sábado, novembro 27, 2010
sexta-feira, novembro 19, 2010
A imprensa cansada
Postado por
Marcel
Por Alberto Dines no Observatório da Imprensa
Vinte dias depois de terminada uma das mais renhidas campanhas eleitorais, a chamada grande imprensa ainda não conseguiu se reencontrar. Parece nocauteada: não recuperou a sua energia, entonação, nem a velha dimensão.
Perdeu o jeito – na verdade a grande imprensa ficou pequena. Não conseguiu adaptar-se à súbita mudança nas esferas do poder. Parece de ressaca.
Não percebeu que até o dia 31 de outubro dependia exclusivamente do presidente da República, era viciada em Lula, ele comandava o espetáculo, ele comandava o noticiário. Agora, o presidente recolheu-se, passou a operar nos bastidores enquanto a sucessora está completamente absorvida pelo desafio de montar a sua equipe, organizar as prioridades, montar os bastidores e as rotinas.
Balanço negativo
É preciso reconhecer que o poder também não se encontrou, nem se consolidou. Dilma Rousseff levará algum tempo para encontrar um estilo e descobrir o seu tom.
Neste clima generalizado de intervalos, onde impera o silêncio depois de um longo e cansativo berreiro, fica visível que a imprensa está patinando, perdeu as referências, não tem onde se agarrar, sobretudo está exibindo sem qualquer disfarce a sua velha fraqueza: não sabe viver sem declarações.
Pior: precisa ser pautada, não tem agenda própria. Não sabe ver o mundo, muito menos colocar-se nele. Sem o Enem e a débâcle de Silvio Santos teríamos os jornalões tratando apenas de crimes e futebol.
O Natal promete ser lucrativo – isso basta, já que nossos jornais são uma extensão do comércio. Depois virá o verão com as suas banalidades.
O quadro é ainda pior na mídia digital – que no Brasil, aliás, só existe como reverberação, incapaz de inventar-se para ocupar os espaços que uma mídia impressa cansada lhe oferece graciosamente.
O encerramento da primeira década do século 21 merecia olhares mais atentos e ânimos menos acirrados.
Vinte dias depois de terminada uma das mais renhidas campanhas eleitorais, a chamada grande imprensa ainda não conseguiu se reencontrar. Parece nocauteada: não recuperou a sua energia, entonação, nem a velha dimensão.
Perdeu o jeito – na verdade a grande imprensa ficou pequena. Não conseguiu adaptar-se à súbita mudança nas esferas do poder. Parece de ressaca.
Não percebeu que até o dia 31 de outubro dependia exclusivamente do presidente da República, era viciada em Lula, ele comandava o espetáculo, ele comandava o noticiário. Agora, o presidente recolheu-se, passou a operar nos bastidores enquanto a sucessora está completamente absorvida pelo desafio de montar a sua equipe, organizar as prioridades, montar os bastidores e as rotinas.
Balanço negativo
É preciso reconhecer que o poder também não se encontrou, nem se consolidou. Dilma Rousseff levará algum tempo para encontrar um estilo e descobrir o seu tom.
Neste clima generalizado de intervalos, onde impera o silêncio depois de um longo e cansativo berreiro, fica visível que a imprensa está patinando, perdeu as referências, não tem onde se agarrar, sobretudo está exibindo sem qualquer disfarce a sua velha fraqueza: não sabe viver sem declarações.
Pior: precisa ser pautada, não tem agenda própria. Não sabe ver o mundo, muito menos colocar-se nele. Sem o Enem e a débâcle de Silvio Santos teríamos os jornalões tratando apenas de crimes e futebol.
O Natal promete ser lucrativo – isso basta, já que nossos jornais são uma extensão do comércio. Depois virá o verão com as suas banalidades.
O quadro é ainda pior na mídia digital – que no Brasil, aliás, só existe como reverberação, incapaz de inventar-se para ocupar os espaços que uma mídia impressa cansada lhe oferece graciosamente.
O encerramento da primeira década do século 21 merecia olhares mais atentos e ânimos menos acirrados.
domingo, novembro 14, 2010
A síndrome do hamster nas redações
Postado por
Marcel
Postado por Carlos Castilho no Observatório da Imprensa
A imagem do ratinho correndo freneticamente no pequeno carrossel dentro de uma gaiola foi a escolhida pelo jornalista norte-americano Dean Starkman para descrever o ritmo cada vez mais veloz adotado pelas redações para processar e publicar notícias.
