sábado, junho 20, 2009

O fim do feudo


A decisão do Supremo Tribunal de Justiça de derrubar a exigência do diploma de jornalistas é o início do fim dos feudos, que é o que as redações se tornaram. Com uma reserva de mercado amparada por lei, os jornalistas se isolaram da sociedade e passaram a ditar regras, que nem sempre eram cumpridas por eles mesmos.

O quarto poder - que começou a ter seu fim decretado com a internet - já foi um dia um espaço amplo de discussões. Quem tem dúvida disso, que procure os jornais da década de 70 e verá. A qualidade e aprofundamento dos textos eram muito superiores aos de hoje. O jornal era um espaço democrático aberto a todos os melhores. Cada um escrevia sobre aquilo que mais entendia. E quem ganhava com essa democracia da pena eram os assinantes dos jornais.

Com a reserva de mercado criada pela lei, os jornalistas se fecharam em seus clubinhos (também chamada de redação) e passaram a fazer pose de intelectuais, entendedores de tudo. Deixaram para trás a discussão técnica e deram espaço para "lugares comuns" que não ajudam em nada no desenvolvimento da sociedade brasileira. Chegamos a este jornalismo fabricado atualmente, onde quem bate o bumbo mais forte vira manchete, independente se tem fundamento ou não.

Agora, com a queda da exigência do diploma, o mercado volta a ficar aberto para as melhores cabeças com bons textos. Ou seja, todos podem escrever, basta ter boas ideias associadas a bons textos. Os melhores vencerão.

Aqueles que tanto defendiam que o Estado tinha que dividir o bolo, agora são os primeiros a reclamar em dividí-lo. Eles querem o poder só para eles, apesar da Constituição garantir esse direito a todos. A vitória é da sociedade, que ganhou de volta a oportunidade de ter diariamente um jornalismo mais plural, discutidor, mais técnico e menos ditador.

Nenhum comentário:

Postar um comentário