quinta-feira, março 12, 2009

Existem dois lados?

Isenção. Essa é uma das características que o leitor comum espera de um jornalistas quando ele está fazendo uma matéria sobre determinado assunto, ok? Atingir a isenção suprema é um ato difícil, mas buscá-la é a utopia que todos jornalistas deveriam optar. E o que menos se vê hoje em dia são profissionais dispostos a isso. O resultado é óbvio: uma sociedade que trata o jornalista com descrédito e o acusa de ser "urubu", ou seja, só querer a desgraça alheia. E não é à toa que o cidadão comum pense assim.

Cito um exemplo. Dia desses os jornais em Sorocaba publicaram matérias sobre a sessão na Câmara em que o secretário municipal Daniel de Jesus Leite foi dar explicações sobre a inauguração de uma sala/escritório sorocabano em Wuxi, na China. Como o tema vinha sendo explorado de maneira "bombástica" há tempos, não era de se esperar que ele fosse trabalhado com cuidado. E sobrou desserviço para todo lado.
O quue se viu nas matérias foi um tendenciosismo atroz.

Vamos nos ater aos fatos. O secretário usou seus argumentos para tentar convencer os vereadores. Logo em seguida, o vereador Francisco França usou da palavra, seguido do vereador Marinho Marte. Ambos com críticas.
O pastor Luis Santos usou seu tempo regimental para defender. Em minha opinião, rasgou seda e elogiou ao extremo o secretário (essa foi a minha impressão), algo que fugiria de uma defesa habitual, digamos assim. A razão disso, seria que os dois pertencem à mesma ordem religiosa. Então, o vereador Paulo Mendes usou a palavra para defender o secretário.

Pois bem. Factualmente, qual o peso de um ou de outro depoimento? Em uma matéria jornalística normal, acredito que todos têm o mesmo peso, logo, a matéria deveria apresentar as duas "versões". Mas o que se viu não foi isso.
Todos os ataques e ironias feitas foram detalhadamente publicadas. Na parte que caberia à defesa, somente a rasgação de seda e em tom jocoso.

Claramente, qualquer um que lê as matérias verá que os argumentos contrários aos argumentos defendidos pelos jornais foram desqualificados e os argumentos favoráveis receberam destaque e cuidado no momento da elaboração. O que foi produzido não foi uma matéria, mas uma tentativa de execução sumária. No texto, o que se buscou foi desqualificar toda e qualquer outra visão possível para o assunto. Nada tinha valor, senão ao posicionamento já fechado dos jornais. A ponto de dar espaço para piadinhas que nada importavam na discussão do real problema - se existe ou não escritório e se ele foi criado de maneira legal ou não - e não mostrar a posição de quem estava concordando com o secretário.

Não defendo este ou aquele lado. Defendo aqui a prática do bom jornalismo que deve dar espaço para este e para aquele, sob pena de amanhã, diante de qualquer especulação que levantem contra mim ou você, corramos o risco de não ter espaço para nos manifestar. E a imprensa, que deveria ser a detentora deste papel, será o meu e o seu derradeiro algoz só porque, em um primeiro momento e sem nos ouvir, ela já formou opinião.

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