quarta-feira, setembro 29, 2010
Muitos doutores, pouca inovação
Brasil forma 12 mil doutores por ano e taxa de empregabilidade é de 75%, mas esses profissionais ainda não estão gerando inovação tecnológica enquanto negócio nas empresas.
O Brasil vem construindo um dos sistemas mais robustos de Educação Superior e de Ciência e Tecnologia (C&T) do mundo, mas ainda não está conseguindo apropriar-se amplamente desta conquista. Isso por conta de um grande descompasso entre a baixa capacidade de inovação das empresas e a alta competência científica das universidades brasileiras, mensurada pela crescente formação de alunos de pós-graduação, especialmente doutores.
O cenário foi apresentado na conferência "Mercado de Trabalho Para Recém-Doutores", proferida por José Oswaldo Siqueira, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (CNPq), na manhã desta terça-feira (28/9), na Reunião Regional da SBPC em Lavras (MG).
O docente da Universidade Federal de Lavras (Ufla), que falou sobre o papel das universidades no desenvolvimento tecnológico nacional, explicou que a pesquisa acadêmica contribui com novas descobertas, teóricas ou empíricas, mas raramente gera invenções específicas.
Atualmente no Brasil, explicou, é alta a demanda por doutores no mercado de trabalho.
"Formamos, por ano, quase 12 mil doutores no Brasil e publicamos cerca de 40 mil artigos em revistas especializadas. A taxa de empregabilidade desses doutores é da ordem de 75%, sendo que os setores público e o da educação são os principais empregadores. Temos um mercado potencial para os doutores no país, mas eles ainda não estão fazendo pesquisa e desenvolvimento (P&D) que gere inovação tecnológica enquanto negócio nas empresas", apontou.
Siqueira divulgou um levantamento que mostra uma realidade inversa. De uma amostra de 3 mil empresas situadas no Vale do Silício, nos Estados Unidos, apenas 20 utilizaram tecnologias obtidas na academia, mais especificamente na Universidade de Stanford. "Em linhas gerais, apenas 10% dos novos produtos ou processos introduzidos pelas empresas americanas têm contribuição imediata de pesquisas acadêmicas", disse.
Os países desenvolvidos formam entre 30 e 45 mil doutores por ano e a grande parte é empregada no setor privado. Nos Estados Unidos, cerca de 90% das inovações nascem nas empresas a partir de investimentos próprios em P&D.
"A grande questão é que a maioria dos pós-graduandos brasileiros ainda dá preferência por carreiras nas universidades. A formação de tantos doutores e as altas taxas de empregabilidade no Brasil ainda não resultam em inovação porque esses profissionais ainda não estão nas empresas. Somente 8,4% dos grupos de pesquisa do CNPq relatam relacionamento com empresas", afirmou.
Além da falta de interesse dos recém-doutores, Siqueira apontou outras três causas da baixa quantidade de doutores nas empresas brasileiras: fraca visão estratégica para pesquisa e desenvolvimento (P&D) dos empresários, perfil de formação acadêmica dos doutores é muito restrito e custo elevado para contratação desses profissionais.
terça-feira, setembro 28, 2010
"Morte" de senador foi o tiro no pé
A tuitosfera brasileira convulsionou na noite da sexta-feira (24/9). O gatilho foi a publicação da notícia sobre a morte do senador Romeu Tuma pelos principais portais da internet. Em minutos, soube-se que não passava de um erro e que o senador – internado por doença – tentava se recuperar. Em minutos também, o tema entrou para os Trending Topics no país, o que equivale a dizer que era dos mais comentados no Twitter.
É claro que o equívoco não é o primeiro da internet nacional. Infelizmente, não será o último. Tudo por uma simples razão: embora o jornalismo ganhe com novas possibilidades tecnológicas, ainda carece de mecanismos de controle de qualidade da informação. Quer dizer, contas no Twitter auxiliam na propagação rápida das notícias funcionando como alertas informativos, mas ficam restritas a isso; não impedem que erros sejam cometidos. Podem até tentar atenuar as consequências de algum deslize, mas é como tentar segurar um punhado de areia com os dedos...
Foi o caso da Folha.com, de onde teria partido a informação falsa da morte de Tuma. O anúncio foi publicado no portal às 19h29, e em seguida, retirado. A editora do caderno "Poder", Vera Magalhães, apressou-se em pedir desculpas pelo Twitter:
CORREÇÃO A Folha.com errou: o senador Romeu Tuma não morreu e permanece internado http://is.gd/frnjg
Entretanto, a tentativa de correção veio quase duas horas depois do alarde, o que é uma eternidade na internet.