A correria do ratinho não tem nenhum sentido ou objetivo. É correr por correr porque o animal precisa gastar energias de qualquer jeito. É mais ou menos o mesmo que acontece hoje em dia nas redações, contaminadas pela síndrome do hamster. A correria para ser o primeiro e não ser furado pela concorrência transformou-se num objetivo em si mesmo, perdendo qualquer relação com o fato noticioso.
A consequência deste processo, que no Brasil chegou a absurdos como limitar em 45 segundos o tempo de edição de uma notícia em alguns portais online, é que a preocupação em ser o primeiro acabou sacrificando inevitavelmente a qualidade da informação, porque não há tempo para a contextualização adequada.
A velocidade foi transformada no grande objetivo das redações, que passaram a travar uma competição pela pole position noticiosa deixando leitor na arquibancada como um espectador passivo de um processo onde ele seria o protagonista principal, pelo menos nos manuais e na literatura jornalística.
Starkman, um repórter investigativo na área financeira, fez as contas e chegou à conclusão de que o The Wall Street Journal, de Nova York, publicou 26 mil notícias e reportagens em todo o ano de 2000. Uma década depois, o mesmo jornal publicou 21 mil histórias só no primeiro semestre de 2010. Nesta estatística não estão incluídas as notícias e reportagens publicadas exclusivamente no site do Journal.
O número pode ser visto como um indício de que o jornal diversificou e ampliou a produção de conteúdos informativos. Poderia ser também um sintoma de que a redação estaria preocupada em atender um número crescente de nichos de interesse, para satisfazer a expectativa gerada pela multiplicação de blogs segmentados na web.
No mesmo periodo em que foi feita a pesquisa publicada na revista Columbia Journalism Review, o número de jornalistas empregados na redação do The Wall Street Journal caiu de 323 profissionais em 2000 para 281, em 2008 — numa redução da ordem de 13%. Não é necessário fazer muita força para perceber que com menos jornalistas produzindo mais notícias, o resultado tende a ser a perda de qualidade e o aumento na frequência de erros.
Também fica fácil entender por que um repórter do Journal admitiu, anonimamente, que hoje o seu jornal publica três vezes mais notícias sem importância do que antes, tudo pela necessidade de chegar antes da concorrência.
Esta não é uma situação única no principal jornal econômico do império industrial de Rupert Murdoch. É uma tendência mundial, sem que os jornalistas tenham tido condições de parar para pensar no absurdo de uma correria maluca que interessa apenas às empresas. O leitor não está preocupado com a velocidade, exclusividade ou ineditismo da notícia. Ele a quer completa e confiável, mas a roda do hamster não roda neste sentido.
A correria do ratinho não tem nenhum sentido ou objetivo. É correr por correr porque o animal precisa gastar energias de qualquer jeito. É mais ou menos o mesmo que acontece hoje em dia nas redações, contaminadas pela síndrome do hamster. A correria para ser o primeiro e não ser furado pela concorrência transformou-se num objetivo em si mesmo, perdendo qualquer relação com o fato noticioso.
A consequência deste processo, que no Brasil chegou a absurdos como limitar em 45 segundos o tempo de edição de uma notícia em alguns portais online, é que a preocupação em ser o primeiro acabou sacrificando inevitavelmente a qualidade da informação, porque não há tempo para a contextualização adequada.
A velocidade foi transformada no grande objetivo das redações, que passaram a travar uma competição pela pole position noticiosa deixando leitor na arquibancada como um espectador passivo de um processo onde ele seria o protagonista principal, pelo menos nos manuais e na literatura jornalística.
Starkman, um repórter investigativo na área financeira, fez as contas e chegou à conclusão de que o The Wall Street Journal, de Nova York, publicou 26 mil notícias e reportagens em todo o ano de 2000. Uma década depois, o mesmo jornal publicou 21 mil histórias só no primeiro semestre de 2010. Nesta estatística não estão incluídas as notícias e reportagens publicadas exclusivamente no site do Journal.
O número pode ser visto como um indício de que o jornal diversificou e ampliou a produção de conteúdos informativos. Poderia ser também um sintoma de que a redação estaria preocupada em atender um número crescente de nichos de interesse, para satisfazer a expectativa gerada pela multiplicação de blogs segmentados na web.
