quinta-feira, julho 08, 2010

A instituição "família"

De uns dias pra cá, o assunto que mais se fala aqui na cidade de Sorocaba é sobre o vídeo colocado na internet que rapidamente se espalhou pelo mundo. Nele, duas mulheres conversam, discutem e terminam brigando por conta de questões que passam pela amizade e traições amorosas. Tudo isso azeitado com muitas histórias sórdidas, xingamentos e revelações picantes da intimidade de uma e outros.


Pensei muito antes de escrever essas linhas sobre o assunto. Mas resolvi delinear algumas palavras para esclarecer a minha posição sobre o tema e também para balizar o uso desse blog aos que passarem por ele.

Penso que o conteúdo do vídeo compete tão somente às duas famílias. Um problema como esse certamente seria tratado com total sigilo pela Justiça por envolver questões familiares. E não é à toa. O tema só compete a eles resolverem. A ninguém mais.

Quem se arrisca a fuxicar, opinar ou discutir esse assunto está em busca de tudo, menos de "informação de qualidade" que sirva para algum bem. Não consigo ver sequer uma razão plausível que me faça debruçar sobre o assunto. Esse tipo de informação não traz benefício a ninguém, muito menos a uma sociedade. Pelo contrário, só expõe (ainda mais) as chagas e problemas particulares dessas duas famílias. Como se essa crise familiar já não fosse grave, a repercussão do assunto como notícia, ajuda ainda mais a ampliar o trauma dos adultos e, principalmente, dos filhos desses dois casais. Com a exposição na mídia, sofrem duas vezes.

Fico imaginando o assunto se disseminando virulosamente pela internet e chegando às caixas de emails de tudo e de todos. Inclusive às crianças, colegas desses filhos. E nas manhãs seguintes, os tipos de comentários que essas crianças e jovens - os filhos - são obrigados a ouvir nas escolas por conta desse tipo de "notícia".
Isso não tem como apagar.

Por crer que a "instituição" família é sagrada (não no sentido religioso, mas no sentido moral, ético, social) acredito e defendo que não é papel de jornalista entrar nesse imbróglio amoroso. Antes que alguém se arrisque, me antecipo e digo que não conheço nenhuma das pessoas em questão. Mas é por acreditar nessa inviolabilidade da família que escrevo essas linhas. E o faria, seja a família de quem quer que fosse. Assim como não quero que a mídia invada os problemas da minha família um dia, também não aceito que o faça com outra. E quem não tem algum problema na família?


Ao consumir informações como essa, a sociedade abre brechas e incita que a mídia invada a privacidade de qualquer família. A sociedade e a mídia deveriam justamente se opor a este tipo de ação. Deveriam defender os direitos individuais dispostos na Constituição e ajudar a preservar o direito sagrado reservado à família. E deveriam tomar atitudes, aí sim, a quem violasse esse "valor".

Mas não é isso que se vê. Infelizmente, o que se observa é uma sociedade babando por notícias desse calibre, ansiosa por emitir suas opiniões e seus julgamentos de botequim por cada detalhe sórdido explicitado. E querendo cada vez mais. Mergulhando nesse poço enlameado e exigindo ainda mais os detalhes escatológicos que, por vezes, são saciados pela mídia que esquece-se de sua função social e aproveita para ganhar mercado nas ruas.

Dessa história cyber-sexual-sorocabana só me resta lamentar e desejar o bem para as famílias envolvidas. Força e paz.

Nenhum comentário:

Postar um comentário