a revista lhe atribuiu, considerando a matéria "repugnante". O outro, que foi presidente da Funai por 4 anos, critica duramente a matéria e destaca igualmente que a citação dele feita corresponde a "uma frase impronunciada" e de "sentido desvirtuante" de sua própria visão. Como comenta ironicamente o jornalista Luciano Martins Costa, na edição de 03-05-2010 do Observatório da Imprensa, "Veja acaba de inventar a reserva de frases manipuladas".

A agressão sofrida pelos antropólogos não é de maneira alguma nova nem os personagens envolvidos são desconhecidos. Um breve sobrevoo dos últimos anos evidencia isto. O antropólogo Stephen Baines em 2006 concedeu uma longa entrevista a Veja sobre os índios Waimiri-Atroari, população sobre a qual escrevera anos antes sua tese de doutoramento. A matéria não saiu, mas poucos meses depois, uma reportagem intitulada "Os Falsos Índios", publicada em 29 de março de 2006, defendendo claramente os interesses das grandes mineradoras e empresas hidroelétricas em terras indígenas, inverteu de maneira grosseira as declarações do antropólogo (pg. 87). Apesar dos insistentes pedidos do antropólogo para retificação, sua carta de esclarecimento jamais foi publicada pela revista. O autor da entrevista não publicada e da reportagem era o Sr. Leonardo Coutinho, um dos autores da matéria divulgada na última semana pelo mesmo meio de comunicação.

Em 14-03-2007, na edição 1999, entre as pgs. 56 e 58, uma nova invectiva contra os indígenas foi realizada pela Veja, agora visando o povo Guarani e tendo como título "Made in Paraguai – A FUNAI tenta demarcar área de Santa Catarina para índios paraguaios, enquanto os do Brasil morrem de fome". O autor era José Edward, parceiro de Leonardo Coutinho, na matéria citada no parágrafo anterior. Curiosamente um subtítulo foi repetido na matéria da semana passada – "Made In Paraguay". O então presidente da ABA, Luis Roberto Cardoso de Oliveira, solicitou o direito de resposta e encaminhou um texto à revista, que nem sequer lhe respondeu.

Poucos meses depois a revista Veja, em sua edição 2021, voltou à carga com grande sensacionalismo. A matéria de 15-08-2007 era intitulada "Crimes na Floresta – Muitas tribos brasileiras ainda matam crianças e a FUNAI nada faz para impedir o infanticídio" (pgs. 104-106). O subtítulo diz explicitamente que o infanticídio não teria sido abandonado pelos indígenas em razão do "apoio de antropólogos e a tolerância da FUNAI." A matéria novamente foi assinada pelo mesmo Leonardo Coutinho. Novamente o protesto da ABA foi ignorado pela revista e pode circular apenas através do site da entidade.

Em suma, jornalismo opinativo não pode significar um exercício impune da mentira nem práticas sistemáticas de detratação sem admissão de di reito de resposta. O mérito de uma opinião decorre de informação qualificada, de isenção e equilíbrio. Ao menos no que concerne aos indígenas as matérias elaboradas pela Veja, apenas requentam informações velhas, descontextualizadas e superficiais, assumindo as características de uma campanha, orquestrada sempre pelos mesmos figurantes, que procuram pela reiteração inculcar posturas preconceituosas na opinião pública.

No acima citado comentário do Observatório da Imprensa o jornalista Luciano Martins Costa aprendeu muito bem e expôs sinteticamente o argumento central da revista no que concerne a assuntos indígenas: "A revista afirma que existe uma organização altamente articulada que se dedica a congelar grandes fatias do território nacional, formada por organizações não governamentais e apoiada por antropólogos. Essa suposta "indústria da demarcação" seria a grande ameaça ao futuro do Brasil." Este é o argumento constante que reúne não só a matéria da semana passada, ma s as intervenções anteriores da revista sobre o tema. Os elos de continuidade fazem lembrar uma verdadeira campanha.

Numa análise minuciosa desta revista, realizada em seu site, o jornalista Luis Nassif fala de uma perigosa proximidade entre lobistas e repórteres nas revistas classificadas como do estilo "neocon". A presença de "reporteres de dossier" é uma outra característica deste tipo de revista. À luz destes comentários caberia atentar para a lista de situações onde a condição de indígenas é sistematicamente questionada pela revista. Aí aparecem os Anacés, que vivem no município de São Gonçalo do Amarante (onde está o porto de Pecem, no Ceará); os Guarani-M'bià, confrontados por uma proposta do megainvestidor Eike Batista de construção de um grande porto em Peruíbe, São Paulo; e os mesmos Guaranis de Morro dos Cavalos (SC), que lutam contra interesses poderosos, sendo qualificados como "paraguaios" (tal como, aliás, os seus parentes Kayowá e Nandevá do Mato Grosso do Sul, em confronto com o agro-negócio pelo reconhecimento de suas terras).