No mesmo periodo em que foi feita a pesquisa publicada na revista Columbia Journalism Review, o número de jornalistas empregados na redação do The Wall Street Journal caiu de 323 profissionais em 2000 para 281, em 2008 — numa redução da ordem de 13%. Não é necessário fazer muita força para perceber que com menos jornalistas produzindo mais notícias, o resultado tende a ser a perda de qualidade e o aumento na frequência de erros.
Também fica fácil entender por que um repórter do Journal admitiu, anonimamente, que hoje o seu jornal publica três vezes mais notícias sem importância do que antes, tudo pela necessidade de chegar antes da concorrência.
Esta não é uma situação única no principal jornal econômico do império industrial de Rupert Murdoch. É uma tendência mundial, sem que os jornalistas tenham tido condições de parar para pensar no absurdo de uma correria maluca que interessa apenas às empresas. O leitor não está preocupado com a velocidade, exclusividade ou ineditismo da notícia. Ele a quer completa e confiável, mas a roda do hamster não roda neste sentido.
quinta-feira, novembro 11, 2010
Jô Soares constrange escritores e organizadores de prêmio literário
Postado por
Marcel
Do Blog de Maurício Stycer
A cerimônia de entrega da oitava edição do Prêmio Portugal Telecom de Literatura, na noite de segunda-feira, é a fofoca do momento no mundo das letras. O assunto principal nem é a vitória de Chico Buarque, com o romance “Leite Derramado”, mas a performance do humorista Jô Soares como mestre de cerimônias da noitada, na Casa Fasano, em São Paulo.
Dez escritores concorriam ao cobiçado prêmio de R$ 100 mil, que também dá R$ 35 mil para o segundo lugar e R$ 15 mil para o terceiro.
A cerimônia foi imaginada nos moldes do programa que o humorista apresenta na televisão, incluindo o seu sexteto musical. Jô ignorou diversas passagens do roteiro preparado para a sua leitura e, improvisando, causou diferentes constrangimentos.
O roteiro previa que Jô apresentasse cada um dos dez autores finalistas do prêmio, fazendo um breve resumo biográfico e da obra que disputava a láurea. Não disse uma linha sequer. Vários dos autores indicados estavam presentes e sequer foram mencionados, O segundo colocado, Rodrigo Lacerda, autor do romance “Outra Vida”, foi praticamente enxotado do palco para a entrada de Chico.
Além de ignorar o roteiro, Jô demonstrou falta de conhecimento literário, como se viu na pouca familiaridade do apresentador com o nome de Armando Freitas Filho, um dos principais poetas brasileiros, terceiro colocado, com “Lar”.
O constrangimento estendeu-se a Pilar del Rio, viúva de José Saramago, o escritor homenageado da noite. Jô recebeu Pilar no palco e, como de hábito, falou mais que a entrevistada, além de transmitir a impressão que era íntimo do autor. Sobre o seu último livro, “As Palavras de Saramago”, distribuído aos convidados, o apresentador disse pouco.
Ao entrevistar Chico Buarque, o grande vencedor, Jô aproveitou para tecer um paralelo entre o trabalho literário do compositor e o seu próprio, além de conversar sobre futebol.
Ao final da cerimônia, Selma Caetano, curadora do prêmio, pediu desculpas aos escritores finalistas. Disse a eles lamentar que o que deveria ser uma festa da literatura tenha se transformado num evento social.
O apresentador “só não destratou o copeiro, porque não havia copeiro”, escreveu o jornalista Roberto Kaz, na “Folha”. “Foi uma coisa realmente grotesca”, resumiu um dos presentes a este blogueiro.
A Portugal Telecom não quer comentar o episódio. Apenas considera que o prêmio está acima deste constrangimento.
A cerimônia de entrega da oitava edição do Prêmio Portugal Telecom de Literatura, na noite de segunda-feira, é a fofoca do momento no mundo das letras. O assunto principal nem é a vitória de Chico Buarque, com o romance “Leite Derramado”, mas a performance do humorista Jô Soares como mestre de cerimônias da noitada, na Casa Fasano, em São Paulo.
Dez escritores concorriam ao cobiçado prêmio de R$ 100 mil, que também dá R$ 35 mil para o segundo lugar e R$ 15 mil para o terceiro.
A cerimônia foi imaginada nos moldes do programa que o humorista apresenta na televisão, incluindo o seu sexteto musical. Jô ignorou diversas passagens do roteiro preparado para a sua leitura e, improvisando, causou diferentes constrangimentos.