Velocidade e fidedignidade
O que está em jogo aqui? Diversas coisas, inclusive algumas muito caras ao jornalismo, como a sua credibilidade. A internet em geral e as redes sociais em particular trouxeram grandes possibilidades para o setor jornalístico, e não se pode retroagir. No entanto, a mesma pressa para difundir informações tem que acompanhar a preocupação com retificações e retratações. Está aí embutido um compromisso ético entre o jornalista, seu veículo e o público.
O leitor delega ao profissional e ao meio as funções de apurar informações e abastecê-lo com notícias. O erro faz parte da atividade humana, e ninguém está livre dele. A pressa apenas amplia a sua ocorrência. Os portais noticiosos devem se manter ágeis na difusão das notícias, mas isso implica assumir riscos maiores. Não basta assumir os riscos, é preciso ter mecanismos de controle de qualidade que primeiro, reduzam a margem do erro e, segundo, diminuam os danos de eventuais erros.
É esperar muito? Não. Não é. É apenas esperar que um veículo informe com correção e precisão, nada além do que já se esperava do jornalismo antes da internet. Se os veículos da web não podem oferecer isso, não merecem a atenção do público, não contam com a credibilidade mínima para se manterem no negócio.
É preciso sacrificar a velocidade para se ter informações mais corretas e precisas? Talvez, talvez.
quinta-feira, setembro 23, 2010
Visita à Igreja de João de Camargo acontece neste sábado
A Prefeitura de Sorocaba, por meio da Secretaria de Cultura e Lazer, promove neste sábado (25), das 15h às 17h, mais uma edição do projeto Passeios Culturais. A visita neste dia será na Igreja de João de Camargo, na Av. Barão de Tatuí, 1.083, no Vergueiro.
“O projeto é desenvolvido pela Biblioteca Infantil em conjunto com o Museu Histórico Sorocabano. O objetivo é sensibilizar o olhar dos participantes para aspectos ligados à cultura e à história de nosso povo, presentes nos locais visitados”, explica o secretário Anderson Santos.
Segundo José Rubens Incao, um dos coordenadores do passeio, mais do que contar a história, a intenção é despertar a consciência de que o passado, o presente e o futuro coexistem num mesmo espaço. “Estamos vivendo sobre diversas camadas do passado, trabalhando a matéria da qual somos portadores por herança cultural e, com ela, temos a possibilidade de projetar o futuro”, explica.
Um bom exemplo é a figura de João de Camargo. Escravo negro, filho de uma escrava negra, benzedeira, nascido em 1858, em Sarapuí (SP), veio para Sorocaba após a abolição em busca de sustento. Trabalhou para diversas famílias em serviços gerais quando, ao retornar do trabalho numa noite de tempestade em 1906 teve, segundo a tradição, a visão do menino Alfredinho, de Monsenhor João Soares do Amaral, que o orientou a erguer uma igreja e auxiliar as pessoas.
Os interessados em participar deste Passeio Cultural devem ligar para 3231.5723, na Biblioteca Infantil, para fazer a inscrição. O encontro do grupo será em frente à Capela de João de Camargo. Ao final, haverá apresentação da Corporação Musical Francisco Dimas de Mello, cujo patrono, Dimas de Mello, foi um dos maestros da Corporação Musical São Luís, da Igreja de João de Camargo.
João de Camargo
O modesto ex-escravo assim o fez. Com o auxílio de familiares e de pessoas simples, ergueu a capela que até hoje atrai gente de todo o Brasil e do exterior. Foi perseguido. Sua igreja, por diversas vezes, foi fechada. Ele foi preso e processado, mas resistiu e continuou humildemente o seu trabalho de auxiliar a todos, sem nada cobrar.
![]() |
João de Camargo |
João de Camargo morreu em 28 de setembro de 1942 e até hoje a Igreja atrair expressivo número de pessoas, assim como é grande o número de visitantes em túmulo, que fica no Cemitério da Saudade. E com um detalhe: João de Camargo tem seguidores em todo o mundo sem nunca ter recorrido ao poder da mídia que, na época em que ainda era vivo, pouco ou nada foi divulgado sobre ele.
Esse povo, anônimo, humilde, continua frequentando a Capela de João de Camargo, a buscar alento, a fazer suas devoções, a agradecer pelo que recebeu. E esse número de pessoas só tem aumentado. Não é apenas um saudosismo daqueles que o conheceram em vida: é tradição! É fé!
