quarta-feira, maio 23, 2012

Repórter que debocha de acusado de estupro repercute na web

Um vídeo pubicado no YouTube no último dia 10 de maio no qual a repórter Mirella Cunha da rede Bandeirantes da Bahia debocha de um jovem acusado de estupro vem causando reações de repúdio entre internautas.

Na entrevista, que foi ao ar no programa Brasil Urgente, a repórter questiona o jovem em uma delegacia. Ele nega ter cometido o estupro. Chega a chorar e se diz disposto a fazer um exame de próstata para provar sua inocência. "Pode fazer exame de strópa nela e ni mim (sic)", diz na gravação. A repórter pede oito vezes pra ele repetir o nome do exame. Em todas o acusado se atrapalha para falar a palavra próstata. "Você gosta? Já fez?", pergunta ela rindo. "Não fiz não, tá doido", responde ele.

O vídeo, que tinha quase 400 mil visualizações até o final da tarde desta terça-feira, mobilizou grupos na internet repudiando o comportamento da repórter. Um perfil criado no Facebook chamado "Fora Mirella Cunha" já apresentava quase mil adesões.

A rede Bandeirantes, por meio de sua assessoria de imprensa, divulgou uma nota a respeito do caso. "A Band vai tomar todas as medidas disciplinares necessárias. A postura da repórter fere o código de ética do jornalismo da emissora".

De acordo com a presidente do Sindicato dos Jornalistas da Bahia e vice-presidente da região Nordeste da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), a postura da repórter é uma constante em programas como o Brasil Urgente.

"A gente briga há muito tempo contra esses programas sensacionalistas. Já foi feito um termo de conduta no Ministério Público contra a exposição das pessoas que são presas, principalmente as pessoas negras e pobres", afirmou Marjorie Moura. A dirigente destacou que as entidades devem emitir uma nota de repúdio à profissional.

Até as 19h10min, a Secretaria da Segurança Pública do Estado da Bahia não soube informar a delegacia onde se deu a entrevista. Sobre os procedimentos que regulamentam a atividade jornalística nesses locais, cabe aos delegados a decisão de conceder autorização para que os acusados deixem suas celas para serem entrevistados pela imprensa.
Retirado do Portal Terra

quinta-feira, abril 12, 2012

Cortes no orçamento de ciência ameaçam futuro do Brasil

Retirado do site da Academia Brasileira de Ciências
4/04/2012

Os cortes propostos pelo governo federal ao orçamento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) podem colocar a perder muitos dos significativos avanços obtidos nos últimos anos e vão na contramão de outras medidas adotadas pela própria União em tempos recentes, como a expansão da infraestrutura de ensino público universitário e a busca pela internacionalização da ciência brasileira.

Esse é o diagnóstico quase unânime dos cientistas ao tratar da redução em cerca de 22% na verba federal destinada ao sistema de C,T&I brasileiro para 2012. É o segundo ano consecutivo em que há contingenciamento de recursos destinados ao MCTI. Somados, os dois cortes fizeram o valor disponível ao Ministério cair de R$ 7,8 bilhões, em 2010, para R$ 5,2 bilhões, neste ano. Mesmo sem levar em conta a inflação no período (que tornaria a situação ainda mais alarmante), o orçamento foi reduzido a dois terços do valor do último ano do governo Lula.

quinta-feira, março 29, 2012

Empresas digitais deflagram ofensiva financeira sobre a imprensa

Por Carlos Castilho no Observatório da Imprensa

A edição 2012 do informe sobre o estado da imprensa norte-americana aponta uma tendência que podemudar a cara das indústrias da comunicação tanto lá como no resto do mundo, inclusive no Brasil. Trata-se do crescente interesse das principais empresas da internet nos conglomerados jornalísticos que controlam os mais importantes jornais, revistas, emissoras de rádio e de televisão do planeta.

Amazon, Google, Facebook, Yahoo! e Apple emitiram recentemente claros sinais de que podem se aproveitar das dificuldades da imprensa convencional em enfrentar a aguda queda de receitas publicitárias para fazer “ofertas irrecusáveis” de parcerias em que a cereja do bolo é o valiosíssimo arquivo de notícias publicadas ao longo de mais de um século -- e a não menos cobiçada relação entre jornais e revistas com um público fidelizado há décadas.

domingo, março 25, 2012

Preços diferenciados no transporte

O prefeito de Sorocaba, Vitor Lippi, andou por vários países e tem trazido algumas ideias para aplicar à realidade sorocabana. O Via Viva foi uma delas, copiada de um programa na Colômbia (se não me falha a memória). Mas alguns gargalos ainda precisam ser solucionados na cidade.