O roteiro previa que Jô apresentasse cada um dos dez autores finalistas do prêmio, fazendo um breve resumo biográfico e da obra que disputava a láurea. Não disse uma linha sequer. Vários dos autores indicados estavam presentes e sequer foram mencionados, O segundo colocado, Rodrigo Lacerda, autor do romance “Outra Vida”, foi praticamente enxotado do palco para a entrada de Chico.
Além de ignorar o roteiro, Jô demonstrou falta de conhecimento literário, como se viu na pouca familiaridade do apresentador com o nome de Armando Freitas Filho, um dos principais poetas brasileiros, terceiro colocado, com “Lar”.
O constrangimento estendeu-se a Pilar del Rio, viúva de José Saramago, o escritor homenageado da noite. Jô recebeu Pilar no palco e, como de hábito, falou mais que a entrevistada, além de transmitir a impressão que era íntimo do autor. Sobre o seu último livro, “As Palavras de Saramago”, distribuído aos convidados, o apresentador disse pouco.
Ao entrevistar Chico Buarque, o grande vencedor, Jô aproveitou para tecer um paralelo entre o trabalho literário do compositor e o seu próprio, além de conversar sobre futebol.
Ao final da cerimônia, Selma Caetano, curadora do prêmio, pediu desculpas aos escritores finalistas. Disse a eles lamentar que o que deveria ser uma festa da literatura tenha se transformado num evento social.
O apresentador “só não destratou o copeiro, porque não havia copeiro”, escreveu o jornalista Roberto Kaz, na “Folha”. “Foi uma coisa realmente grotesca”, resumiu um dos presentes a este blogueiro.
A Portugal Telecom não quer comentar o episódio. Apenas considera que o prêmio está acima deste constrangimento.
terça-feira, novembro 09, 2010
Oportunidade de palestra em Tatuí
Postado por
Marcel
A PETCursos Tatuí fará duas palestras gratuitas nesta quarta-feira, dia 10:
TEMA 1: Empregabilidade você tem? (Como fazer para não tropeçar na morosidade do dia a dia organizacional e deixar de ser essencial para a empresa, conceitos e estatísticas para uma tomada de decisão correta). A palestra será feita pelo Prof. Edimilson dos Santos Mourão, profissional com 20 anos de experiência em empresas de grande, médio e pequeno porte nas áreas de Sistema da Qualidade/Produção e Recursos Humanos com Desenvolvimento Organizacional e Humano. Graduado em Comércio Exterior e Pós Graduado em Sistemas Integrados de Gestão pela Universidade de Sorocaba. Atualmente desenvolve suas atividades em empresa de grande porte do ramo automobilístico responsável pela área de Planejamento de Recursos Humanos e também como Docente do SENAC entre outras instituições.
TEMA 2: A importância das Técnicas de Vendas/Negociação. - Palestra a ser realizada pelo professor Evandro Veronez, Graduado em Informática pela Fatec, especializado em Marketing pelo IPEP-SP e em gerência de projetos pela FGV-SP, com MBA em Marketing pela EDE-Fisp/FMU e é Mestre em Administração de Empresas pela PUC-SP. Professor-Tutor pela FGV-RJ, Monitora cursos de Pós-Graduação/MBA em Finanças na FIA-SP e é Consultor de Empresas.Trabalhou em empresas como Banco do Brasil, Heublein/UDV, CAAD, Cristália, ABBOTT, Torrent, Wyeth/Pfizer, ocupando posição de gestor na área de vendas. Co-autor do Livro “Diferenciação e Inovação em Marketing”, Ed. Saraiva (2007).
Horário: 19h
Data 10/11/2010
Local: Sindicato Rural de Tatuí, Rua XI de Agosto,1375.
Mais Informações: PetCursos, Rua Santo Antonio, 419 Centro Fone: (15) 3251-0030
Inscrições pelo email: tatui@petcursos.com.br ou no local do evento a partir das 18:30. Vagas Limitadas.
