quinta-feira, abril 01, 2010

A capa do livro 'Marcel'

Dia desses, logo que cheguei na sala de aula na Uniso, após o intervalo, dois de meus alunos estavam tocando violão na sala. Perguntei o que eles arranhavam ali e a resposta foi: "sertanejo". Diante da cara que eu devo ter feito, um deles me indagou: "ô professor, o que você gosta de ouvir?" Apesar de curtir de tudo um pouco, gosto muito de um som mais pesado. E assim respondi. O aluno me olhou de cima a baixo e soltou: "não parece". E eu ali, de sapato e camisa social enfiada por dentro da calça fiquei sem poder gostar das bandas que ouço desde adolescente.

Sabe aquela historinha da capa do livro e seu conteúdo? Pois é, foi assim que me senti. O mesmo aconteceu poucos dias depois, quando tive uma conversa parecida com outro professor e ele me disse algo parecido. Quem me conheceu mais recentemente, pouco sabe de minha história e meus gostos. Sei que não poderiam ter diferentes pensamentos. São pessoas que não me viram com minhas dezenas de pulseirinhas no braço, meus poucos mas desleixados cabelos quase-compridos, minha jaqueta preta e minha inseparável camiseta do Corrozion.


Mas o que me impressiona é como a imagem e a forma que nos apresentamos causa efeito no outro. Sinceramente, acho que eu não deveria mais ficar impressionado, pois esta questão da imagem e seu julgamento é muito clara para mim, mas ainda me impressiono. Mas o que me afeta mesmo é esse julgamento pela capa do livro. Até quando? É o medo do sempre, que desde sempre me acompanhou.

2 comentários:

  1. Guga Nascimentoabril 01, 2010 9:21 AM

    Grande Marcel! Bom, essa historinha já é velha, né, meu caro: "quem vê cara não vê coração"....mas não há como negar um fato: a imagem que passamos às pessoas é um primeiro e importante conteúdo e isso já é suficiente para um pré-julgamento e enquadranento sócial; o ocidente adora rótulos, não é mesmo? Assim fica mais fácil vender qualquer coisa! Mas, como já disse acima, a capa do livro já diz muito sobre o mesmo...mesmo que aparentemente nada tenha a ver.....isso não significa que tudo está ali presente, todos os mistérios, adjetivos e surpresas que esse livro ainda vai nos apresentar...lembro de sua camiseta inseparável do Corrozion....das milhões de pulseirinhas no braço, dos cabelos em forma de sol, da jaqueta preta, do jeito desleixado de sentar-se na última carteira da sala de aula...essa imagem já mostrava muito sobre você, mas não mostrava muitas outras coisas que, hoje, com camisa dentro da calça social, podemos ver claramente....faltou apenas você pegar o violão dos seus alunos e tocar uma música do Sepultura, sua banda favorita! Forte abraço!

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  2. Gostei do post.
    Realmente julgamos as pessoas sem conhecer.


    Boa Páscoa.
    abraço

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