quarta-feira, outubro 02, 2013

Fome e atitude


Hoje, leio na capa do jornal: "Uma a cada oito pessoas no mundo sofre com a fome". Na matéria, o detalhe: 25% "continua sendo" na áfrica subsaariana.

(silêncio)

O "continua sendo" está devidamente usado no texto.
Quando eu nasci, há 38 anos, esse era um grande problema.
Lembro que, quando tinha 10 anos - em 1985 -, esse continuava sendo um grande problema. Naquele ano, os 45 maiores músicos dos Estados Unidos gravaram a canção We are the World para combater a fome na África.

Volto a 2013. (quase 30 anos depois)

Ferramentas como a Internet dão a possibilidade das pessoas se agruparem por interesses comuns no mundo todo. Ferramentas que poderiam ser usadas para enfrentar problemas como esse.

No entanto, o que se vê é o uso dessas ferramentas só para a banalidade: piadas, besteiras, sexo, autoajuda e propaganda, muita propaganda e exibicionismo próprio. No meu círculo de amizades, o grupo que mais fez bom proveito da mídia social por um bem foi o de cachorreiros. Goste ou não do tema, eles construíram uma rede de busca, salvamento e recuperação de cachorros. Gente do Brasil inteiro que denuncia, ajuda a localizar e a financiar o atendimento veterinário.

O que você faz para deixar esse mundo melhor do que quando encontrou?

Pense: morre gente e de fome.
A pergunta que fica é: até quando? até quando?

quarta-feira, agosto 21, 2013

Entre Aspas

Assisto pouca TV, mas quando assisto e tenho sorte de coincidir com o horário, gosto do Entre Aspas, da GloboNews. Não sei se é regra, mas, pelos poucos programas que vi, percebi que sempre levam 2 entrevistados, com posições divergentes.

Hoje, levaram o desembargador Fausto De Sanctis e o professor da USP, Pierpaollo Bottini. Na pauta, a discussão sobre o julgamento do mensalão, se houve "chicana" ou não, se é possível haver embargos infringentes no processo ou não.

Independente da interpretação jurídica de cada convidado - fato rico e democrático -, o que me agrada é o debate de alto nível, debate técnico, sem cair na calhordice e simplismo de acusações políticas, do tipo "você está a favor deste ou daquele partido", dicotomia tão usual em nosso país. O debate técnico é uma coisa que falta, e muito, para o jornalismo brasileiro.

sexta-feira, agosto 16, 2013

Jornalismo, viagens e coincidências

Algumas coisas na vida ainda me assustam pela falta de explicação, uma delas é a coincidência. Fico realmente perplexo como certos eventos acontecem assim, sem qualquer planejamento, sem qualquer explicação, apenas coincidência.

Já presenciei várias situações em que a coincidência resumiu os fatos e foi a explicação mais fácil encontrada, mas uma delas até hoje me deixa perplexo, diante de tamanha complexidade para que ocorresse.

O começo dela se dá em 1998. O militar sorocabano Vécio Iudie Fujihara faleceu no Aconcágua, em sua tentativa de chegar ao cume daquela montanha. Trabalhando no jornal Cruzeiro do Sul como repórter e envolvido com esportes de aventura, fiquei incumbido de fazer o acompanhamento jornalístico do caso.

A certa altura da cobertura, entrei em contato com o escalador Fernando Augusto Vieira. Ele que acompanhava o sorocabano na tentativa de chegar ao ponto mais alto das Américas.

Liguei para a casa do escalador no Rio de Janeiro, me apresentei e o que encontrei do outro lado do telefone foi um rapaz emputecido, vociferando contra jornalistas. Disse que não daria entrevista, que já haviam distorcido suas palavras, que jornalista era isto e aquilo. Eu, do lado de cá, na redação do jornal, em Sorocaba, tinha acabado de arranjar mais um problema: precisava conseguir a matéria, mas, antes, teria de convencer o Fernando a me dar a entrevista.

Bom, resumindo, o fato é que fiz um acordo com o Fernando. Pedi a ele que me escrevesse uma carta, com o seu ponto de vista de todo o ocorrido e que me enviasse por fax. É, naquele tempo, as coisas funcionavam ainda pelo fax na redação. Nada de e-mail. Por telefone, garanti ao Fernando que iria negociar com o meu editor a publicação da íntegra daquela carta e prometi que, caso tentassem mexer no conteúdo, eu mesmo rasgaria o fax e deixaria a matéria pra lá.

O escalador topou. Me deu um voto de confiança. Algumas horas depois, recebi sua imensa carta pelo fax da redação. A matéria foi publicada. Um furo de reportagem na imprensa local e com um conteúdo exclusivo. (a matéria pode ser lida clicando na imagem abaixo)

Mas depois de contar essa novela, você deve estar perguntando: mas onde está a coincidência? Afinal, este post é sobre coincidência, não é? Pois bem. Eu precisava contar essa história para contar outra história e, então, a coincidência.

