sábado, março 21, 2009

Dissecando a escandalização

Do blog do Nassif

Mais uma condenação da revista Veja, agora na Vara de Pinheiro – ação de 2002.
Chamo a atenção para a sentença do Juiz Pedro Paulo Maillet Preuss – que cai como uma luva para as matérias da Veja em relação a Protógenes, De Sanctis e outros que ousaram enfrentar Daniel Dantas.

É um belíssimo diagnóstico dos métodos de manipulação jornalístico.

Diz a sentença:

1.Se a mídia quer substituir o Judiciário no ato de investigar e julgar, tem que seguir os procedimentos do Judiciário. “(…) se busca a imprensa investigar e julgar, arroga para si atribuições do estado, o qual realiza tais tarefas com base em princípios específicos e com atenção principalmente ao direito”.

2.Entre esses procedimentos, o de alertar o entrevistado de que a matéria será de denúncia, para que ele possa se defender e estabelecer o contraditório.

3.A matéria escondeu informações fundamentais, para poder criminalizar a atuação da vítima. Era sobre um método alternativo de medicina. Os manuais diziam que não substituiria a alopatia. A matéria escondeu essa informação. Depois afirmou que todo método que se propõe a substituir a alopatia é de charlatões. “E nem se diga que a ré não foi chamada de charlatã. O contexto da reportagem dá a entender que todos que ali estão não são dignos de crédito.Trata-se de generalização perigosa. Ainda mais quando se associa a atividade da autora com “bizarrices de embrulhar o estômago, como a urinoterapia”, Só desta afirmação maldosa já emerge o dever de indenizar”.

4.Uma das táticas mais maliciosas consiste em substituir mentiras por omissões: “Ao que parece, não há na reportagem mentiras explícitas sobre a autora, ou sobre a terapia que ela desenvolve. Longe aqui de querer julgar o mérito de tais atividades, de cunho aparentemente “medicinal”, certo é que, se mentiras não houve, ao menos omissões constam da reportagem.

Comentário - Esse é um problema que afeta todo e qualquer veículo de imprensa, inclusive os de Sorocaba. Diante do desconhecimento do método da Justiça trabalhar, a imprensa apura a seu modo (quase sempre sem direito ao contraditório) e acaba causando prejuízos ao "denunciado". Por motivos óbvios, quando a questão chega na Justiça, a imprensa se ferra de verde-amarelo. E daí faz ilações de que a Justiça atende a interesses desse ou daquele. Com sua visão míope, a imprensa não consegue ver que seu método de apuração é que é errado, pitoresco e que induz a sociedade a erro de julgamento.

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