sábado, abril 10, 2010

Guardas Municipais filmam atuação da imprensa no Guarujá

Retirado do site Comunique-se
(www.comuniquese.com.br)

Repórteres da baixada santista, litoral de São Paulo, reclamam que a Guarda Civil Municipal (GCM) de Guarujá, há cerca de um mês, filma o trabalho da imprensa local em eventos e manifestações relacionados ao órgão municipal. De acordo com a prefeitura do município, a ação não tem o propósito de intimidar os jornalistas.
Segundo Manoel Antonio Vergara, que mantém o blog “Inconfidências do Guarujá”, as filmagens teriam começado depois que um repórter do jornal A Tribuna, de Santos, foi agredido por um guarda municipal enquanto cobria uma manifestação. “Eles alegam que foi isso, mas é um jeito de intimidar a imprensa”. Vergara também diz que a prefeitura tenta proibir a distribuição do Inconfidentes, versão impressa do blog, que estaria bloqueado para acesso na repartição municipal.
Apesar disso, para ele, o problema maior está no ato de filmar os trabalhos dos jornalistas. “Constranger a imprensa assim é um problema grave”, critica.
O repórter fotográfico do jornal A Tribuna, Edison Baraçal, que trabalha há 24 anos no veículo, concorda com Vergara. “Os jornalistas não trabalham mais tranquilos, a gente está trabalhando e eles filmando. Estamos conversando com presidente do sindicato para ver como resolver isso”, afirmou.

Prefeitura diz que filmagem é praxe
A Prefeitura de Guarujá, por meio de nota, negou que tenha orientado os guardas a filmar os jornalistas. De acordo com o órgão, a iniciativa é apenas uma forma de resguardar a Guarda Civil e garantir a fidedignidade do serviço prestado pela corporação.
“O município ressalta ainda que as imagens produzidas pela corporação nestes eventos servem como ferramenta de avaliação da conduta dos profissionais que trabalham cotidianamente para proteger os interesses de Guarujá e lembra que o trabalho dos GCMs não tem qualquer interesse de constranger ou tolher o direito a livre expressão e manifestação do pensamento”, diz a nota. A prefeitura também informou que não houve nenhuma restrição ou bloqueio ao blog “Inconfidentes do Guarujá”.
O diretor regional do Sindicato dos Jornalistas Profissionais em Santos, Carlos Alberto Ratton, se diz surpreso com a resposta da prefeitura e alega que a ação tem mesmo o propósito de intimar a imprensa. “É uma afronta o que eles fazem. Até onde eu sei, não existe isso em lugar nenhum do Brasil, só lá. É um constrangimento para os jornalistas”, contesta Ratton, que disse que desde a agressão ao repórter de A Tribuna, tenta conversar com a prefeitura, mas até agora sem sucesso.


Comentário - É assim que age a imprensa. Ela vive em seu mundinho particular, seu feudo, em seu Estado paralelo onde ela pode tudo e ninguém pode nada. A imprensa pode filmar, mas não pode ser filmada. Pode criticar, mas não deve ser criticada. (Veja um exemplo aqui ) Pode julgar e não pode ser julgada. Quando isso acontece, a mídia corre alegar estar sendo cerceada em SUA "liberdade da imprensa". Aqueles que eram destemidos repórteres viram frágeis quando são alvos dos mesmos métodos que usam para observar o outro. Risível, no mínimo.

Isso acontece pois a mídia não se deu conta ainda que não pode viver em um Estado paralelo, onde regras e leis só valem para os outros e não para eles. E que precisa viver em uma sociedade que tem regras que valem para todos, inclusive para ela, a mídia. Qual o medo de ser filmada? Quem age na legalidade não teme ser filmada, não tem o que esconder. Aliás, esse é o mesmo argumento que a própria mídia usa quando alguém tenta se desvencilhar de suas objetivas. 

Até tempos atrás, a mídia ficava no meio quando entidades precisavam dos meios de comunicação para se comunicar com seu público. E, por deter o poder da comunicação, sempre fizeram aquilo que achavam melhor. 

Com a internet, essas mesmas entidades encontraram seu próprio veículo de comunicação para se manifestar e protestar contra os abusos e absurdos publicados por determinados veículos. O Blog da Petrobrás é um exemplo. Diante de tantos absurdos, começou a publicar o que os jornalões perguntavam, em qual contexto e as diferenças daquilo que era publicado. Com isso, desmascararam as tramóias feitas pela imprensa. É só procurar como o Blog da Petrobrás foi alvo de reclamações dos coleguinhas logo que começou.

Agora, as entidades passam a filmar e documentar o trabalho da mídia. E a mídia - que faz o mesmo - acusa de constrangimento? Neste processo big brother da mídia, só restarão os que trabalharem de maneira correta e ética. Seja bem vinda a tecnologia.

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