“Podemos acreditar ou não em suas obras, podemos concordar ou não com sua Igreja, mas um sentimento é comum a todos em relação a João de Camargo: respeito pelo que ele foi, por sua dedicação, por sua vida. E esse sentimento já basta para a sua projeção e permanência no futuro”, conclui José Rubens.
terça-feira, setembro 21, 2010
O rato que morreu no show do Ratos
![]() |
Cartum feito por Edra - "Rato Mattias" |
Enquanto estava na fila, à espera que o portão da casa se abrisse, um grupo punk - uns seis ou sete - conversava e bebia na minha frente. Um deles se vestia com um sobretudo marrom com capuz bastante puído. De repente, surge um rato do capuz do cara. Juro, não é mentira.
Não, não era um ramister, muito menos um rato branco desses comprados em pet shop. Era um rato marrom, desses que causam gritos e histeria na mulherada e habitam o submundo dos esgotos nas metrópoles. Pelo que deu para perceber, o bicho vivia ali no capuz. E, ainda conforme minhas observações, ele se dava muito bem, pois passeava com muita segurança.
Então começam as partes sórdidas dessa história. Com um pedaço de pão na mão, o punk passou a alimentar o rato, que se equilibrava em seu ombro. Detalhe: o cara dava o pão pro rato e dava umas mordidas logo depois. heheheheh até agora desacredito E,eu e uns amigos, ali, fazendo piada e falando do risco do cara pegar doenças.
Outro punk chegou a oferecer a lata de cerveja pro rato, que tinha o corpo do tamanho de uma caneta Bic e o rabo ainda maior. Comida vai, bebida vem, o rato ficou circulando entre o capuz do punk, os ombros dos demais punks ali e passou de mão em mão com as garotas. Uma delas teve um "que" histérico por conta do mickey ali.
Bom, os portões do Asteróide foram abertos e o rato foi levado para dentro, onde rolaria o show de seus parentes famosos. Fomos uns dos primeiros a entrar. Como ainda era cedo, o DJ tocou diversas músicas para segurar a galera, vários punk-rock e, vez ou outra, um som mais pesado. E o grupo de punks, concentrado no meio da pista, ficou dançando em círculo e dando porradas um nos outros. Coisa normal.
De repente, olho pro punk de sobretudo e o flagro limpando as lágrimas do rosto. Antes mesmo que minha pálpebra se fechasse, baixei os olhos e vi nas mãos dele o rato com as patas viradas para cima. Fechei os olhos, como desacreditando. Os abri novamente. Era isso mesmo. O Mickey estava morto. Não acreditei. Comecei a mostrar a cena para os meus amigos que, logo, transformaram na piada: o rato é que tinha morrido por não aguentar a sujeira do cara.
O punk - em meio aos abraços de consolo pela morte de seu amigo - foi até um tambor de lixo e jogou o rato. Outros vieram e pegaram-no, olhavam e o jogaram de novo. Não me contive e fui conversar com o cara sobre o ocorrido. Ele me contou que durante a "dança", o rato escorregou de suas mãos e caiu no meio da muvuca e o rato foi pisoteado pelos punks. Triste não?! Imagine o desespero do Mickey sendo pisoteado por aquele monte de coturno!
Disse ainda que o rato era novo. "Um filhote", segundo ele. E que tinha o bicho há quatro meses. Fiz cara de tristeza em respeito à morte do amiguinho dele. Mas, internamente, eu não acreditada naquilo tudo.
Então, um colega avisou a turma do Asteróide sobre a presença do bichano no lixo (a cara da moça do bar foi impagável). Quando eles tiraram o lixo, porém, não o encontraram. Detalhe: a menina punk que tinha feito toda cena de histeria lá fora, já tinha retirado o corpo do Mickey e estava com o bicho morto no bolso da jaqueta e dançava no meio do salão. Como eu sei? Porque só o rabo do rato ficava pra fora do bolso, enquanto eles dançavam ali...
Vai entender. Até agora, nem eu entendi. Só sei que essa história maluca não vai ser esquecida nunca mais. O punk perdeu o amigo, a menina punk perdeu o medo e, para mim, aquele foi o dia em que o rato morreu no show do Ratos.
segunda-feira, setembro 20, 2010
Cientista quer revolucionar tratamento de diabetes com pâncreas artificial
revolucionar o tratamento do diabetes, já que permitiria acabar com as
injeções diárias que os diabéticos precisam para controlar os níveis
de glicose.
