quarta-feira, agosto 11, 2010

Superuniversidade avança

(Reportagem publicada pelo Jornal Estado
de Minas, em 4 de agosto de 2010)


Foi dada a largada para a criação de uma das maiores universidades públicas do país. Ontem, os sete reitores que vão compor a superuniversidade do Sul-Sudeste de Minas Gerais, consórcio de estabelecimentos federais de ensino superior, assinaram um protocolo de intenções em Belo Horizonte. O documento deverá passar pelo crivo dos conselhos universitários, aos quais caberia definir se aprovam a aliança envolvendo as federais de Alfenas (Unifal), Itajubá (Unifei), Juiz de Fora (UFJF), Lavras (Ufla), São João del-Rei (UFSJ), Ouro Preto (Ufop) e Viçosa (UFV). O protocolo será formalizado na terça-feira, no campus da UFSJ em Divinópolis, na Região Centro-Oeste do Estado, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro Fernando Haddad e o grupo de reitores.

O encontro de ontem, no escritório da UFV, foi a primeira reunião de trabalho dos reitores fora de Brasília. Eles têm prazo até 15 de outubro para apresentar ao MEC um Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) unificado – meta estratégica da qual constará o que e como fazer nos próximos cinco anos. A expectativa é de que as novidades entrem em vigor em 2011. Ainda sobram dúvidas e questionamentos sobre o modelo no país, a ser respondidos nos próximos meses. Por enquanto, há apenas uma definição: nada mudará no próximo vestibular dessas universidades, uma vez que não haverá tempo hábil para alteração nos editais. Mas a ideia de um processo seletivo conjunto começa a ser cogitada.

O ponto de partida da junção foi a localização geográfica. As sete estão nas posições sul e sudeste do Estado, distantes até 200 quilômetros umas da outras. Cada instituição manterá a autonomia e a independência. A grande vantagem será a "moeda acadêmica" por meio da qual os estudantes terão mais disciplinas e opções à disposição. "O aluno poderá fazer disciplinas que melhorem seu currículo em outra universidade. Na Europa isso é muito comum entre faculdades de diferentes países", exemplifica o reitor da UFV, Luiz Cláudio Costa. Essa mobilidade é a grande aposta e vai focar na desburocratização do acesso a outras instituições. O objetivo é assegurar que quem cursar algum semestre ou disciplina em outra faculdade, ao voltar à instituição de origem, não tenha de repetir a etapa estudada fora.

Para as universidades, significará possibilidade de mais investimentos, com menos despesas, com custos cotizados para laboratórios, por exemplo. Segundo Costa, a junção deixará as porções Sul e Sudeste de Minas com números semelhantes aos países com os melhores níveis de desenvolvimento humano quando o assunto for alto nível em educação: serão oito doutores para cada mil trabalhadores.

Destaque mundial

Além da integração das áreas de ensino, pesquisa e extensão, troca de tecnologia e conhecimento, as universidades querem entrar para o ranking internacional das melhores do mundo. "A UFSJ, por exemplo, levaria muito tempo para entrar nessa lista. Ao se integrar, fará parte mais rápido", prevê o reitor de São João del-Rei, Helvécio Luiz Reis. "A briga hoje é mundial, não local", acrescentou.

O reitor de Itajubá, Renato de Aquino Faria Nunes, disse que é importante desmistificar a "superuniversidade." "Não haverá uma superuniversidade, nem um superreitor, mas um consórcio", destacou. A ideia é formar um conselho de reitores, no qual nenhum terá ascendência sobre o outro. Um dos pontos mais importantes é a possibilidade de otimização de recursos federais e de agências de fomento – elas poderão ser acionadas até mesmo para o financiamento de mobilidade estudantil. O coordenador-geral de Legislação e Norma da Secretaria de Educação Superior do MEC, Samuel Martins Feliciano, disse que a distribuição de verbas ainda não está definida e dependerá da estrutura que for adotada.

No conjunto, essas instituições têm campi em 17 municípios do Sul e Sudeste de Minas Gerais e atendem polos de educação a distância em 55 cidades. Elas reúnem 3,5 mil professores, 4 mil técnicos-adiministrativos 41 mil alunos de graduação e 5,3 mil de pós-graduação. Em 260 cursos presenciais, oferecem 15,6 mil vagas de ingresso anual, além de 111 cursos de mestrado e 59 de doutorado. Na graduação todos contam com índice geral de cursos (IGC) entre 4 e 5. Na pós-graduação, 15 programas têm nível 5; outros cinco têm nível 6, e dois deles, nível 7, o mais alto.

Objetivos do Consórcio

- Promover a integração acadêmica nas áreas de ensino, pesquisa, extensão, gestão universitária e inovação;
- Implementar políticas visando à integração e a complementaridade de ações nas universidades federais consorciadas;
- Buscar práticas inovadoras e sinérgicas com foco na otimização de recursos para o desenvolvimento e troca de tecnologias e conhecimento;
- Atuar em áreas estratégicas;
- Promover técnicas inovadoras de ensino, pesquisa e extensão direcionadas à formação e aperfeiçoamento de profissionais na busca de políticas de inclusão e de impacto para o desenvolvimento;
- Desenvolver pesquisas científicas de impacto industrial;
- Promover extensão de qualidade e inclusiva;
- Participar do processo de desenvolvimento social,econômico e territorial em sua região de atuação.

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