domingo, dezembro 26, 2010

Projeto quer impedir o aumento de salário dos vereadores

Por Giuliano Bonamim no site do Jornal Cruzeiro do Sul

A decisão dos vereadores de Sorocaba em aumentar os seus próprios salários de R$ 7,8 mil para R$ 15 mil, a partir de 2013, começou a provocar efeitos na sociedade civil e em entidades organizadas. Um encontro no Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), 5ª feira (23) à tarde, definiu a criação de um projeto de iniciativa popular para reverter a decisão dos parlamentares sorocabanos.

O objetivo do movimento é fazer com que os salários dos vereadores sejam novamente atrelados ao reajuste dos servidores públicos municipais, como era feito desde 2004. Com a aprovação do novo projeto, feita em 20 de dezembro, o pagamento dos integrantes da Câmara sorocabana passa a ser ligado com a remuneração dos deputados estaduais.

O encontro na Apeoesp teve a presença de 29 pessoas, entre estudantes, professores, membros de partidos políticos, advogados, sociólogos e integrantes do Grupo Fé e Política da Arquidiocese de Sorocaba. A intenção é reunir 20 mil assinaturas - com nome completo e o número de título de eleitor - para anexá-las ao projeto de iniciativa popular e encaminhá-las à Câmara Municipal. O grupo também pretende barrar a criação de mais 20 cargos de assessor parlamentar, sem concurso público, um para cada vereador, com salário de R$ 3.016 por mês.

A próxima reunião está agendada para 8 de janeiro de 2011, às 16h, na sede da Apeoesp. Segundo o coordenador da entidade, Alexandre Tardelli Genesi, no encontro será apresentado o texto do projeto de iniciativa popular e definida a estratégia para a coleta de assinaturas pela cidade.

O discurso dos 29 participantes do movimento é o mesmo: de indignação. Genesi acusa os vereadores de descaso pelo tratamento dado os manifestantes e aos cidadãos presentes no plenário da Câmara, além da forma como transcorreu a votação. "Na realidade, isso não foi um aumento, mas sim um abuso que eles [vereadores] aprovaram", comenta. Segundo o coordenador da Apeoesp, o ato causou revolta em toda a população. "O nosso objetivo é fazer com que esse movimento ganhe força, desmascare os vereadores e mostre à sociedade a imoralidade desse abuso que cometeram", conclui.

O professor Luiz Orlando Banietti segue o mesmo discurso e classifica como uma atitude de extrema ironia o comportamento dos vereadores durante a sessão. "É uma canalhice o que eles fizeram com o povo de Sorocaba, pois eles não foram eleitos para aumentar os próprios salários, mas sim para trabalhar em favor do povo", diz. Para ele, o povo sorocabano dará uma resposta e vai conseguir reverter esse aumento. A decisão de aumentar os salários dos parlamentares também revoltou o coordenador do Grupo Fé e Política da Arquidiocese de Sorocaba, Francisco Carlos Leite, segundo suplente da Câmara de Vereadores pelo PT.

"Embora eu seja um suplente da Câmara dos Vereadores, particularmente não concordo com esse aumento e estou defendendo o que a população tem me procurado", comenta. Segundo ele, nesse momento é importante a conscientização das entidades e da população sobre o assunto. "Queremos que a cidade saiba o tamanho do aumento salarial que veio para os vereadores, pois diante daquilo que vivemos hoje é um valor absurdo", diz Leite.

Dois representantes de partidos políticos de Sorocaba também manifestaram apoio ao movimento. O representante da executiva municipal do PC do B, Marcos Anchieta, e o presidente do Psol, Rodrigo Chizoleni, demonstraram interesse em ajudar a sociedade na derrubada do aumento. "Só depende da gente, pois todo movimento precisa ter uma organização interna e um reflexo na sociedade. E esse reflexo eu garanto que já existe, pois sentimos que a população está indignada", diz Anchieta.

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