terça-feira, janeiro 03, 2012

Descida no ponor


Muitos me perguntam ou me perguntaram o que eu fui fazer em 1999 na Islândia. Sempre falei sobre o trabalho de medição do degelo no glaciar que fiz com a ONG italiana Akakor Geographical Exploring. Agora consegui converter um vídeo analógico que fiz lá e acredito que mostra uma parte do nosso trabalho diário por aquelas terras geladas.

Eu, Soraya Ayub, Epis Lorenzo e Alessandro Anguileri descíamos nos ponores - que são buracos formados no glaciar (no gelo) - e medíamos as cavernas formadas a partir do degelo. A sensação é de estar dentro do freezer de sua casa. Em uma dessas descidas, eu parafusei uma câmera no meu capacete. O vídeo mostra metade da minha descida. Acredito que este ponor tinha por volta de uns 40 metros. Então, no meio da descida foi feito um fracionamento. E o vídeo mostra justamente a partir do fracionamento, ou seja, eu estou no meio da descida, passando meu equipamento de descida de uma corda para outra (o vídeo fica parado no começo, pois estou trocando o equipo). Depois, me mostra descendo pela parede de gelo, ao lado de uma cachoeira geladíssima.

Algumas coisas que podem ser observadas:
- A beleza do gelo (até hoje me encanto)
- Durante a descida, o tempo lá em cima estava virado e o vento jogava pedaços de gelo pra baixo. Então é possível ouvir vários "tocs" no vídeo. É o gelo atingindo meu capacete e a câmera. Quatro deles atingiram minha mão, cortando-a nesse dia.
- Quando eu chego no fundo, o Alessandro Anguileri fala que precisávamos correr por que a água na caverna tinha subido 30 centímetros rapidamente. Essa caverna estava se enchendo d´água e provavelmente se congelaria em breve. (a dinâmica do glaciar de criar e tampar cavernas é impressionante e muito rápida)

Esse foi um dia marcante em minha vida.

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