TEMA 1: Empregabilidade você tem? (Como fazer para não tropeçar na morosidade do dia a dia organizacional e deixar de ser essencial para a empresa, conceitos e estatísticas para uma tomada de decisão correta). A palestra será feita pelo Prof. Edimilson dos Santos Mourão, profissional com 20 anos de experiência em empresas de grande, médio e pequeno porte nas áreas de Sistema da Qualidade/Produção e Recursos Humanos com Desenvolvimento Organizacional e Humano. Graduado em Comércio Exterior e Pós Graduado em Sistemas Integrados de Gestão pela Universidade de Sorocaba. Atualmente desenvolve suas atividades em empresa de grande porte do ramo automobilístico responsável pela área de Planejamento de Recursos Humanos e também como Docente do SENAC entre outras instituições.
TEMA 2: A importância das Técnicas de Vendas/Negociação. - Palestra a ser realizada pelo professor Evandro Veronez, Graduado em Informática pela Fatec, especializado em Marketing pelo IPEP-SP e em gerência de projetos pela FGV-SP, com MBA em Marketing pela EDE-Fisp/FMU e é Mestre em Administração de Empresas pela PUC-SP. Professor-Tutor pela FGV-RJ, Monitora cursos de Pós-Graduação/MBA em Finanças na FIA-SP e é Consultor de Empresas.Trabalhou em empresas como Banco do Brasil, Heublein/UDV, CAAD, Cristália, ABBOTT, Torrent, Wyeth/Pfizer, ocupando posição de gestor na área de vendas. Co-autor do Livro “Diferenciação e Inovação em Marketing”, Ed. Saraiva (2007).
Horário: 19h
Data 10/11/2010
Local: Sindicato Rural de Tatuí, Rua XI de Agosto,1375.
Mais Informações: PetCursos, Rua Santo Antonio, 419 Centro Fone: (15) 3251-0030
Inscrições pelo email: tatui@petcursos.com.br ou no local do evento a partir das 18:30. Vagas Limitadas.
sábado, outubro 30, 2010
Futuro do jornalismo: luz no fim do túnel ?
Postado por
Marcel
Postado por Carlos Castilho no Observatório da Imprensa
Ainda não é uma luz no fim do túnel, mas alguns estudiosos do jornalismo já começam a vislumbrar um novo horizonte para a atividade. E o que começa a surgir vai espantar muita gente porque tem pouca coisa a ver com o que entendemos hoje por jornalismo.
A tendência que certamente vai gerar mais polêmica é a que coloca o jornalismo não mais como uma habilidade, segundo alguns, ou uma ciência, para outros, mas como uma função social intimamente ligada ao papel que a internet terá na sociedade dos próximos anos.
O meio ambiente dos jornalistas deixará de ser as redações para situar-se nas comunidades, atuando dentro de redes sociais digitais. Suas ferramentas principais não serão mais o computador, mas os softwares de produção colaborativa e coletiva de narrativas textuais, visuais, sonoras e interativas.
Tudo isto parece exercício de ficção científica ou viagem de futurólogos amadores, mas é o que o norte-americano Vadim Lavrusik, professor da Universidade Columbia, em Nova York, está desenvolvendo a partir de sua disciplina cujo título, nada ortodoxo, é "Jornalistas como Gestores de Comunidades Sociais".
Lavrusik forma junto com o indiano Sree Sreenivasan e o anglo-saxão Adam Glenn o núcleo de professores que está deixando de cabelos em pé os seus colegas da Columbia, cuja escola de jornalismo é considerada uma das mais tradicionais do mundo acadêmico norte-americano.
Os três estão desenvolvendo ideias que já têm seguidores também na Europa e na América Latina, mas foram os que, até agora, formularam mais claramente o que eles chamam de Jornalismo em Mídias Sociais. Trata-se de um conceito ainda bastante contestado, mas cuja base é a transformação do jornalismo numa atividade desenvolvida fora de um contexto industrial.
Os defensores da ideia afirmam que os profissionais encontrarão dentro das comunidades — ou seja, junto às pessoas —, a matéria prima para alimentar o processo de produção de informações e conhecimentos que ativará a formação de capital social. A informação não virá mais basicamente de fontes governamentais e corporativas ou dos especialistas.
As chamadas mídias sociais, os softwares que viabilizam a circulação de informações dentro das redes sociais digitais, já são uma grande fonte de notícias e a tendência é que sua importância cresça ainda mais, à medida que a internet incluir cada vez mais pessoas. Não é necessário ser nenhum guru ou especialista para perceber que as redes tendem a ser o grande manancial do conhecimentohumano.
A produção colaborativa de notícias, na qual o público recolhe dados e fatos que são processados em conjunto com jornalistas, já é vista como a grande alternativa para situações extremas como, por exemplo, a surgida pela divulgação de um pacotaço de documentos secretos sobre a guerra no Iraque pelo site Wikileaks.