Quem acompanha os problemas sorocabanos por meio dos noticiários pode ver que um deles é a superlotação dos ônibus nas horas de pico. Vira e mexe sai matéria da população reclamando da falta de coletivos durante esses períodos do dia. Dia desses andei de ônibus em três linhas (bastante "populares", digamos assim) em horário "normal" e o número de passageiros era tranquilo, com vários bancos a serem ocupados.

Não sou expert no assunto e nem tenho dados para fundamentar essa ou aquela mudança no sistema de transporte. Mas recentemente vi um sistema que me chamou bastante a atenção e vejo como uma política pública "palatável" para ajudar na resolução de problemas de ônibus lotados aqui em Sorocaba.

Em casos de superlotação, imagino que a medida mais provável seria aumentar o números de ônibus nos horários de movimento. Mas, com isso, as ruas ficariam ainda mais cheias e o trânsito ainda mais caótico, certo? O pulo do gato é como driblar isso.

Em Santiago, no Chile, o Metrô tem tarifas diferenciadas, conforme o horário de utilização. (Veja detalhes aqui - http://www.metrosantiago.cl/guia-viajero/tarifas ) No horário de rush, a tarifa cobrada é a cheia, a mais cara. Nos horários de menor movimentação, os preços caem. Isso acaba sendo um incentivo para que pessoas sem pressa e estudantes (normalmente, com a grana contada) utilizem o sistema público em horários diferenciados para poupar. Com o sistema de cartões inteligentes usado no transporte de Sorocaba, imagino que essa questão técnica de cobrança diferenciada não seria um grande entrave a ser resolvido.

A ideia é não tornar mais caro dos preços atuais. Pelo contrário, é deixar mais barato nos horários "alternativos". É uma forma de tentar desafogar os horários mais complicados de superlotação. Dessa forma, os trabalhadores também poderiam negociar com seus patrões de chegar uma hora mais cedo e ir embora também mais cedo para evitar ônibus cheio e conseguir poupar no final do mês. Que mal há nisso?

Sorocaba já tem que começar a pensar nesse tipo de política pública e incentivo à circulação alternativa. A cidade agradece.

sábado, março 24, 2012

Thor e a Justiça

O filho do Eike Batista, Thor Batista, atropelou um rapaz nas estradas do litoral do Rio de Janeiro. Ponto. O fato é este. O resto deve ser julgado pela polícia e pela Justiça. O que a mídia e as pessoas nas redes sociais estão fazendo é julgamento antecipado e sem provas.

A sociedade tem de parar com esses pré julgamentos. Não é porque o Thor é filho de bilionário que ele é culpado. De outro lado, a pobreza também não torna o rapaz que morreu em inocente. Não são coisas que estão diretamente ligadas. Mas infelizmente esse tipo de pensamento tomou conta do Brasil. Nessa lógica insana não existe rico bom e nem pobre ruim. Vamos deixar disso. Essa hipocrisia e pensamento torpe não levam a nada.

O foco deve ser a Justiça, independente se é rico ou pobre.

É possível que o Thor estivesse a zilhões de quilômetros por hora e tenha atropelado o cara no acostamento? É possível. Mas também é possível que ele estivesse na mão correta de circulação e o cara tenha atravessado a pista.
São duas possibilidades. As provas com verossimilhança é que mostrarão quem estava certo e quem estava errado. A existência de possibilidades no acidente coloca em xeque esse pré julgamentos. A polícia é que irá - com base em dados técnicos do IML, marcas no carro, testemunhas etc - definir o que realmente aconteceu.

Se o Thor for culpado, que seja condenado pela Justiça como outro qualquer. Mas se for inocente, que seja absolvido. O que não dá é esse pré julgamento e que a imprensa entre nessa pilha absurda.

"Ah, mas o Eike Batista tem muito dinheiro e vai comprar a polícia, a Justiça e quem mais aparecer na frente." Quem pensa desse jeito tem de provar. Se não tem provas para isso, que fique quieto, pois a Constituição brasileira diz que todos somos iguais perante a lei (ricos e pobres) e todos são inocentes até provem o contrário. Aceitar a Lei é viver em sociedade. Quem não aceita a lei que temos ou se muda do país ou faz lobby para mudar a Constituição.

Percebam que não estou inocentando o rapaz, mas também não aceito esse pré-julgamento. Que a Justiça seja feita. Vamos deixar a polícia apurar e a Justiça julgar. O resto é achismo barato que não leva a nada.

segunda-feira, fevereiro 27, 2012

Uma jornalista, uma heroína

do Blog do André Forastieri

Marie Colvin era nova-iorquina, formada bióloga marinha, ex-repórter policial, duas vezes divorciada, jornalista há três décadas e chegada numa vodca.

Morreu ontem, aos 56 anos, bombardeada pelo governo da Síria, quando se arriscava novamente para dar testemunho de mais uma guerra de um governo contra seu povo.