Em agosto de 2000, fiz parte da expedição Atahualpa 2000, da ONG italiana Akakor. Fomos à Bolívia para mergulhar no Lago Titicaca em busca de material arqueológico. Ao final da expedição, depois de uns 13 dias mergulhando, voltamos à cidade de La Paz, onde ficamos alguns poucos dias. Para quem não conhece, La Paz tem algumas ladeiras onde o comércio se concentra. E eu estava numa delas, já cansado fisicamente da expedição e querendo voltar para o Brasil.

De repente, ouço algumas pessoas falando português. Depois de tanta comunicação em italiano e espanhol, tive aquela sensação de "é de casa, é do Brasil". Me virei e fui conversar com os três brasileiros. E vocês sabem como é: brasileiro quando encontra brasileiro no exterior, faz festa.

E, então, nas apresentações, se deu mais ou menos o seguinte diálogo:

Eu: Vocês são de onde?
Eles: "Do Rio."

Eu: Ah, legal, eu sou de Sorocaba, interior de São Paulo.

Um deles: "Eu conheço um jornalista de Sorocaba, o Marcelo".

Eu: Marcelo? Eu sou jornalista e não conheço nenhum Marcelo. Quem será?

Ele: "Ele me entrevistou quando aconteceu um problema com um escalador de Sorocaba no Aconcágua."

E eu, assustado: "Você é o Fernando?"

Demos um abraço, relembramos a história da entrevista e fizemos essa foto pra registrar aquela feliz coincidência.

quinta-feira, julho 04, 2013

Impeachment via voto

Estão tratando a retirada do presidente egípcio como golpe. Para mim, golpe é eleger alguém para te representar e esse dirigente eleito - quando sentado na cadeira do poder - representar somente aqueles que pensam como ele (como os partidários ou, no caso do Egito, os de mesma religião). Isso sim é golpe.

Para evitar esse tipo de acusação de que o povo é "golpista", sou favorável ao processo de impeachment via urnas. Aproveitando as eleições existentes a cada dois anos, os eleitores deveriam ter o direito de votar se o governante do Poder Executivo - eleito dois anos antes - (prefeito, governador e presidente) está trabalhando direito e se merece continuar ou não no cargo.
Pare agora e pense: porque para eleger alguém o seu voto tem valor e para "deseleger", não? Para deseleger, atualmente, você é representado por políticos que votariam um impeachment.

Você não deveria votar para "deseleger" também?
Simples: se o governante não agrada a maioria, basta que essa maioria declare isso na urna eletrônica e, então, o governante sai. Isso não é golpe, é democracia. É a vontade da maioria sendo exercida.
Já pensou qual é a razão que te chamam para eleger alguém e deixam o processo de impeachment na mão só dos políticos? Justamente para que eles - os políticos - passem a maior parte do mandato sem se preocupar em te representar.

São 3 anos pensando no partido e 1 ano (o último) pensando no que fazer na cidade (qual obra ou maquiagem eleitoral) para conseguir novamente o seu voto para continuar no poder.

Daí, o povo sai às ruas para reclamar uma melhor representatividade e eles tratam isso como "golpe". Ah, tá...

sexta-feira, abril 19, 2013

Horário diferente para aposentado

Exemplos encontrados no sistema de transporte de outros países nem sempre se adaptam à realidade de outras cidades, mas existem coisas mundo afora que podem muito bem ser colocadas em prática por aqui, no sistema de transporte sorocabano. O sistema de transporte em Santigado, no Chile, tem coisas que podem ser seguidas por aqui e que ajudariam muito.

Como aqui, lá, o usuário aposentado não paga passagem (corrigindo: lá, no Metrô, o aposentado paga meia passagem, assim como o estudante). Mas, nas horas de rush, ele paga sim a tarifa cheia. 
O pensamento é o seguinte: entende-se que o aposentado não trabalha mais, logo, pode fazer suas tarefas em outros horários, diferentes do horário mais conturbado nos terminais rodoviários/metroviários. 

Daí a medida: aposentado não paga, desde que use o serviço em outros horários. Mas, se usar no horário de maior movimento, irá pagar a tarifa como outro usuário qualquer.
Sabe o que é isso? É política pública pra tornar o transporte público viável. E Sorocaba poderia muito bem adotar tal medida.

Além disso, Sorocaba poderia adotar a tarifa diferenciada no transporte coletivo, variando conforme o horário de uso. Mas isso eu já sugeri aqui (basta clicar para ler)

Ar Condicionado

Outra prática que poderia ser aplicada aos ônibus em Sorocaba é o ar condicionado. Algumas linhas do Rio de Janeiro têm ônibus com ar condicionado. Vejo que a Urbes estimularia o uso do transporte coletivo ao implantar ar condicionado nos ônibus. Sorocaba é uma cidade quente em boa parte do ano. Usar ônibus nos dias de calor é um martírio. Ao meio dia, então, piorou. Com calça e camiseta já se passa calor, imagine para quem tem de usar terno. Fora de cogitação. Se o ônibus tivesse ar condicionado, esse problema seria eliminado.