O pâncreas artificial, que ainda sendo está submetido a exames
pré-clínicos, foi criado pela professora Joan Taylor, da Universidade
de Montfort, em Leicester (Inglaterra).
A insulina produzida por pessoas com diabetes não consegue regular os
níveis de açúcar, o que provoca sérias complicações para o organismo.
Algumas pessoas que têm a doença sequer produzem o hormônio.
O órgão artificial, segundo informação do jornal britânico "The
Times", tem uma carcaça de metal que é mantida em seu lugar por uma
barreira de gel, e responde aos níveis de açúcar no sangue, já que
gera insulina quando é necessário.
O órgão poderia ser implantado entre a última costela e o quadril e
recheado de insulina a cada poucas semanas.
"Acredito que podia utilizar certa proteína (que não especifica) para
criar um gel que pudesse reagir à glicose. Quando é exposto aos
fluidos do corpo ao redor dos órgãos internos, o gel reage de acordo
com a quantidade de glicose presente", explicou a cientista.
"Os altos níveis fazem com que o gel se abrande e libere insulina na
corrente sangüínea", acrescentou.
Segundo o "The Times", se os testes forem bem-sucedidos, o pâncreas
artificial seria uma solução simples e barata para os diabéticos.
A cientista disse que o órgão não tem pilhas e não seria visível na
superfície da pele. Taylor e sua equipe de colaboradores acreditam que
vão passar com sucesso pelos testes clínicos nos próximos anos e, caso
tenha bons resultados, o órgão artificial estaria disponível dentro de
entre cinco e dez anos.
sábado, setembro 18, 2010
O jornalismo "preguiçoso"
Participei do programa do Observatório na TV, na terça-feira (14/9), e, enquanto debatíamos o tema Jornalismo sem Jornalistas, o telespectador Valtencir, do Pará, perguntou se os profissionais não estavam ficando mais preguiçosos em matéria de produção de informações.
A pergunta, aparentemente, estava apoiada na percepção de que a avalancha informativa provocada pela internet tornou muito mais fácil o acesso às notícias, o que estaria provocando uma burocratização da reportagem e o fato de ninguémgastar mais sola de sapato para investigar denúncias ou fatos novos.
A observação do telespectador paraense é importante porque ela nos leva a dois fenômenos que precisam ser mais discutidos. O primeiro é o de que os repórteres não saem mais às ruas, não "gastam mais solas de sapato". E o segundo é a mudança de ênfases na produção de informações jornalísticas.
É fato que há proporcionalmente muito menos jornalistas nas ruas do que antes da era da internet. As razões são o enxugamento das redações pelos cortes orçamentários realizados pelas indústrias da comunicação e a presença cada vez maior dos informantes autônomos ou cidadãos que praticam atos jornalísticos, sem no entanto serem profissionais da notícia.
sexta-feira, setembro 17, 2010
A ameaça do neo-obscurantismo à ciência
Em junho de 2008, cerca de 100 pessoas ligadas à Via Campesina invadiram e destruíram a Estação Experimental de Cana-de-Açúcar, de Carpina, a cerca de 60 quilômetros do Recife (PE). Vinculada à Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), a Estação era usada para pesquisas de melhoramento genético da cana-de-açúcar. Sua destruição, feita como um ato de repúdio à monocultura da cana-de-açúcar no estado, interrompeu várias pesquisas em nível de mestrado e doutorado.
O caso foi citado como um dos exemplos das facetas do neo-obscurantismo. O assunto foi discutido em uma mesa-redonda durante a Reunião Regional da SBPC no Recôncavo da Bahia, que termina nesta sexta-feira em Cruz das Almas (BA).
quinta-feira, setembro 16, 2010
HC abre vagas para tratamento da doença dos 'ossos de vidro'
O Instituto de Ortopedia do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) está com seu ambulatório aberto para tratar novos casos de osteogênese imperfeita, também conhecida como "ossos de vidro".
A osteogênese imperfeita é uma doença rara e hereditária. Mesmo sem ter cura, a doença, quando bem tratada, permite ao portador levar uma vida sem privações importantes.
O Ambulatório de Osteogênese Imperfeita do HC está recebendo pacientes entre 3 e 17 anos, de ambos os sexos. O portador de osteogênese imperfeita (ou seu representante legal) deve comparecer ao Instituto de Ortopedia e Traumatologia do HC, de segunda à sexta-feira, das 7 às 16 horas, para agendar a consulta, munido de documentos pessoais e encaminhamento médico com diagnóstico.
Com informações da Assessoria de Comunicação do HC
Mais informações: (11) 3069-6943