Como o objetivo último é enfraquecer os direitos indígenas (que naturalmente se materializam em disputas concretas muitas vezes com poderosos interesses privados), os alvos centrais destes ataques tornam-se os antropólogos, os líderes indígenas e os seus aliados (a matéria cita o Conselho Indigenista Missionário/CIMI por várias vezes e sempre de forma igualmente desrespeitosa e inadequada).

É neste sentido que a CAI vem expressar sua posição quanto a necessidade de uma responsabilização legal dos praticantes de tal jornalismo, processando-os por danos morais e difamação. Neste momento a Presidência da ABA, está em conjunto com seus assessores no campo jurídico, visando definir a estratégia processual de intervenção a seguir.

Dada a assimetria de recursos existentes, contamos com a mobilização dos antropólogos e de todos que se preocupam com a defesa dos direitos indígenas para , através de sites, listas na Internet, discussões e publicações variadas, vir a contribuir para o esclarecimento da opinião pública, anulando a ação nefasta das matérias mentirosas acima mencionadas. Que não devem ser vistas como episódios isolados, mas como manifestações de um poder abusivo que pretende inviabilizar o cumprimento de direitos constitucionais, abafando as vozes das coletividades subalternizadas e cerceando o livre debate e a reflexão dos cidadãos. No que toca aos indígenas em especial a Veja tem exercitado com inteira impunidade o direito de desinformar a opinião pública, realimentar velhos estigmas e preconceitos, e inculcar argumentos de encomenda que não resistem a qualquer exame ou discussão."

João Pacheco de Oliveira

Coordenador da Comissão de Assuntos Indígenas/CAI

Aqui o link para o PDF (no site da ABA):

http://www.abant.org.br/conteudo/005COMISSOESGTS/Documentos%20da%20CAI/NotaCAI-ABA.pdf

É isso aí. Não partilho que a revista VEJA deve ser apenas responsabilizada crininalmente a pagar uma indenização para os injuriados pela reportagem (e pelas reportagens). É papel relevante sim, desmentir com argumentos os absurdos que a revista publica. Estas duas ações são necessárias.

Saudações.

COMENTÁRIO - A pergunta que fica é: até quando a revista Veja acha que irá conseguir levar essa política em sua redação? O trabalho em rede que cresce a cada dia amplia o nível crítico de leitura da população que, consequentemente, deixa de consumir produtos que se sujeitam a divulgar informações inventadas como essa. É um tiro no pé. Não só do ponto de vista jurídico, pois vem processo pela frente, como também jornalístico. A dimensão de um grave problema como esse se alastra pela rede e suja a imagem da Veja. Haverá uma hora que o anunciante não aceitará mais sua marca atrelada a um produto que é acusada de inventar frases e não aceitar o contraditório. A manutenção dessa política tem um caminho certo e que todos sabemos. Mas qual será o ponto da curva? Só a Veja sabe.

Do tempo que eu tinha cabelo

Essa é a versão original da música Orgasmatron, que fez sucesso com a banda brasileira Sepultura. É um clássico da banda Motorhead, com o vozeirão do baixista e vocalista Lemmy Killmister. Essa música, executada pelo Sepultura, colocou o trash metal em alta no Brasil. Foi um momento em que bandas de metal tocavam a todo momento na MTV. Quem me conheceu nesta época, deve se lembrar do meu inseparável boné do Motorhead, que continha essa caveira, símbolo da banda. Houve uma situação muito engraçada em que uma professora - até hoje não entendo por qual razão - me disse em tom de desabafo: "não tenho medo do seu boné". hehehhee e eu, ali, na carteira, na frente dela, sem entender nada. Ah, o detalhe é que tenho esse boné guardado até hoje.

quarta-feira, maio 05, 2010

Dicas para exercitar o seu cérebro

Matéria de Luiz Augusto Siqueira, Do portal R7 (www.r7.com)

Especialistas em neuróbica recomendam vários tipos de exercícios para o cérebro. Podem ser atividades simples como trocar o relógio de pulso ou mudar o trajeto para o trabalho.
Ou tarefas mais complicadas, como se vestir de olhos vendados ou ver as horas em um espelho. Em seu escritório, para malhar seu cérebro, a psicóloga Carla usa um relógio que gira no sentido anti-horário.
Cerca de 80% do nosso dia a dia é ocupado por rotinas que reduzem o esforço intelectual, mas, ao mesmo tempo, limitam o cérebro. Para evitar que isso aconteça, os personal trainers do cérebro recomendam exercícios cerebrais que façam com que as pessoas pensem apenas na tarefa que estão realizando naquele momento.