Os blogueiros independentes estão começando a criar suas próprias redes de informantes surgidas a partir de comentários postados por leitores, afirma Alfred Hermida, outro professor da Columbia, especializado em mídias sociais. E muitos profissionais do jornalismo poderiam acabar exercendo funções muito próximas às de um "curador de notícias", ou seja, selecionar e aglutinar informações, como fazem os curadores de museus ou exposições, responsáveis pela escolha das obras que serão expostas.
Até agora os jornalistas e os jornais se apoiavam na ideia de que eles sabiam o que era bom para os leitores. As novas idéias invertem totalmente este processo, pois é o público que dirá o que deseja ser investigado e noticiado. Não é uma mudança simples, pois afeta um conjunto de valores e rotinas associadas à atividade informativa.
Alguns críticos afirmam que o novo jornalismo poderá acabar adotando uma prática parecida à dos assistentes sociais ou psicólogos sociais. Até pode ser, mas a ironia embutida nesta comparação apenas comprova o quanto o jornalismo está distante de sua função social depois de ter se transformado numa atividade quase industrial. Se isto for verdade, jornalista como gestor de comunidades sociais estará corrigindo uma velha distorção em vez de criar algo revolucionário.
Ainda não é uma luz no fim do túnel, mas alguns estudiosos do jornalismo já começam a vislumbrar um novo horizonte para a atividade. E o que começa a surgir vai espantar muita gente porque tem pouca coisa a ver com o que entendemos hoje por jornalismo.
A tendência que certamente vai gerar mais polêmica é a que coloca o jornalismo não mais como uma habilidade, segundo alguns, ou uma ciência, para outros, mas como uma função social intimamente ligada ao papel que a internet terá na sociedade dos próximos anos.
O meio ambiente dos jornalistas deixará de ser as redações para situar-se nas comunidades, atuando dentro de redes sociais digitais. Suas ferramentas principais não serão mais o computador, mas os softwares de produção colaborativa e coletiva de narrativas textuais, visuais, sonoras e interativas.
Tudo isto parece exercício de ficção científica ou viagem de futurólogos amadores, mas é o que o norte-americano Vadim Lavrusik, professor da Universidade Columbia, em Nova York, está desenvolvendo a partir de sua disciplina cujo título, nada ortodoxo, é "Jornalistas como Gestores de Comunidades Sociais".
Lavrusik forma junto com o indiano Sree Sreenivasan e o anglo-saxão Adam Glenn o núcleo de professores que está deixando de cabelos em pé os seus colegas da Columbia, cuja escola de jornalismo é considerada uma das mais tradicionais do mundo acadêmico norte-americano.
Os três estão desenvolvendo ideias que já têm seguidores também na Europa e na América Latina, mas foram os que, até agora, formularam mais claramente o que eles chamam de Jornalismo em Mídias Sociais. Trata-se de um conceito ainda bastante contestado, mas cuja base é a transformação do jornalismo numa atividade desenvolvida fora de um contexto industrial.
Os defensores da ideia afirmam que os profissionais encontrarão dentro das comunidades — ou seja, junto às pessoas —, a matéria prima para alimentar o processo de produção de informações e conhecimentos que ativará a formação de capital social. A informação não virá mais basicamente de fontes governamentais e corporativas ou dos especialistas.
As chamadas mídias sociais, os softwares que viabilizam a circulação de informações dentro das redes sociais digitais, já são uma grande fonte de notícias e a tendência é que sua importância cresça ainda mais, à medida que a internet incluir cada vez mais pessoas. Não é necessário ser nenhum guru ou especialista para perceber que as redes tendem a ser o grande manancial do conhecimentohumano.
A produção colaborativa de notícias, na qual o público recolhe dados e fatos que são processados em conjunto com jornalistas, já é vista como a grande alternativa para situações extremas como, por exemplo, a surgida pela divulgação de um pacotaço de documentos secretos sobre a guerra no Iraque pelo site Wikileaks.
Os blogueiros independentes estão começando a criar suas próprias redes de informantes surgidas a partir de comentários postados por leitores, afirma Alfred Hermida, outro professor da Columbia, especializado em mídias sociais. E muitos profissionais do jornalismo poderiam acabar exercendo funções muito próximas às de um "curador de notícias", ou seja, selecionar e aglutinar informações, como fazem os curadores de museus ou exposições, responsáveis pela escolha das obras que serão expostas.