Marie era a única correspondente internacional que se manteve em Homs, sitiada pela ditadura de Assad há 19 dias.

A casa onde estava, com o fotógrafo francês Remi Ochlik, foi bombardeada. Eles tentaram escapar. Foram abatidos por uma bazuca.

Era, para usar um chavão pouco jornalístico, uma lenda viva, a mais famosa correspondente de guerra de nossos tempos. Outros escreveram melhor.

Mas Marie era personagem sem igual, língua afiada, valente que ela só. Via e refletia a guerra do ponto de vista dos civis, dos inocentes, e não do hardware, dos políticos, do pseudo-heroísmo militar.

Só se enfiava em roubada - Chechênia, Líbia, Zimbábue, Kosovo, Iraque, Egito e o diabo. Custou-lhe uma visão no Sri Lanka em 2001 - e quer medalha mais perfeita para uma correspondente de guerra que um tapa-olho?

Ganhou todos os prêmios, mas serviu muito além do dever de um correspondente de guerra.

Arriscou-se para salvar inocentes - pelo menos uma vez, com heroísmo, quando ficou ao lado de uma força da ONU desarmada, e mais 1500 mulheres e crianças, cercados de soldados indonésios por todos os lados.

Vinte e dois jornalistas foram embora. Ela ficou e continuou mandando reportagens para o Sunday Times.

A opinião pública internacional gritou. Depois de quatro dias, foram todos evacuados. Sua morte enterra qualquer possibilidade de justificativa de manutenção da ditadura de Assad.

Como sua vida, não foi em vão.

quinta-feira, fevereiro 23, 2012

USP é universidade que mais forma doutores no mundo

Por Elton Alisson (Agência Fapesp)

Agência FAPESP – A Universidade de São Paulo (USP) é a universidade que mais forma doutores mundialmente. A constatação é do Ranking Acadêmico de Universidades do Mundo (ARWU, na sigla em inglês) por indicadores, elaborado pelo Centro de Universidades de Classe Mundial (CWCU) e pelo Instituto de Educação Superior da Universidade Jiao Tong, em Xangai, na China, que aponta a universidade paulista como a primeira colocada em número de doutorados defendidos entre 682 instituições globais.

O ranking também indica a USP como a terceira colocada em verba anual para pesquisa, entre 637 universidades, além de a quinta em número de artigos científicos publicados, entre 1.181 instituições em todo o mundo, e a 21ª em porcentagem de professores com doutorado em um universo de 286 universidades.

quinta-feira, fevereiro 09, 2012

A imprensa também é uma corregedoria

Por Alberto Dines em Observatório da Imprensa

A sociedade respirou aliviada, a imprensa exultou: a decisão foi suada, sofrida, apertada (6 a 5), mas o colegiado do Supremo Tribunal Federal manteve o poder do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para investigar e punir magistrados sem depender das corregedorias dos tribunais locais.

O Estado de Direito recuperou todas as suas prerrogativas, sobretudo aquelas que dizem respeito à isonomia e à transparência. Todos os cidadãos voltam a gozar de idêntica proteção e obrigações. Em matéria de privilégios institucionais apenas os legisladores mantêm o direito de ser julgados pelos pares, cláusula fundamental da estrutura republicana.

Foi uma vitória da corregedora nacional de Justiça, a ministra Eliana Calmon, que enfrentou com galhardia e serenidade o corporativismo enfurecido das associações de magistrados apoiadas ostensivamente por alguns ministros da Suprema Corte.

Bom começo

Foi também uma vitória da mídia, em especial da impressa, sobretudo dos jornais que se empenharam com rara determinação. Fica definitivamente ultrapassado o capítulo da emasculação do nosso jornalismo pela prepotência togada. A bandeira da transparência foi finalmente hasteada pelos principais veículos do país e, com isso, tornou-se público o seu compromisso com o combate à impunidade.

O Conselho Nacional de Justiça é um contrapoder. Tal como a imprensa, é parte essencial do sistema de freios e contrapesos (checks & balances) que garante o funcionamento da democracia.

A complexidade da cobertura do Judiciário exige conhecimento especializado; mais do que isso, exige persistência, teimosia. A própria decisão do STF ainda pode ser reformada caso outra ação ou outra liminar tente contorná-la. A criatividade nessa matéria é ilimitada. Sobretudo numa estrutura cartorial como a nossa.

Por outro lado, o cidadão brasileiro começa aos poucos a se familiarizar com alguns aspectos do cipoal jurídico-forense. Quer mais, quer entender o que está por trás do dialeto bacharelesco que a mídia despeja em cima dele.

O ano começou bem em matéria de visibilidade, translucidez, participação, cidadania. Poderá terminar ainda melhor se a imprensa capacitar-se da sua função corregedora, saneadora e assumir-se como instituição autônoma, permanente. O smartphone, para isso, é insuficiente.