Veja alguns exercícios para malhar os neurônios:
1. Use o relógio no braço direito (ou no esquerdo, se for canhoto;
2. Escove os dentes ou escreva em uma folha de papel com a mão contrária da de costume; concentre-se nos pormenores que você nunca havia reparado;
3. Ande pela casa de trás para frente;
4. Vista-se de olhos fechados;
5. Estimule o paladar: coma coisas diferentes;
6. Veja fotos de cabeça para baixo e tente observar detalhes que antes passaram despercebidos;
7. Veja as horas num espelho;
8. Faça um novo caminho para ir ao trabalho;
9. Converse com o vizinho que nunca dá bom dia;
10. Troque o mouse de lado;
11. Decore uma palavra nova por dia e tente usá-la em suas conversas;
12. Folheie uma revista e procure uma fotografia que lhe chame a atenção. Escreva 25 adjetivos que a descrevam;
13. Ao entrar numa sala com muita gente, tente determinar quantas pessoas estão do lado esquerdo e do lado direito. Identifique os objetos que decoram a sala, feche os olhos e os enumere;
14. Quando for a um restaurante, tente identificar os ingredientes de cada prato que escolheu e se concentre nos sabores mais sutis. Depois, confira com o garçom;
15. Escolha uma frase de um livro e tente formar uma frase diferente usando as mesmas palavras;
16. Compre um jogo de palavras cruzadas e tente encaixar as peças corretas o mais rápido que conseguir, cronometrando o tempo;
17. Experimente decorar aquilo que precisa comprar no supermercado em vez de fazer uma lista;
18. Ouça as notícias na rádio ou na televisão quando acordar. Durante o dia escreva os pontos principais que lembrar;
19. Ao ler uma palavra, pense em outras cinco que comecem com a mesma letra;
20. Leia atentamente e reflita sobre um texto: a leitura reforça as conexões entre os neurônios.

segunda-feira, maio 03, 2010

Correios inicia eleição do melhor selo de 2009

Os Correios iniciaram a eleição para a escolha do melhor selo emitido em 2009. Para participar, basta acessar o link http://www.correios.com.br/selos no site dos Correios, abrir a cédula eletrônica e votar.
Em 2009, os Correios emitiram 33 selos, criados por diversos artistas, em diferentes técnicas, como a fotografia, computação gráfica, desenho, ilustração, entre outras. As imagens dos selos estão impressas na cédula eletrônica de votação.
O concurso acontecerá até o dia 31 de julho de 2010 e é aberto a todos os interessados em escolher a emissão mais bonita do ano. Os participantes concorrerão a uma Coleção Anual de Selos, que será sorteada pelo Departamento de Filatelia e Produtos dos Correios.
O autor do selo vencedor receberá o Troféu Olho-de-Boi, na Categoria Popular, em evento que ocorrerá no dia 9 de outubro de 2010, em comemoração ao Dia Mundial dos Correios.

domingo, maio 02, 2010

Para relembrar

Analfabetismo funcional musical


Muito se fala do analfabetismo funcional, aquele em que a pessoa sabe ler, mas não entende o que está lendo. Uma doença em uma sociedade que quer ser um grande país um dia, tendo a inovação como ponto de partida. Mas vejo a cada dia que esse analfabetismo funcional se dá na música também. As pessoas cantam e não param para pensar naquilo que estão reproduzindo. Dia desses estava no carro e começou a tocar Legião Urbana. A música era outra, mas me lembrei de ‘Que País é esse’.

Nela, Renato Russo diz que a sujeira está por todos os cantos, desde a população mais pobre até os mais ricos aqui no Brasil. Penso como Renato Russo. Temos os representantes políticos que merecemos. Mas, ouvindo a música, pensei: será que a canção faria sucesso se o grande público soubesse efetivamente que é ‘acusado’ de fazer parte da “sujeira” nacional?

Em programas de TV, a música “Que País é esse” só é usada como fundo sonoro para as falcatruas quando ocorre no alto poder dos governos. Nunca ouvi tocarem “Que País é esse” para a “sujeira” existente em classes menos privilegiadas. E Renato Russo deixa bem claro que os problemas da sujeira não estão só no alto escalão. “Nas favelas, no Senado, sujeira pra todo lado”, diz a letra. E complementa: “Ninguém respeita a Constituição, mas todos acreditam no futuro da Nação”.

Outro caso emblemático ocorre com a música ‘O meu Guri’ de Chico Buarque. A letra conta a história de um menor delinquente, que traz os produtos do roubo para casa. Vira e mexe, com certo orgulho, as pessoas cantam essa música para seus filhos: “Ai o meu guri, olha aí!”. Vindo de Chico Buarque, aquele rapaz de olhos azuis e cara de bom moço, acho que muitos devem pensar que sua música seria incapaz de versar sobre algo ruim. Não pensam no que diz a letra: “Chega suado/ E veloz do batente/ Traz sempre um presente/ Prá me encabular/ Tanta corrente de ouro/ Seu moço!/ Que haja pescoço/ Prá enfiar/ Me trouxe uma bolsa/ Já com tudo dentro/ Chave, caderneta/ Terço e patuá/ Um lenço e uma penca/ De documentos/ Prá finalmente/ Eu me identificar/ Olha aí! Ai o meu guri, olha aí!”

Desavisados também colocam a música em eventos que envolvam crianças. Meses atrás aconteceu o mesmo no lançamento de uma casa de recuperação de menores infratores. Alguns repetiam a estrofe ‘Ai o meu guri’ até alguém interromper a execução.

Que País é esse? Somos um país de guris que lê e canta, mas não entende como se faz a dança.