sábado, fevereiro 28, 2009

Sou isento, mas...

Umas das máximas de alguns jornalistas (se é que podemos dizer que são): "sou isento e prefiro nem ter contato com determinado grupo para não me influenciar". Agora eu pergunto: isso é ser isento ou é já ter opinião formada e sequer dar espaço para as demais manifestações?

sexta-feira, fevereiro 27, 2009

Os livros eletrônicos

Publicado no Blog do Nassif
Por Zabumba


Os livros eletrônicos (e-books) vão revolucionar, em breve, o mercado editorial. O único elemento que faltava para a popularização desses equipamentos era a qualidade da tela, que precisava mimetizar o papel impresso à perfeição, dando ao leitor a mesma sensação visual proporcionada pelo livro convencional. A leitura nas telas de LCD é desconfortável, em especial após longos períodos.

O recém lançado Kindle 2 (fornecido pela amazon.com) apresenta uma tela de papel eletrônico (e-paper) que alcançou esse objetivo. Espera-se que não demore muito para o surgimento de competidores a altura.

A gigantesca economia gerada pela eliminação dos custos de impressão e distribuição será responsável pela extinção das publicações em papel. Um cálculo recente demonstrou que o jornal “The New York Times” poderia economizar mais de US$ 300 milhões por ano se parasse as impressoras e desse um e-book de presente para cada um de seus assinantes. A economia em todo o mercado editorial do planeta é estimada em US$ 80 bilhões anuais.

Quem viver, verá…

terça-feira, fevereiro 24, 2009

Festa popular

Assumo: não sou muito fã de carnaval não. Quando era adolescente, entre carnaval e alguma opção, eu ficava com a opção. Foram várias as vezes, por exemplo, que fui passar meu carnaval enfiado em alguma caverna no Parque Estadual Turístico do Vale do Ribeira, o Petar, na região de Apiaí.
Mas, no último domingo, passei pela estrutura montada no Parque das Águas, no jardim Abaeté e o que vi me surpreendeu.

Por vários anos o ex-prefeito Renato Amary optou por não incentivar o carnaval sorocabano. Questionado, diversas vezes respondeu que as escolas tinham que se virar, que não tinham que depender do Poder Público. Outra resposta é que o sorocabano não gostava de carnaval e preferia viajar durante o feriado.
O que eu vi no Abaeté foi diferente. Famílias inteiras se divertindo e esperando as escolas de samba (que ainda estão se reestruturando) passarem. Foi bonito de ver. Mostra que basta um pouco de boa vontade, para que um programa social como a festa de carnaval aconteça.

sábado, fevereiro 14, 2009

Mão errada


A Câmara de Sorocaba aprovou na semana passada a criação de 26 novos cargos de assessores para os vereadores. Como não poderia deixar de ser no Brasil, a medida causou revolta daqueles soldados prontos a atacar qualquer medida que parta do Poder Público seja ele o Executivo ou o Legislativo.

No dia seguinte, jornais e entidades partiram para o ataque. Nem sequer apuraram ou perguntaram se as contratações eram necessárias ou não. Convenhamos, quando um grupo de vinte vereadores (de diferentes ideologias, convicções e partidos) aprovam unanimamente um projeto é porque há um motivo.

Vamos às masturbações mentais, aos extremos do absurdo do raciocínio, mas levando em conta o mínimo de lógica e fugindo deste tipo de pensamento "teoria da conspiração" adotado pela imprensa e por entidades políticas que só querem ver o bicho pegar fogo.

Qual seria a razão para TODOS aceitarem a contratação de novos assessores? Algumas hipóteses são:

- Uma delas é que realmente o trabalho cresceu muito e há demanda na Câmara por mais um assessor

- A outra é que TODOS os vereadores (de diferentes partidos) se juntaram e, em um conluio momentâneo e insano de poder, resolveram enfrentar a opinião pública em troca de um apadrinhado político.

Eu não sei vocês, mas eu fico com a primeira razão. É a mais lógica.

A mídia de maneira geral, no entanto, prefere ignorar a lógica. Prefere tratar o tema com o fígado. Algo do tipo "ah, vem do Legislativo, então vamos bater". E a discussão do assunto que poderia ser saudável, lógica, e técnica, acaba virando um angú de caroço, verdadeiro lixo editorial, próprio para embrulho de peixe. Perdem o leitor, ouvinte e telespectator que são obrigados a receber esse tipo de jornalismo-lixo em casa.

Se a discussão começa errada, não é de se esperar que os argumentos sejam corretos. E é justamente isso que está acontecendo. Os argumentos usados são broncos e, tecnicamente, errados.
Um exemplo. A mídia está argumentando que em um cenário de crise como o que o Brasil e o mundo estão passando, a Câmara de Vereadores deveria agir como uma empresa particular. É comparar água com vinho. Argumentam que o governo deveria se retrair e não contratar e, nessa lógica do absurdo, que tal contratação legislativa é uma afronta à situação financeira brasileira.

Os que pensam assim, desconhecem, por exemplo, o economista John Mainard Keynes, que, nos pós-guerra, propôs que o Estado tem papel fundamental nos momentos de crise. Pensamento simples: se todos estão retendo o dinheiro, o Estado tem como prerrogativa aumentar o gasto público por meio de obras de infraestrutura e contratações para tentar fazer com que a economia gire. Não tem que segurar o dinheiro. Pelo contrário, tem que gastar. A ideia é simples: contrata-se mais e essas pessoas vão consumir e o mercado onde consomem vai contratar vendedores que vão consumir..... é uma bola de neve. Cabe ao Estado dar o start.

Não defendo o gasto irracional, sem parâmetros. Também não vou ser hipócrita a ponto de defender que a Câmara é a solução da crise que se avizinha. Não, não é. Até - como a grande maioria - discordo dessas contratações camarilhistas. Mas acho que o espaço à explicação lógica deve ser dado. Os parlamentares têm pelo menos o direito de argumentarem sobre a necessidade disso ou não.

E espero que a mídia perceba que pode até discordar das contratações, mas que essa fundamentação usada de que em momento de crise o Poder Público tem que se retrair é uma tremenda bobagem. Austeridade e eficiência com o dinheiro público é uma coisa. Irracionalismo radical em torno de bandeiras ideológicas passa distante disso.