Até agora os jornalistas e os jornais se apoiavam na ideia de que eles sabiam o que era bom para os leitores. As novas idéias invertem totalmente este processo, pois é o público que dirá o que deseja ser investigado e noticiado. Não é uma mudança simples, pois afeta um conjunto de valores e rotinas associadas à atividade informativa.
Alguns críticos afirmam que o novo jornalismo poderá acabar adotando uma prática parecida à dos assistentes sociais ou psicólogos sociais. Até pode ser, mas a ironia embutida nesta comparação apenas comprova o quanto o jornalismo está distante de sua função social depois de ter se transformado numa atividade quase industrial. Se isto for verdade, jornalista como gestor de comunidades sociais estará corrigindo uma velha distorção em vez de criar algo revolucionário.
quinta-feira, outubro 28, 2010
O duelo da mídia nas eleições brasileiras
Postado por
Marcel
Por Maira Magro (Publicado no Knight Center for Journalism
Num ambiente de disputa acirrada no segundo turno das eleições presidenciais no Brasil, alguns meios de comunicação entraram na briga e tomaram partido, de forma às vezes óbvia e outras nem tanto, nas votações de 31 de outubro.
As manifestações mais recentes vieram do exterior: o jornal britânico Financial Times publicou um editorial nesta terça-feira, 26, defendendo a eleição de José Serra (PSDB). Uma semana antes, a revistaThe Economist havia afirmado que "Serra seria um melhor presidente que Dilma Rousseff (PT)".
No Brasil, a candidatura tucana foi defendida em editorial do Estado de S. Paulo, enquanto a revista Carta Capital declarou expressamente apoio a Dilma.
Outra batalha foi travada pelo conteúdo das próprias matérias jornalísticas, com maior engajamento das semanais. A Veja publicou capas abertamente contrárias a Dilma, uma apontando posições incongruentes em relação ao aborto. A IstoÉ saiu em defesa da candidata petista, e lançou na semana seguinte uma capa ironizando a revista concorrente – com um layout idêntico, mas com declarações contraditórias de Serra sobre denúncias envolvendo a campanha.
Na ausência de propostas abrangentes de ambas as candidaturas sobre os temas mais relevantes para o país, a cobertura jornalística na reta final das eleições se deteve em acusações cruzadas e discussões conservadoras de assuntos como religião e aborto. O esvaziamento das discussões de projetos políticos também ficou claro nas páginas inteiras de jornais dedicadas a episódios como uma bolinha de papel e um rolo de adesivo atingindo a cabeça de Serra e uma bexiga de água jogada em direção a Dilma.
Num ambiente de disputa acirrada no segundo turno das eleições presidenciais no Brasil, alguns meios de comunicação entraram na briga e tomaram partido, de forma às vezes óbvia e outras nem tanto, nas votações de 31 de outubro.
As manifestações mais recentes vieram do exterior: o jornal britânico Financial Times publicou um editorial nesta terça-feira, 26, defendendo a eleição de José Serra (PSDB). Uma semana antes, a revistaThe Economist havia afirmado que "Serra seria um melhor presidente que Dilma Rousseff (PT)".
No Brasil, a candidatura tucana foi defendida em editorial do Estado de S. Paulo, enquanto a revista Carta Capital declarou expressamente apoio a Dilma.
Outra batalha foi travada pelo conteúdo das próprias matérias jornalísticas, com maior engajamento das semanais. A Veja publicou capas abertamente contrárias a Dilma, uma apontando posições incongruentes em relação ao aborto. A IstoÉ saiu em defesa da candidata petista, e lançou na semana seguinte uma capa ironizando a revista concorrente – com um layout idêntico, mas com declarações contraditórias de Serra sobre denúncias envolvendo a campanha.
Na ausência de propostas abrangentes de ambas as candidaturas sobre os temas mais relevantes para o país, a cobertura jornalística na reta final das eleições se deteve em acusações cruzadas e discussões conservadoras de assuntos como religião e aborto. O esvaziamento das discussões de projetos políticos também ficou claro nas páginas inteiras de jornais dedicadas a episódios como uma bolinha de papel e um rolo de adesivo atingindo a cabeça de Serra e uma bexiga de água jogada em direção a Dilma.
quarta-feira, outubro 27, 2010
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