quinta-feira, maio 27, 2010

Uma revolução possível

Dia desses, dava aula na universidade e perguntei aos alunos (perfil diverso, desde bem jovens a pessoas com 40 e poucos anos) quem tinha um blog. Para o meu espanto, ninguém levantou a mão. Ok, ninguém ali era jornalista ou trabalha com comunicação. Pensei que um blog poderia ser uma ferramenta difícil de abastecer diariamente para aquele público em específico.

"E twitter?", arrisquei. Neca de pitibiriba. Alguns tinham seu perfil registrado no Orkut e ponto final. Achei que, nos dias atuais, poucos não tivessem algum tipo de acesso à rede mundial, uma vez que a internet é ponto central de troca de informações e de negócios com o mundo. Percebi, então, que há muita gente ainda de fora dessa imensa onda digital que cresce a cada ano e, num futuro próximo, irá dominar alguns meios tradicionais. Por conta disso, resolvi publicar esse texto abaixo. Feito em 2008 para o curso de Jornalismo 2.0 que fiz no Knight Center for Journalism, acho que ele ajuda a compreender algumas mudanças que a internet tem passado. Atualmente, já estamos na Web 3.0, mas vamos por partes.

PS - Se alguém quiser fazer reparos no texto ou alguma colocação, sinta-se à vontade. Vamos construir juntos. Boa leitura.


Uma revolução possível

Há uma mudança clara entre a web 1.0 e sua sucessora, a web 2.0. A Web 2.0 chegou para democratizar ainda mais a informação e convidar o 'cidadão comum' a participar da criação do processo de geração do conhecimento junto a especialistas. Foi uma mudança de paradigma na internet em todo o mundo, que envolveu mudanças estruturais, sociológicas e mudanças tecnológicas.


Enquanto a Web 1.0, modelo inicial da internet, tinha uma interatividade restrita, a web 2.0 chega para sociabilizar a informação e seus produtores/leitores e se mostra como uma plataforma que reúne vários meios de interatividade e produtores de informação.A mudança de conceito que se dá de uma para outra é que a primeira era feita por alguns entendidos pelo assunto (e curiosos) que elaboravam conteúdo para tantos outros que - em uma posição estanque - só tinham a opção de receber determinada informação daqueles sites produzidos. Isso colocava o 'cidadão comum' em uma posição somente de receptor da informação e pouco participativo na criação dessa rede cognitiva.

A internet 1.0 tem a sua importância ao levar e distribuir a informação para qualquer canto do mundo. Mas não havia a construção de conhecimento e sim a divulgação do conhecimento do autor. Era um processo unidirecional. Isso não se repete na segunda versão, a web 2.0. O produtor do conteúdo se mistura com o receptor, pois o receptor pode interagir e compartilhar informações com o conteúdo apresentado. Esse compartilhamento de informações - que cresce quanto mais informações são trocadas e postas no ambiente virtual - gera uma verdadeira rede de relacionamentos sociais, uma das principais características da Web 2.0.

O conteúdo - que passa a ser bastante valorizado nesta relação - passa a não ter um dono. Essa interação é primordial na construção desse novo ambiente: a pluralidade e riqueza de pontos de vista sobre um determinado tema. Além disso, o que muda também é o formato. O que antes era produzido e exibido basicamente em forma de texto e foto, agora, com a melhoria da velocidade da internet e das ferramentas disponíveis, passa a ser feito por inúmeras formas de informar: vídeos, cruzamento de imagens, cruzamento de informações, utilização de voz (podcasts), mapas, áudios, etc. Até mesmo a interpretação de padrões de utilização da internet pelos internautas passa a representar informação relevante neste processo todo de formação do conhecimento. É o chamado 'mashup': cruzamento de infomações ou combinações superpostas de informações disponíveis/disponibilizadas na rede mundial.

O cruzamento de informações, por vezes simples, é capaz de gerar informação valiosa para as empresas e toda a rede de relacionamento. Informação essa que fica disponível a todos que quiserem usar. Outra evolução constatada é que, a partir da web 2.0, os conteúdos passam a ser indexados pelo chamado 'folksonomia', ou seja, conforme a prática e interesse dos usuários, uma forma parecida ao funcionamento do cérebro. Antes disso, as informações na web seguiam a indexação científica, a taxionomia, com a hierarquização de categorias e subcategorias.

Um comentário:

  1. Estranho né? Nós ficamos tão ligados na ferramenta e parece que é possível tanta interação com ela, assim se torna tão comum, que esquecemos que boa parte das pessoas está longe disso...

    ResponderExcluir